€5? Será que ouviu bem? Ouviu lindamente. Mas como o assunto é delicado, vou repetir por extenso, como se faz nos cheques: cinco euros e zero cêntimos. O Secret Bar, o novo bar de gin que abriu há uns dias em São João do Estoril, é um sério candidato ao grande prémio do gin premium mais barato. Nós, como é evidente, já lá fomos. E provámos…
…Os gins
Só para lhe abrir o apetite: Martin Miller’s com casca de limão, bagas de zimbro e água tónica Scweppes premium por cinco euros; Hendrick’s com rodela de pepino e água tónica Schweppes premium por sete euros; Monkey 47 com bagas de zimbro e água tónica Schweppes premium por nove euros.
É claro que há aqui uma repetição ligeiramente inquietante: a água tónica é sempre Schweppes premium. Infelizmente, Fever Tree é coisa que não consta aqui (rima e é verdade) e a variedade de gins também não é muito grande (no dia em que lá fomos, só tinham seis marcas). Mas não se pode querer um bar barato e perfeito. O máximo que podemos pedir é um bar barato e bom. E isso encontra aqui. Especialmente no cuidado colocado na preparação dos gins.
Se há coisa que me deixa à beira de uma apoplexia nervosa é a displicência com que alguns empregados de bares supostamente especializados em gin servem a água tónica: pegam na colher torcida só para dizer que sim e servem a tónica directamente para o copo quase sem tocar na colher. Vamos lá ver: é suposto a água tónica só entrar no copo depois de tocar na colher para evitar que perca o gás. Se é para servir directamente, não vale a pena segurar na colher.
Graças a Nosso Senhor Jesus Cristo, os empregados do Secret Bar sabem o que estão a fazer. E não é só na forma como despejam a água tónica. Eu pedi um Brockman’s com morango e hortelã (€9) e tudo foi feito com carinho: os morangos cortados na altura, as folhas de hortelã cuidadosamente preparadas e a tónica bem deitada para o copo. Ela pediu um G Vine com uvas e aromatização de laranja (€8) e também teve direito a uma bebida caprichada: uvas cortadas no momento e a casca de laranja queimada com um isqueiro por cima do copo para libertar o aroma lá para dentro.
Escusado será dizer que os gins estavam óptimos e…
…O serviço…
…empenhado. Além de serem simpáticos, os empregado falam de gin com paixão. Eu assisti mesmo a uma conversa de um deles com um grupo de clientes em que explicava quais os melhores gins:
– Para mim, o Monkey 47 é o melhor gin. O Brockman’s também é bom, mas esse é mais para senhoras.
Como é que é: Brockman’s, senhoras, eu? Enquanto eu bebericava envergonhadamente o meu Brockman’s, ouvia-o empolgadamente a repetir a teoria da masculinidade gin-tónica:
– Eu gosto, mas é mais para senhoras. Tem aroma a mirtilos…
Oh, meu Deus, eu também gosto de mirtilos, serei hermafrodita?!
O ambiente
O espaço fica num sítio simpático junto à marginal, mas tem poucas janelas. No andar de baixo, onde está o bar, há algumas mesas, cadeiras e bancos semi-confortáveis. Na mezzanine, nas águas furtadas, tem duas janelas de onde consegue ver o mar e dois convidativos sofás. Faltam talvez alguns recantos mais acolhedores mas, para um bar que abriu há uns dias, é normal que ainda seja preciso acertar pormenores de decoração.
Por mim, estou rendido. Afinal, Martins Miller’s a cinco euros e Monkey 47 a nove euros não é coisa fácil de encontrar por aí.
Um bom gin tónico para si onde quer que esteja,
Ele
As escolhas de gin parecem interessantes, fiquei com vontade de experimentar 🙂