a prova cega que faltava: josé avillez juntou-se a uma criança de 10 anos para eleger o melhor bolo-rei de lisboa

    É a final mais aguardada do ano, o tira-teimas da década, o combate do milénio. É a verdadeira Liga dos Campeões dos bolos-reis.

    A apenas uma semana do Natal, o Casal Mistério organizou a prova por que todo o mundo ocidental aguardava, só para responder a uma das perguntas que acompanha gerações e gerações de famílias portuguesas: onde está o melhor bolo-rei?

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    A resposta não é fácil, por isso foi necessário juntar os maiores e mais exigentes especialistas mundiais no assunto. No canto esquerdo, com duas estrelas Michelin ao peito e uma cadeia de restaurantes de impor respeito a qualquer Alain Ducasse da vida, está José Avillez.

    No canto direito, com 10 anos de vida a comer doces diariamente e outros tantos a deplorar bolo-rei, está Marta Leite.

    Foram eles que avaliaram para o Casal Mistério o melhor bolo-rei de Lisboa, numa prova cega do mais rigoroso que este país já conheceu. Este campeonato começou com a selecção dos cinco finalistas que estiveram à prova. Durante semanas, a Família Mistério andou a empanturrar-se com bolos-reis para seleccionar os cinco melhores de Lisboa. Foram chamados a votar o Casal e os quatro herdeiros que formam a nossa mini-equipa de futsal. Os escolhidos foram:

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    Aloma, Campo de Ourique 

    €14,18

    Tem aquele que foi várias vezes eleito o melhor pastel de Nata de Lisboa e é considerada uma das referências na doçaria da cidade. Aberta desde 1943, a Aloma faz um famosíssimo e original bolo-rei de chocolate. No entanto, o seu bolo-rei tradicional também faz um sucesso entre os clientes. Foi este que esteve à prova no concurso do Casal Mistério.

     

    Confeitaria Nacional, Praça da Figueira 

    €18,95

    Fundada em 1829, foi considerada pela CNN uma das oito melhores pastelarias da Europa. Terá sido o primeiro local a vender bolo-rei em Portugal. Vários especialistas, como Miguel Esteves Cardoso, garantem que é aqui que está o melhor bolo-rei do país.

     

    Garrett, Estoril

    €28,10

    É uma das mais tradicionais pastelarias dos arredores de Lisboa. Inaugurada em 1934, é conhecida pelos seus bolos, em particular o bolo-rei que se tornou um sucesso tão grande que é produzido aqui durante todo o ano. Na véspera de Natal, a fila para comprar este bolo estende-se por dezenas de metros ao longo de toda a rua.

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    O Careca, Restelo 

    €18,50

    Dos croissants do Careca já se ouve falar há décadas. Do bolo-rei começou a falar-se especialmente em 2013 quando a revista Time Out organizou uma prova de nove bolos entre os clientes do seu quiosque e o Careca saiu como o grande vencedor, derrotando adversários de peso como a Confeitaria Nacional ou a Garrett.

     

    Versailles, Avenida da República 

    €21,60

    Em 1933, os jornais já falavam do bolo-rei da Versailles – na época foi notícia o bolo de 200 quilos e 2 metros de diâmetro que a pastelaria ofereceu ao asilo de crianças Nuno Álvares, em Belém. Noventa anos depois, o bolo-rei da Versailles continua a ser um dos mais procurados de Lisboa. Sempre que há uma eleição de bolos-reis, ele está entre os finalistas.

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    A decisão final foi tomada no dia da prova cega, organizada com todos os cuidados que o anonimato exige. É claro que nós não aparecemos nem contactámos directamente ninguém. A produção foi coordenada pela Joana Herédia e a decoração do espaço ficou a cargo do atelier Francisca Lima Mayer – Design. Os bolos tinham todos cerca de 1 kg e foram feitos no próprio dia. Pouco antes de os jurados começarem, os cartões identificativos de cada bolo foram retirados. E a prova foi feita totalmente às cegas.

    José Avillez apalpou, cheirou, provou; Marta experimentou, estranhou e odiou – especialmente as frutas cristalizadas.

    No final, não houve um vencedor – houve dois. 

    O chef do Belcanto elegeu o bolo-rei da Garrett, no Estoril, pela textura, pelo sabor, pelas frutas cristalizadas e pela quantidade de frutos secos. A Marta preferiu o famosíssimo bolo da Confeitaria Nacional, que dispensa as frutas cristalizadas verdes fluorescentes que ela acredita terem saído directamente da boca do Shrek para a mesa. Além disso, o bolo da Confeitaria Nacional é mais alto e com mais massa do que os seus adversários, o que deixou a Marta visivelmente satisfeita.

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    Cá em casa o nosso voto vai direitinho para o bolo da Garrett. Além de ser mais fininho do que o habitual e de ter a massa mais macia que provámos, não exagera na quantidade de açúcar colocada por cima nem nas frutas cristalizadas, claramente mais discretas do que, por exemplo, as do bolo da Versailles ou da Aloma. Além disso, leva uma quantidade de frutos secos que nos deixa a babar durante uma tarde inteira, especialmente as amêndoas laminadas, tostadas e crocantes colocadas por cima.

    Agora, cabe-lhe a si tirar todas as dúvidas. E responder à pergunta que se impõe: Qual é o seu bolo-rei preferido? O que foi escolhido por José Avillez ou a eleição da Marta? Vote em baixo e traga os miúdos para votarem também. No dia 26 de Dezembro anunciamos o grande vencedor.

     

     

     

    Um óptimo bolo-rei para si onde quer que esteja,

    Ele

     

    coordenação e produção: joana herédia

    imagem, som e edição: antinome

    decoração: francisca lima mayer-design

    agradecimentos: isabel e miguel almeida; rita lage

    7 comentários em “a prova cega que faltava: josé avillez juntou-se a uma criança de 10 anos para eleger o melhor bolo-rei de lisboa

    1. O da Versailles já custa mais caro! Fui lá hoje e não era esse o preço! E o Rainha, ainda mais! Mas ainda não provei não percebo esta disparidade de preços!

    2. Bom post. Fui buscar à garrett um bolo-rei com 1,7 kg e um bolo rainha com cerca de 1kg e paguei 40€ pelo bolo rei e 19€ pelo rainha. Quer me parecer que inflacionam demasiado os bolos… não??!! Nunca provei nenhum mas estou com muitas expectativas! 😊

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