fomos ao novo oui, moules & huîtres e adorámos (além de termos comido ostras a €1,50)

    Quando eu entro num restaurante e vejo que a ementa é feita de ostras, mexilhões e vieiras, tenho a mesma sensação de satisfação súbita que percorre a espinha do Vítor Gaspar quando entra numa sala e tem à sua frente o FMI, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu. O prazer que Gaspar tem com a troika da austeridade eu tenho com a troika do marisco. E posso garantir que a minha troika é muito mais saborosa para mim e muito menos inofensiva para si.

    Agora imagine o que senti ao entrar num restaurante que se chama Oui, Moules & Huîtres.

     

    O ambiente 

    Não espere nada de muito sofisticado. O Oui é um bistrot, uma pequena tasca francesa onde se petisca e se bebe a preços altamente razoáveis. A decoração é básica, um bocadinho retro, anos 50/60, e faz lembrar o estilo típico dos bistrots parisienses: chão de mosaicos, cadeiras de madeira (um pouco desconfortáveis), mesas com tampos de pedra, individuais de papel (mas um papel pardo com estilo), paredes verdes, vidros foscos. 

    Inaugurado em Maio passado, o Oui herdou o espaço de uma antiga loja de cofres e manteve o chão e as paredes originais. Debaixo das escadas ficou até um enorme cofre embutido na parede que ninguém consegue abrir (mais um piscar de olho ao Vítor Gaspar).

    A única coisa que destoa em todo este estilo com muito cachet são dois remos e uma bóia de salvamento pendurados na parede. Há que decidir: ou é um bistrot ou é uma marisqueira…

    A ementa 

    Não há dúvida de que é um bistrot. Não só pela forma típica como os mariscos são cozinhados, mas também pelos preços. 

    O couvert

    O pão branco tipo chapata (€0,70) vem para a mesa quente e estaladiço, o que dá logo vontade de o encher com três toneladas de manteiga (€0,80) até derreter. Ao lado vêm também dois patês (€0,80): um de salmão e outro de sardinha. No entanto, são patês de conserva: o dono do restaurante é também dono de uma fábrica de conservas no Algarve.

    Os pratos

    Para mim, ostras são ao natural, com umas gotas de limão e mais nada. Aqui começámos por provar duas óptimas ostras da Ria Formosa (€1,50 cada) ao natural, mas a seguir cedi à sugestão do empregado e experimentei umas ostras gratinadas com queijo da ilha (€7,50 por 4). Estavam deliciosas. O sabor a mar da ostra juntamente com o salgado do queijo é uma união maravilhosa.

    Como um bistrot é um restaurante de petiscos, continuámos a dividir. Pedimos uma vieira gratinada (€5,00) e outra salteada com ervas de provence (€5,00). Ambas estavam magníficas. Tanto as vieiras, como as ostras e os mexilhões são produzidos em mar aberto na ilha da Armona, no Algarve.

    Para acabar, vieram uns mexilhões à la crème (500 gramas por €8,00) muitíssimo bons e acompanhados por umas razoáveis batatas fritas em palitos. Ainda tínhamos pensado terminar com um pica pau do lombo, mas estávamos tão cheios que desistimos.

    As bebidas

    Conhece algum restaurante que venda uma garrafa de champanhe por €22,50? Eu conheço. O Oui. E como pode ter visto pelos preços acima, este é só mais um exemplo de que aqui se come lindamente e baratamente. Como Ela prefere vinho branco a champanhe, eu pedi uma flute de Laurent-Perrier (€4,50) para começar e depois bebi uma óptima cerveja belga Affligem (€3,00).

    A sobremesa

    Todos os dias as sobremesas variam. E no dia em que lá fomos havia uma torta de laranja e um bolo de chocolate. Eu preferia a torta; Ela, o bolo. Como qualquer chefe de família moderno, foi Ela que decidiu. Mais uma vez. Eu não gostei particularmente do bolo (achei que sabia a chocolate em pó), mas Ela gostou.

     

    O serviço 

    Não é um serviço simpático. É um serviço muito simpático. Além de ter muitos empregados, estes são atenciosos, pacientes e preocupados com os clientes. Para mais, o dono está sempre na sala, atento ao que se está a passar e, quando vê que falta alguma coisa, abre os olhos com um ar semi-assustador para chamar a atenção do empregado. A verdade é que foi um serviço perfeito.

     

    As crianças 

    É difícil ter um menu infantil num restaurante destes, em pleno Chiado, com bares por todos os lados. Mas se for lá durante o dia, leve os miúdos e explique-lhes a história desta rua. Onde agora há estrada, antes havia o convento da Trindade. Com o terramoto de 1755, o convento ficou rasgado ao meio e foi assim que nasceu a Rua Nova da Trindade. De um lado da rua ficou a cozinha do convento, onde agora é a cervejaria Trindade; do outro ficaram os claustros.

    No final, saímos com uma conta de 25 euros por pessoa e com uma certeza: é um sítio para voltar. Se calhar, com a nossa equipa de futsal.

     

    Um abraço para todas as ostras e mexilhões onde quer eles estejam,

    Ele

     

    O Casal Mistério é colaborador habitual do site Lifecooler

     

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