a nossa crítica ao BrunchVilla: o bom, o mau e o óptimo

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    Cheguei ao BrunchVilla ao meio-dia. À entrada, a chuva alagava toda a entrada para o evento. A primeira coisa que vi foram homens a correr desesperadamente com baldes na mão, sem saberem bem o que fazer. Arrisquei e entrei. Lá dentro, a água escorria do telhado tipo cataratas do Niagara. Uma poça gigante no chão parecia a Lagoa de Albufeira. A sala estava totalmente vazia. Só se viam cartazes a dizer BrunchVilla e Casal Mistério e os cozinheiros e funcionários parados. 

    No primeiro canto, vi o Chef Kiko com um ar de piedade a olhar para mim como se estivesse a ver o Bruno de Carvalho a caminho da cadeia. Ao seu lado, o gerente da Tartine gritava desesperado:

    – Mas que loucura! Onde é que nos fomos meter?! Isto é uma irresponsabilidade!

    De repente, escorreguei na gigantesca poça de chuva e caí desamparado no chão.

     

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    Durante dias, foram assim as minhas visitas ao BrunchVilla. Depois acordava atordoado, com suores frios e o coração a saltar.

    Mas isto foi apenas o meu pesadelo recorrente ao longo destas semanas, o pior foi quando na sexta-feira olhei para a previsão meteorológica e vi que o país ia entrar em aviso amarelo, com chuvas torrenciais e risco de cheias.

    No sábado, vesti o meu Kispo de 1982, as minhas galochas de borracha, o meu chapéu à Marcelo Rebelo de Sousa e rumei ao armazém onde serão construídos os Prateato Design Lofts, em Marvila, para fazer a crítica mistério do brunch do dilúvio.

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    Como nenhuma das pessoas da organização me conhecia, não tive problemas em chegar à porta e dar o meu cartão de cidadão para levantar o bilhete que, na quinta-feira, tinha comprado através da Ticketline. Por precaução, fui sozinho com uma Mini-Misteriosa adolescente para não levantar suspeitas. 

    O rapaz que estava à frente da caixa ainda olhou para a minha filha com um ar semi-chocado, mas faltou-lhe coragem para fazer qualquer tipo de comentário condenatório a uma relação entre um quarentão e uma adolescente. Mal passei as cortinas pretas que escondiam o interior fui recebido por um jovem casal com duas T-shirts que diziam Ele e Ela. Senti-me ligeiramente desiludido por não ter sido reencarnado por um clone do George Clooney, mas desculpei.

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    A primeira coisa que fiz foi olhar à minha volta e procurar o olhar piedoso do Chef Kiko perante a catástrofe do evento. Mas não. O homem estava atrás do balcão, de camisa de manga curta (na rua estavam 11º C) e um ar esbaforido a servir menus de brunch a uma fila que fazia um L. Ao lado, à frente do balcão do Local – Your Healthy Kitchen, duas filas acumulavam-se à espera de ser servidos. Do outro lado, a Tartine tirava ovos benedict como se fosse uma catapulta, o Choupana Caffe distribuía panquecas sem parar e o Café com Calma estava cercado por pessoas famintas por brunch. Os clientes espalhavam-se pelas mesas e pelos restaurantes, conversavam, sorriam, estavam felizes. A catástrofe da sala vazia tinha sido substituída pelas falhas da sala cheia.

    Depois da adesão do turno das 10h e de terem esgotado os turnos das 12h e das 14h, alguns dos pratos acabaram em alguns restaurantes. A partir das 14h, houve restaurantes que tiveram de mandar vir reforços das respectivas cozinhas e fazer acertos e substituições nos menus. No turno das 16h, como havia muito menos bilhetes vendidos do que de manhã e à hora do almoço, conseguiu-se fazer alguns acertos e correcções, mas houve falhas nas ementas.

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    No dia seguinte, os restaurantes fizeram reforços nas quantidades produzidas. O problema é que o dilúvio que caiu em Lisboa não impediu que 1.300 pessoas fossem até Marvila para tomar um brunch. E o cenário repetiu-se: uma maravilha de manhã, algumas falhas nos menus à tarde.

    Apesar destes problemas, que o Casal Mistério seguramente não perdoaria noutros restaurantes, recebemos mais de 100 mensagens de pessoas a darem os parabéns pelo evento. As que foram de manhã acharam tudo perfeito, as que foram de tarde pediam para reforçarmos as quantidades da próxima vez. 

    No total, foram 2.500 pessoas que visitaram o BrunchVilla ao longo de dois dias. E ficámos por esses números porque resolvemos limitar o número de acessos e dividi-los por turnos, na semana antes do evento. Numa sala com 560 lugares sentados, vendemos apenas 400 entradas a cada duas horas. Tudo para que a sua experiência fosse a melhor possível: sem filas, sem esperas para encontrar mesa, sem horas a aguardar pela sua comida, sem rupturas de stock.

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    Nem tudo foi perfeito, mas foi muito melhor do que nós alguma vez esperámos. Primeiro, o ambiente maravilhoso criado pelos nossos fantásticos leitores. Os grupos de amigos que se juntaram, as famílias que trouxeram os filhos para pintar as paredes do armazém, as pessoas de todas as idades e de todo o país que se juntaram em Marvila para experimentar as loucuras deste casal.

    Depois, a fantástica comida: o fabuloso tataki de espadarte rosa do Asiático, o espectacular húmus de beterraba do Café com Calma, as deliciosas panquecas cor-de-rosa do Local, os incríveis ovos benedict da Tartine, as inacreditáveis french toasts do Choupana Caffe ou todas as outras maravilhas que provei.

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    Finalmente, os viciantes cantinhos. No sábado, experimentei o delicioso espumante Esporão bruto, no domingo optei pela fantástica dunkel da Super Bock Selecção 1927. A minha querida Mini-Misteriosa bebeu um óptimo cappuccino da Nescafé Dolce Gusto e ainda conseguiu ir provar a nossa receita de chá gelado recriada pela Lipton de propósito para o BrunchVilla. 

    De sobremesa, ainda comi a tarte de caramelo salgado da Nós É Mais Bolos, os gelados de avelã, morango e chocolate da Nannarella, o salame de alfarroba do Café com Calma e a tapioca cremosa com maracujá do Asiático – sim, eu sou capaz de comer mais do que uma sobremesa por refeição.

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    Mas aquilo que mais encantado me deixou não foi a comida nem as bebidas ou o ambiente. Foi a Sandra. A Sandra veio com a família de Braga, de propósito para o BrunchVilla. Saiu de casa no sábado, às 15h, debaixo de um temporal, para estar em Lisboa, no domingo, às 12h. No final, mandou-nos uma inesquecível mensagem a agradecer o evento, com uma fantástica sessão de fotografias que tirou de tudo e com um elogio ao delicioso brunch que comeu no Asiático.

    Para mim, bastava-me a Sandra para fazer mais uma edição do BrunchVilla. Desta vez, sem rupturas de stock.

     

    O bom 

    O incrível ambiente familiar dentro do BrunchVilla

    O mau 

    Terem acabado alguns itens em alguns menus

    O óptimo 

    A inacreditável simpatia e adesão dos nossos leitores

     

    Muito obrigado a si onde quer que esteja,

    Ele

     

    fotos: casal mistério

     

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