douro in, um restaurante com uma vista deslumbrante sobre o rio

    – Tou?

    – Estou, boa noite.

    – Tou, então, tudo bem?

    – … Hmm, peço desculpa por estar a incomodar, fala do restaurante Douro In?

    – Ah, sim, restaurante Douro In, boa noite.

    [É nesta altura da conversa que eu percebo que, das duas uma: ou o empregado me vai cumprimentar à chegada com um beijo na testa, ou então não está habituado a atender clientes…]

    – Boa noite [pela segunda vez], eu queria fazer uma reserva para esta noite.

    – Sim, sim.

    – Somos quatro pessoas e queria perguntar-lhe se ainda tem uma mesa ao pé da janela.

    – Claro que sim.

    O ambiente

    Uma hora e meia depois, estávamos nós e um casal amigo a chegar a um dos restaurantes mais bem localizados do Douro. Mesmo em cima da marginal, tem janelas do tecto ao chão e uma vista fantástica. Parámos o carro, entrámos, olhámos para os lados e tivemos a resposta à nossa dúvida inicial: em todo o restaurante, estavam cinco pessoas – nós os quatro e uma empregada. Tirando o constrangimento de ter à nossa volta, durante duas horas, alguém que só tem uma coisa em que pensar – nós -, o espaço é surpreendente: mistura detalhes tradicionais, como as paredes em pedra, com mesas e cadeiras sofisticadas, da autoria de Philippe Starck. É claro que ainda não estamos ao nível do Hotel Mama Shelter, em Bordéus, mas, já que não podemos ter um projecto Philippe Starck, ao menos que tenhamos cadeiras Philippe Starck.

    O serviço

    Não sei se foi por sermos os únicos, mas a empregada conseguiu ser extremamente simpática, incrivelmente prestável, esforçadamente rápida e desesperadamente ausente enquanto estivemos a comer – e olhe que num restaurante vazio não é fácil aparecer apenas quando precisamos de a chamar. Tudo isto num dia de semana e com a sala deserta, quando a perspectiva de ir para casa mais cedo estava ali tão perto… 

    A ementa

    Presumo que queira começar pelas boas notícias, certo? Calculei… Então aqui vai: a garrafeira é imensa e a oferta de vinhos a copo é enorme, o que é sempre uma boa opção para quem está em crise ou vai a guiar. Nós, que acumulávamos essas duas fantásticas condições, resolvemos deixar-nos de cerimónias e mandar vir uma garrafa de Corpus 2008 tinto muito bom.

    Agora, passamos às notícias razoáveis: a comida. Pedimos de entrada uns óptimos míscaros salteados, produzidos de forma biológica numa quinta particular, e um carpaccio de salpicão transmontano com azeite e flor de sal… sofrível. Os pratos principais não surpreenderam: eu escolhi um tornedó três pimentas que estava bem cozinhado, mal passado – o que, neste caso, é bom -, mas trazia um molho um bocadinho intenso demais. As outras três almas à mesa partilharam um bife banalíssimo e um risottto de brócolos e legumes grelhados que cumpria. Para acabar, é preciso manter a tradição no Douro, que é o mesmo que dizer: uma tábua de queijos e um vinho do Porto.

    Finalmente, as más notícias: entre pratos partilhados e apenas uma garrafa de vinho, pagámos 125 euros. Se Pedro Passos Coelho sabe disto…

     

    O Óptimo – a decoração

    O Bom – o serviço

    O Mau – o carpaccio de salpicão transmontano com azeite e flor de sal

    O Péssimo – a conta

    Um bom fim-de-semana para si, especialmente se o for passar ao Douro,

    Ele

    5 comentários em “douro in, um restaurante com uma vista deslumbrante sobre o rio

    1. Estive lá em Setembro, a convite de uns amigos e a minha opinião é mais ou menos essa: excelente decoração.
      Achei que a sala era muito escura mas é com certeza um problema meu que gosto de ver o que como.
      Para um restaurante com aqueles preços, das duas uma, ou melhoram a comida, ou melhoram a comida.

    2. Entre os quatro não fomos muito criativos nas escolhas. Entradas para todos: os cogumelos salteados (com alho a mais na opinião geral) e nos pratos principais eu: Lombo de vitela com queijo chèvre gratinado e risotto de espargos e os outros: Magret de pato ao molho de laranja e mel com batata gratinada.
      O lombo de vitela era super saboroso mas o sabor excessivamente acentuado do chèvre deitou muito a perder.
      O pato parecia uma sobremesa porque abusaram do mel.
      E foi isto 🙂

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