roteiro de sonho na comporta, um dos 25 melhores destinos do mundo segundo o new york times

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    Quando o New York Times – essa bíblia do jornalismo de referência – decreta, nós fazemos uma vénia. E desta vez, sou obrigada a concordar em género, número e grau com esta escolha. Todos os anos, o jornal norte-americano elege os destinos a conhecer e, dos 52 locais, a “nossa” Comporta está num honroso 25º lugar.

    O New York Times chama-lhe “O anti-Algarve, a uma hora de Lisboa”. Explica que ao, contrário da região mais turística do país, a hippie-chic Comporta, uma antiga aldeia de pescadores, é uma reserva natural protegida, deliberadamente pouco desenvolvida mas repleta de europeus de topo. O jornal refere-se obviamente aos já habitués Christian Louboutin, Philip Starck e à família real do Mónaco, entre outros.

     

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    O artigo destaca o espetacular Sublime Hotel e revela que o megaprojeto da Aman Resorts caiu por terra, acabando por sugerir que as pessoas se apressem a ir antes que uma outra cadeia de luxo pegue no projeto abandonado, pondo fim ao encanto da região. Por isso, siga o conselho do New York Times e vá o quanto antes. Por que não já este fim de semana? Aqui ficam as nossas dicas para a região (sim, porque a Comporta é muito mais do que a Comporta).

     

    Onde dormir

    Sublime Hotel

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    Os 34 quartos, suites e villas são lindos, rústicos e luxuosos ao mesmo tempo, situados numa propriedade cheia de pinheiros, sobreiros e areia. O mais espetacular da Comporta é esta mistura de campo e praia, quando as árvores crescem diretamente na areia e o mar está a poucos metros de distância. Todos os quartos são espaçosos, cheios de luz e de bom gosto, em tons de branco e cinzento e com janelas a ocuparem toda a parede. Quando abre o vidro, consegue ligar o quarto ao terraço privado, o que dá a sensação de que o hotel se estende até ao campo e vice-versa.

    A piscina está no meio do pinhal e tem uns sofás com uma enorme fogueira num dos topos. À noite, o cenário é único. Saiba mais pormenores aqui.

      

    Casas na Areia

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    Desde 2010, quando este projeto do arquiteto Aires Mateus foi inaugurado, que eu massacro o meu querido Marido Mistério com as Casas na Areia. Bem que tento convencê-lo a vir para aqui passar uns dias mas ele mantém-se irredutível porque diz que é muito caro. E contra factos, não há argumentos. Na época alta, a diária são €700 para uma estadia mínima de 7 noites. Na época baixa, são só €600, para um mínimo de 3 noites! Mas permitam-me divagar um bocadinho e, talvez um dia, quando a crise for à sua vida e as melgas forem extintas da Comporta (mais depressa nos sai o Euromilhões e aí compramos uma ilha nas Caraíbas), passemos aqui uma semaninha, neste paraíso de design e natureza em estado puro…

     

    Sobreiras Country Hotel

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    O número que tem de decorar é o 25. Primeiro, porque o Sobreiras Country Hotel está em plena serra de Grândola, dentro de uma propriedade com 25 hectares de sobreiros, azinheiras e oliveiras. Depois, porque fica a apenas 25 minutos da maior extensão de praia do país e a terceira maior do mundo. Sim, estamos a falar dos 65 km de areal (na maior parte do espaço, areal virgem) que vai da península de Tróia até ao cabo de Sines, passando pela Comporta e pelas inacreditáveis praias de Melides e a da Aberta Nova.

    É esta mistura entre a paz do campo e a frescura da praia que tornam o Sobreiras um hotel de sonho. A piscina infinita é de cortar a respiração e os quartos, com um design simples e elegante e uma decoração contemporânea, são espaçosos e confortáveis. Também há uma guest house que recebe até 18 pessoas. Isto para não falar do original restaurante, separado da cozinha por um vidro e que serve o pequeno-almoço e refeições ligeiras. Se quiser saber a nossa experiência neste pequeno paraíso, clique aqui.

     

    Uva do Monte

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    Esta pequena quinta fica a dois quilómetros da Aberta Nova, por isso, pode ir de bicicleta ou até mesmo a pé (se for um desportista, claro) para a praia. E se gosta de antiguidades, se adora uma velharia, se odeia deitar coisas fora, este hotel é a sua cara. Aqui o termo “vintage” é elevado a um outro nível. Decorado só com peças de mobiliário antigas, o Uva do Monte é um agro-turismo especial. Simples e original, vale a pena passar aqui um fim de semana. Mas atenção: este não é um hotel de luxo. E nem os proprietários têm essa pretensão. Por isso, foram buscar os irmãos Eça Leal (responsáveis pelo hostel The Independente e pelos restaurantes The Insólito e The Decadente em Lisboa) para lançar o conceito. E o conceito é precisamente o de um hostel: despretensioso e barato. Nós já lá passámos uns dias e contamos tudo aqui.

     

    Vale do Gaio

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    O Vale do Gaio já fica a uma certa distância da Comporta, é mais perto de Alcácer do Sal.

    Aqui não tem praia, mas tem uma deliciosa barragem onde pode nadar ou dar uns passeios de canoa. E tem também aquele que é, para mim, o mais espetacular terraço do país. Mesmo em cima da barragem Trigo de Morais, tem camas e cadeirões com mantas e almofadas floridas que nos convidam a deitar à sombra, com um copo de vinho ou de gin na mão, enquanto olha para a deslumbrante vista.

    Também é neste terraço que fica o maravilhoso restaurante do hotel, do mesmo dono do XL, em Lisboa. Nas noites mais frescas, acende-se uma enorme lareira exterior que dá um ambiente único ao espaço. E depois, é preparar-se para saborear petiscos únicos como os ovos mexidos com espargos trigueiros, a vichyssoise de raia, a patanisca de nada com salmão fumado e nata azeda, a pancetta de porco preto em rendas de pão torrado ou os filetes de peixe espada com migas de tomate. E nem vou falar do buffet de doces alentejanos de sobremesa para não me enervar. 

     

    Onde comer

    Sal – Praia do Pego

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    É o restaurante mais “in” da Comporta, ou não se situasse na praia do Pego (que no fundo já é no Carvalhal mas é mais chique dizer que é na Comporta). O Sal é simples, descontraído, bem enquadrado no areal e com uma vista deslumbrante de frente para o mar. Come-se maravilhosamente e paga-se excessivamente. Mas vale a pena: o peixe é fresco e divinal. No verão, chegam a fazer três turnos para o almoço, tal é a loucura de gente.

      

    Dona Bia – Torre

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    Situado mesmo à beira da estrada entre a Comporta e o Carvalhal, o Dona Bia não tem vista para o mar mas tem uma cozinheira de mão cheia. É claramente o restaurante preferido do meu querido Marido Mistério num raio de muitos e muitos quilómetros. Com uma cozinha tradicional alentejana, tem especialidades que nos levam à loucura: além de carnes e peixe grelhados no carvão e dos óbvios mariscos, não conseguimos resistir à canja de cherne com espinafres e amêijoas, à sopa de cação, aos filetes de peixe galo com açorda de ovas, às gambas à Dona Bia, ao arroz de conquilhas, à massinha de camarão, enfim, a tudo.

     

    O Dinis – Praia do Carvalhal

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    A casa azul que alberga o Restaurante dos Pescadores começou por ser uma barraca na praia do Carvalhal mas em 2008 renasceu com um look mais moderno e elegante. Na Comporta, toda a gente diz “Vamos ao Dinis?”, numa alusão ao dono, Dinis Parreira, que aposta (e bem já que está em pleno areal de frente para o mar) nos peixes frescos grelhados, mas também nos mariscos e petiscos diversos, com destaque para as amêijoas e o arroz de marisco.

      

    Museu do Arroz – Comporta

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    O restaurante da “Isabelinha”, como é conhecido, referindo-se à dona do espaço, Isabel Carvalho, situa-se em plena Herdade da Comporta, num edifício que funcionava antigamente como fábrica de descasque de arroz. Reabilitado em 2006, o Museu do Arroz é até hoje um dos restaurantes da moda, ideal para ir jantar fora com um grupo de amigos, porque o ambiente é giro e cool. Aqui, como não podia deixar de ser, o arroz é a especialidade, servido malandrinho e bem quente em terrina de barro. Mas também há peixe fresco, boa carne, entradas e sobremesas típicas da região.

     

    Comporta Café – Praia da Comporta

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    Tal como o Sal e o Dinis, o Comporta Café situa-se na praia de frente para o mar, só que na muitas vezes superlotada praia da Comporta (sobretudo aos fins de semana quando os carros chegam à estrada). Tem uma esplanada pelo areal fora repleta de puffs e redes coloridas e apetecíveis e serve ótimos petiscos e peixe fresco. Dois conselhos: o pregado frito e o arroz de lingueirão. A um preço estilo Comporta, é certo. Mas aqui paga-se tudo: uma boa refeição, a localização e a vista deslumbrante para o mar.

      

    O Rei do Choco – Carrasqueira

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    É um restaurante simples e familiar a dois passos do famoso porto palafítico. As especialidades são, além do óbvio e delicioso choco frito, linguados fritos com arroz de tomate, massinha de linguado, ensopado de enguias e arroz de marisco. É de aproveitar porque é dos poucos restaurantes baratos da região. O preço médio por pessoa é de €12.

     

    Bar dos Tigres – Praia Aberta Nova

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    Entre o desfile de famosos da Comporta e a confusão de Sines, a praia Aberta Nova é um paraíso de tranquilidade. E o bar desta praia uma descoberta imperdível. Por uma simples razão que se resume a 6 palavras: melhor-salada-de-polvo-do-mundo. Já falámos desta salada inúmeras vezes. Espreite aqui a nossa experiência e vai perceber porque é que fazemos quilómetros só para provar este petisco.

      

    Onde mergulhar

    Pego e Carvalhal

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    Se gosta de ver gente gira, fit e bronzeada, com um ligeiro sotaque afetado, vá ao Pego e ao Carvalhal, é aqui que o social está. As duas praias são ótimas, com dois excelentes restaurantes, o Sal e o Dinis, e tem tantas ondas como tias por metro quadrado.

     

    Sol Troia

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    Se prefere praias sem ondas e tem um espírito mais familiar, com crianças pequenas, vale a pena ir até Sol Troia, andar um bocadinho e espaço não lhe vai faltar. Se quiser fugir da multidão, tem de levar chapéu de sol, porque aí não tem área concessionada.

     

    Praia da Torre

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    Na estrada que vai da Comporta para sul, em direção a Grândola, passa por uma localidade que se chama Torre, onde se situam também os Cavalos na Areia. Se tiver um jipe ou um carro todo-o-terreno, vá na direção do mar, passe os arrozais, suba as dunas e vai descobrir um paraíso deserto só para si em qualquer altura do ano.

     

    Aberta Nova

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    Confesso que é a nossa preferida. É linda e mesmo no verão tem pouca gente. Tem uma zona de toldos (aqui não há cá chapéus de sol), tem nadadores salvadores, mas se andar 50 a 100 metros para a direita ou para a esquerda não encontra ninguém

    O único problema é o mar que às vezes tem ondas ao estilo do Pego mas a salada de polvo no Bar dos Tigres, enquanto vê o pôr-do-sol no mar, vale o risco.

     

    O que fazer

    Cavalos na Areia

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    Praia e cavalos num programa só é praticamente imbatível. Nesta altura, com a praia deserta, ainda é melhor, e se for aventureiro, vá mesmo pela beira-mar, ao melhor estilo Bo Derek, só que com um bocadinho mais de roupa. Procure as várias opções no site da empresa Cavalos na Areia. Se preferir outra forma de conhecer a Comporta, também pode alugar na mesma empresa bicicletas e kaiaks. Vai ver que não se vai arrepender.

      

    Comporta Yoga Shala

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    Tomás Mello Breyner oferece uma experiência única: aulas de yoga no meio de um pinhal, com os típicos arrozais da Comporta como pano de fundo e as dunas da praia na linha do horizonte. De junho a setembro, há aulas todos os dias e a ideia é praticar e relaxar, porque aqui aprende-se Hatha Yoga Flow e medita-se antes e depois de cada aula.

     

    Cais Palafítico da Carrasqueira

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    Este cais maravilhoso (que, como diriam os nossos filhos, dá grandes “chapas” para o Instagram) nasceu para resolver o problema do acesso aos barcos durante a maré baixa, há mais de dois séculos. Como as margens baixas e cheias de lama do Sado dificultam o acesso às embarcações, a população local da pequena aldeia piscatória da Carrasqueira construíu um cais em madeira, com postes toscos e um passadiço. Assistir aqui ao pôr do sol é uma experiência inesquecível.

     

    Casa da Cultura da Comporta

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    Fica mesmo no centro da vila e é um armazém totalmente recuperado onde pode encontrar arte, cultura, feiras e exposições. Da última vez que lá fui, a Casa da Cultura tinha vários stands a reproduzir cabanas de pescadores a vender roupa, bijutaria e artesanato local. Aqui encontra de tudo: desde sapatos a todo o tipo de acessórios, a vinhos e azeites, a almofadas feitas à mão, biquínis e roupa de praia. Mas já se sabe, é bom ir de carteira recheada porque nada é barato.

     

    Antiga Padaria da Comporta

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    Foi umas das primeiras, se não a primeira, daquelas lojas cool ao estilo hippie-chic da Comporta onde um biquíni pode facilmente custar tanto quanto um pneu de um carro.  A loja chama-se Lavanda e tem basicamente roupa, acessórios de praia e alguns objetos de decoração, tudo com um gosto irrepreensível. Hoje tem também um bar, o Colmo, com um balcão e duas mesas que serve uns ótimos e saudáveis pequenos-almoços de manhã e bebidas (vinhos da região, caipiroskas, etc.) e petiscos ao fim da tarde.

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    Na rua tem mais três mesas minúsculas com troncos de árvores a fazerem de bancos, ao lado de uma esplanada de um café/taberna local com mesas e cadeiras da Coca-Cola, onde é frequente encontrar um velhinho agarrado a uma cerveja enquanto protesta aos gritos contra o Mundo. É este o encanto da Comporta: é fácil encontrar senhoras descalças a passear-se na rua com um panamá Brent Black de 500 euros na cabeça, homens de chinelos nos pés mas que trocam de óculos escuros três vezes ao longo do dia, lado a lado com os locais que conhecem desde sempre.

     

    Lojas Boho Chic

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    Depois da Padaria, têm crescido como cogumelos no centro da vila lojas cool, vintage e hippies, não só de roupa como de decoração. Por trás da Padaria, por exemplo, tem (já há alguns aninhos) a TM Collection, mais escondida está a Coté Sud, onde cada biquíni custa para lá de um balúrdio, a loja de decoração Rice, da designer de interiores Marta Mantero, enfim, não faltam lojas giras onde se cruza com pessoas demasiado preocupadas em parecer despreocupadas.

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    Como vê, há muito para fazer na Comporta. Um último conselho: não se atreva a partir sem um carregamento de repelentes. Porque todos os paraísos têm um senão. E aqui são as melgas. Sair à rua ao fim da tarde sem repelente pode revelar-se uma missão suicida.

     

    Uma ótima viagem para si, onde quer que as melgas estejam,

    Ela

     

    fotos: herdade da comporta e d.r.

     

    8 comentários em “roteiro de sonho na comporta, um dos 25 melhores destinos do mundo segundo o new york times

    1. Excelente roteiro, apesar do incómodo que é por vezes gente da familia espirito santo e amigos, virem ter connosco para pedirem uns trocos.

    2. Até que costumos seguir o vosso blog, ideias giras, sempre actuais nas tendências, mas esta do bar dos tigres da Aberta Nova só pode ter sido do excesso de sol! Uma salada de polvo (do congelado e pequenino), onde no maximo só 20% da salada é do dito, sim o resto é esse “amazing” tomate descascado, cebola e pickles de marca branca. Sim a vista é maravilhosa… ainda no fds la estive e ia beber um café, mas bati com o nariz na porta. Dia lindo de praia e os tigres andavam a lavar as telhas do café da mãe! E ja agora sabe que as saladas viajam desse café nuns “tupperwares” que nem numa arca refrigerada vão? Procure de onde vem a alimentação electrica do bar e encontrarão muito que vos pode arrepiar!

    3. Sou leitor assíduo do vosso blog e sigo com interesse, já me socorri de receitas vossas para jantares familiares, mas desta vez vou fazer um reparo. Falar da Comporta e não referir o restaurante a Escola é equivalente a ir a Roma e não ver o Papa, como se diz por cá. Por favor vão até lá e tenho a certeza que vão escrever um post só sobre ele. Parabéns por tudo o que divulgam, principalmente o que se refere ao nosso país. Obrigado.

    4. A salada de polvo do bar dos tigres na Aberta Nova para salada de tomate com vestígios de polvo não está mal! Mas escrever que é a melhor do mundo, provoca uma enorme desilusão….
      O serviço é básico, mas simpático…..

    5. A Comporta e arredores já foram um sonho paradisíaco.
      Mas depois da invasão possidónia dos últimos anos, tornaram-se sítios insuportáveis, muito bons para quem gosta de arrebanhar.

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