petisco de fim de tarde no algarve: as óptimas ostras a 1,2 euros em cacela velha

    Aqui não vamos para ser bem atendidos, vamos para comer como em poucos outros sítios do País. Estou a falar de ostras, claro.

     

    O ambiente 

    Não espere nada de muito sofisticado. Nem nada de pouco sofisticado. Sofisticado é uma palavra que ainda não chegou à Casa da Igreja. E ainda bem. Fazem falta sítios como este – que não mudam com os anos e que mantêm o estilo claramente castiço. Aqui, os bancos são corridos, o ar condicionado é uma porta aberta para a rua e as toalhas de mesa são daquele papel meio ondulado das tascas de antigamente. Aqui, quando entramos de xanato no dedo, areia nos pés e cabelo no ar, depois de um longo dia de praia, sentimo-nos como o Príncipe Carlos a entrar no McDonald’s: claramente overdressed. O restaurante (não sei bem se lhe podemos chamar restaurante) é simples e quer manter-se simples.

     

    Existe uma sala interior, com cinco ou seis mesas, onde o calor andará perto da temperatura na Amareleja e a humidade relativa ao nível das Filipinas (durante este período de desconfinamento, não tem mesas). A alternativa é conseguir um lugar na esplanada, que dá para um simpático largo onde não passam carros, mesmo em frente à igreja de Cacela-Velha. No dia em que lá fomos, havia uma pequena banda com um acordeão a tocar na rua e umas senhoras da igreja a venderem numa esquina uns maravilhosos bolos de figo, de alfarroba, de amêndoa ou das três coisas juntas (é claro que foi a nossa sobremesa, mas já lá vamos). Infelizmente, durante a fase de desconfinamento nada disso é possível.

    O sítio é agradável, mas os bancos corridos não têm encosto e as mesas são grandes demais. Por isso tem duas hipóteses: ou vai por volta das cinco da tarde e tenta arranjar um lugar na esplanada antes de a multidão chegar ou tenta colar-se a uma mesa que esteja ocupada. Foi o que fizemos. Como íamos só quatro – os elementos mais velhos da família sub-18 ficaram em convívios adolescentes – impingimo-nos para a mesa de um simpático casal que estava sozinho e que não se importou de conviver com mais quatro almas famintas. É a vantagem do local: os empregados podem não ser uma simpatia, mas os outros clientes são.

     

    O serviço 

    Limitam-se a cumprir. Servem rapidamente e em força, não facilitam e não conversam muito. 

    A ementa 

    Não há pratos, só há petiscos. A ideia é vir comer qualquer coisa ao fim da tarde antes de se atirar para uma jantarada digna desse nome. E as ostras são obrigatórias.

    Primeiro, prove as ostras, depois prove as ostras e no fim prove as ostras. Não há comparação entre as ostras daqui ou as de qualquer outro local das redondezas. As ostras de Cacela são famosas. Mas a fama é injusta. Deveriam ser conhecidas como as ostras da igreja. Tanto no restaurante Casa Velha como na Fábrica, ali perto, o marisco é óptimo. Mas entre o óptimo e o fabuloso vai uma ligeira diferença. E aqui as ostras são fabulosas. Além de virem frescas sabem muitíssimo a mar, são grandes e suculentas. Não é exagero: sente-se claramente a diferença de sabor entre estas ostras ou as dos outros sítios. Depois, há um argumento adicional: cada ostra custa 1,2 euros. Leu bem: 1,2 euros. Por cada ostra comprada na Comporta, come três ostras aqui – e melhores!

    Além das ostras, tem amêijoas boas, camarão e cadelinhas (na época delas). Para acabar, pode pedir um chouriço assado na canoa. Mas assim já ninguém consegue jantar a seguir. A nossa sugestão é: ostras e, se tiver muita necessidade de variar, umas amêijoas ou umas cadelinhas.

    Acompanhe tudo com uma imperial muito gelada e está feito: ganhou o dia. Para sobremesa, os bolos estavam óptimos, mas durante o desconfinamento as senhoras não estão lá.

    A seguir a este lanche, levante-se e dê uma volta pelo largo da igreja: a vista para a ria Formosa é de sonho.

    O bom 

    O ambiente descontraído

    O mau 

    A dificuldade em arranjar lugar na esplanada

    O óptimo 

    As ostras

     

    Um bom petisco para si onde quer que esteja,

    Ele 

     

    3 comentários em “petisco de fim de tarde no algarve: as óptimas ostras a 1,2 euros em cacela velha

    1. As melhoras ostras mesmo, regressamos todo os anos para nos deliciarmos com as ostras. Para sobremesa vou buscar uns D. Rodrigos, tamanho gigante, ao restaurante Casa Velha por 2,50€ um achado nos tempos que correm.

    2. As melhores ostras de todo o Portugal. Os bolinhos são vendidos pelas senhoras que pertencem à Paróquia. Estão lá sempre durante o Verão.

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