o sushi não chegou, os sumos eram de pacote e os ovos estavam frios: a desilusão de um brunch de 25 euros

    10609660_644692288965641_551510017295435107_n.jpg

    – Peço desculpa, o sumo é natural?

    – Não. É Compal.

    Podia ser um óptimo anúncio da marca, mas infelizmente foi só o nosso brunch de domingo no Olivier Avenida. É claro que não tenho nada contra o sumo Compal, mas num brunch onde se paga 25 euros por pessoa digamos que não viria mal nenhum ao mundo se tivessem guardado uns minutinhos da sua manhã para espremer umas laranjas. Ou para aquecer umas panquecas. Ou para fazer mais umas pecinhas de sushi. Mas já lá vamos. Antes, há que esclarecer a Humanidade sobre a dúvida mais premente quando se fala do chef Olivier…

     

    1557447_759533980814804_6577377185387483996_n.jpg

    O ambiente

    …Não, o restaurante não está cheio de angolanos milionários a refastelarem-se à frente de lagostas popozudas. Nem de mulheres que se esqueceram da roupa em casa. Pelo menos à hora do brunch, o ambiente no Olivier Avenida é igual ao de qualquer outro restaurante da moda: uma mesa com duas amigas candidatas a modelo que fotografavam mais pratos do que nós (talvez com a diferença de, em vez de panquecas, comerem fruta), um casal fashion com a filha adolescente também agarrada ao telemóvel, três gerações de uma família a festejarem mais um domingo em conjunto, vários casais com filhos pequenos e uma família numerosa a fazer perguntas inconvenientes sobre a proveniência dos sumos – ou seja, nós.

    10649596_630788180356052_7889752716038184663_n.jpg

    Há algum tempo que estávamos a estudar qual o único restaurante de Olivier que se enquadrava no nosso modesto orçamento mensal. E entre os 120 euros por um T-Bone no K.O.B. e os 25 euros por um brunch no Avenida, resolvemos optar pelo brunch – se bem que, com adultos e crianças incluídas, a conta ultrapassou confortavelmente os 100 euros.

    O espaço é confortável e alterna cadeiras onde se pode sentar com sofás onde se pode refastelar. É claro que eu me refastelei ao lado da minha querida Mulher Mistério enquanto as crianças se digladiavam pelos dois outros lugares de sofá. A decoração é num estilo demasiado milionário russo para o meu gosto: dourados, lustres e veludos não faltam. O que falta – e deixou a minha querida Mulher Mistério à beira da apoplexia nervosa – são guardanapos de pano. Convenhamos que dos 25 euros por pessoa podia-se ter guardado um cêntimo para ligar a máquina de lavar roupa e não precisar de servir guardanapos de papel.

    532198_298747533560120_1329402254_n.jpg

    O sushi

    Voltemos então ao sushi. O que foi colocado na mesa do buffet foram quatro pratos: dois de sushi e dois de sashimi. O sushi dividia-se entre niguiris (muitos e muito desinteressantes) e rolinhos com salmão e camarão ou com salmão e queijo creme e que eram feitos com peixe fresco e ingredientes bem equilibrados. O sashimi era de salmão e dourada e vinha salpicado com cebolinho e sementes, o que dava um toque maravilhoso ao peixe fresquíssimo.

    Além disso, havia ainda um salmão marinado fantástico. O problema é que “havia” é provavelmente a palavra mais adequada quando se fala do sushi neste buffet, porque os pratos de sashimi colocados na mesa, por exemplo, não chegam para uma dose individual. E antes sequer de eu conseguir levantar a zona lombar do sofá já se tinham evaporado do horizonte. O que sobrava, normalmente, eram os niguiris que eu sinceramente dispenso e um ou outro hosomaki menos tentador. As crianças ainda me conseguiram desviar cinco peças niguiri-free que eu saboreei como se fosse a última Coca-Cola do deserto.

    IMG_4573.jpg

    O buffet

    Além do japonês, que vem do Yakuza, outro restaurante de Olivier, o buffet tinha uma quantidade grande mas pouco surpreendente de comida. Havia tábuas de queijos, de presuntos e de charcutaria, pão de cereais ou de mistura, croissants, vários doces, mel, fruta fresca (laranja, manga, abacaxi, meloa, banana e salada de fruta), iogurte, sementes de linhaça, girassol ou goji, leite de vaca, de soja ou de arroz, panquecas, ovos, bacon, salsichas, cogumelos, um prato de lombos de salmão com molho thai, farfalle com espinafres, arroz de cenoura, sopa do dia, bolos, doces e três tipos de sumos diferentes – os tais, da Compal.

    1467493_437837956317743_852293743_n.jpg

    Como a mim não me entusiasmam muito as sopas e os farfalles, entreguei-me aos ovos e às panquecas. Os ovos mexidos estavam bons e molhados, mas com um sabor ligeiramente adocicado, o bacon estava grosso demais para aquilo que eu gosto e os ovos escalfados vinham com a gema líquida e bem cozinhada, mas frios, o que pode ser dramático para quem não quer comer uma gemada.

    531772_304792522955621_167114510_n.jpg

    A seguir experimentei as panquecas que também estavam frias e acompanhavam com um molho de chocolate com leite que de quente não tinha nada. Salvava-se um queijo fresco temperado com cebolinho que era saboroso e as sobremesas onde fiquei rendido a umas bolas de Berlim recheadas com doce de leite e polvilhadas com açúcar em pó por cima. De resto, a mousse de maracujá era boa e ácida, o tiramisú não era mau e a mousse de chocolate preto e branco estava longe de merecer qualquer elogio. 

    Se quiser café expresso, tem de pagar à parte (€1) e vinho e bebidas alcoólicas também.

    IMG_4567.jpg

    O serviço

    Para nosso azar, o empregado escolheu o topo do sofá onde nos sentámos para empilhar os pratos que ia recolhendo das várias mesas, o que deixava uma proximidade desnecessária entre a minha farta cabeleira e os restos da panqueca da senhora do lado. No entanto, foi sempre simpático e rápido a servir. Só no momento de trazer a conta é que demorou mais de dez minutos.

    547055_298747236893483_1948164141_n.jpg

    As crianças

    Até aos 4 anos, não pagam. Dos 4 aos 12, pagam €12,50. E, a partir dos 12, pagam €25. Em qualquer dos casos, é sempre dinheiro a mais para a quantidade de sushi de que me consegui aproximar.

     

    O bom

    O sashimi de salmão e de dourada

    O mau

    As panquecas e os ovos escalfados frios

    O péssimo

    Os sumos de pacote

     

    Um óptimo brunch para si onde quer que o sushi esteja,

    Ele

     

    fotos: olivier avenida; casal mistério

     

    8 comentários em “o sushi não chegou, os sumos eram de pacote e os ovos estavam frios: a desilusão de um brunch de 25 euros

    1. Desde que me serviram salada de pacote literalmente putrificada no bar de praia do Olivier, sito na praia da falésia, e após reclamar, mandaram uma segunda, putrificada na mesma, a 20 euros (que não paguei) que decidimos cá em casa não frequentar restaurantes desse chef…

    2. Cena num restaurante do Olivier:
      “Tem vinho a copo?”
      “Temos, sim. Deixe-me ver o que tenho aberto…”

      Posto isto, desisti de voltar a qualquer um dos seus restaurantes.
      Não me interpretem mal, se me tivessem dito isto no snack bar onde almoço todos os dias, achava perfeitamente normal.
      Mas dizerem isto num restaurante onde cobram por um copo de vinho mais do que eu pago por uma garrafa inteira no supermercado (já para não falar nos preços do restante menu) parece-me, no mínimo, ridículo.

    3. Vendem ambiente e assinatura. O resto vem do supermercado.
      Deveria de condenar o Olivier ou semelhantes? Sim condeno, mas, mais condenos aos “Clientes Wannabees” que alimentam esta espéculação que prolifera cada vez mais na nossa cidade, país. Perdeu-se a vergonha a pedir dinheiro à muito. Porque há pessoas que não tem vergonha. 25 euros para beber sumo de pacote, comer um paizinho e umas fatias laminadas à lupa. Não obrigado.

    4. Bom dia !
      SE querem experimentar um bom brunch , aconselho o Brunch no Hotel Grand Real Villa Italia em Cascais. São 28€ por pessoa…. mas há toda uma variedade e qualidade que fazem por merecer mais 3€ em relação ao que experimentaram 🙂 Eu fui , e gostei. Para não falar que são todos super simpáticos e educados, e que o facto de poder comer junto à piscina, com um solinho brutal, é valorizado 😀 Beijinhs e continuem o bom trabalho 🙂

    5. Nunca tive interesse de experimentar os restaurantes deste senhor e decidi que nunca o ia mesmo fazer quando vi o próprio a responder às criticas no zomato num tom muito desapropriado e ignorante.

    6. ninguem da nada a ninguem. isto é segmentaçao dos negocios. mesmo a qualidade da comida hoje em dia na maioria dos restaurantes deixa muito a desejar, ha que dar lucro e ter um restaurante aberto convem mesmo dar lucro, entao para isso, vai-se a fornecedores de segunda linha, com menos qualidade. EU ja vi dezenas de casas a estrearem-se bem, boa qualidade, depois da casa feita, começa a cair a qualidade. Mas o cliente nao é parvo, os que sabem o que é comida topam logo. Eu nao perdoo. O olivier ja me desiludiu varias vezes, fartei-me e nao meto mais os pes la. carpaccio de polvo a saber a ranço. quando é bom é mesmo bom mas á segunda nao perdoo.

    Deixe um comentário

    O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *