slow, o novo restaurante da equipa do h3

    Quando a promessa é grande, a desilusão pode ser enorme. E quando a promessa é gigantesca?…

    “Carnes que se desfazem”, “carnes com uma textura, suculência e sabor raros” (peço desculpa mas a repetição não é minha), “acompanhamentos inesperados”, “combinações infinitas”, frango “com uma textura que nunca provou”, “fatias muito finas” de vaca e, para acabar que isto já vai longo, um conceito que “não existia” e uma forma de cozinhar que não deixa “perder um grama de sabor”. Estamos a falar do Celler de Can Roca, em Espanha? Do Noma, na Dinamarca? Vá lá, do Bel Canto, em Lisboa? Não. Estamos a falar do Slow, o novo restaurante de fast food português. Convenhamos que é um pouco constrangedor não encontar adjectivos como estes nos sites dos dois melhores restaurantes do Mundo e depois descobrirmo-los no Amoreiras Plaza, a dez minutos do velho Casal Ventoso, em Lisboa. Mas Portugal é um rectangulozinho de surpresas.

     

    A ementa 

    A carne

    Ultrapassados os entusiasmos da publicidade, vamos ao que interessa: a carne desfaz-se mesmo, ou não? Lamento, mas só posso responder a um terço dessa pergunta: a carne de vaca não se desfaz, quanto à de frango e de porco não tive perímetro abdominal para experimentar tudo na mesma refeição. Isso não quer dizer que a carne seja má. Mas também não quer dizer que tenha um sabor raro, uma textura que nunca provou ou fatias muito finas. Não tem. É uma carne moderadamente saborosa, com fatias razoavelmente finas (não são “muito finas”), mas até ligeiramente farinhenta. No entanto, é uma boa ideia para um almoço num fast food, desde que não esteja muito frio. Só não é a última lata de espinafres do Popeye, como nos querem convencer no site do restaurante.

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    Os acompanhamentos

    Experimentei o cuscuz de laranja, com hortelã e sultanas (que estava cozinhado no ponto e foi servido frio, o que é agradável) e a salada slow, feita de couve e cenoura em juliana (que me pareceu simpática).

     

    Os molhos

    Tem três variedades de molhos quentes e quatro de molhos frios. Os quentes vão com a carne e os frios podem acompanhar as batatas, a salada ou o que quiser. Nos quentes, escolhi o de manteiga e alho, que passava bastante despercebido; e nos frios o de iogurte e hortelã, que era muito bom e acabei por o comer com a carne.

    O ambiente 

    Primeiro, a apresentação. É aqui que a equipa do H3 (dona deste novo restaurante, inaugurado no final de Dezembro) é imbatível. A decoração é sofisticada, o logótipo é moderno, as frases espalhadas pelo restaurante são engraçadas e a forma como somos guiados pela ementa é muito, muito eficaz. Aqui, tal como no H3 ou na Empadaria do Chef, ficamos rapidamente com uma ideia do que vamos comer, do que podemos misturar e do que devemos aproveitar. Melhor: ficamos rapidamente com uma ideia de que tudo é muito bom.

    Depois, as redondezas. E aqui a culpa não é do Slow. O Amoreiras Plaza é um shopping que não é bem um shopping; é arejado mas é muito frio; é cool mas é terrivelmente desconfortável. Especialmente no Inverno, quando tem de estar desesperadamente à procura de uma mesa que não levante voo com a corrente de ar.

     

    O serviço 

    Rápido, simpático e eficaz. Uma raridade: sendo um fast food, os empregados sabem responder às suas dúvidas sobre a comida e dão-lhe sugestões de combinações.

     

    O bom 

    O conceito em que pode misturar tudo o que lhe apetecer

    O mau 

    O exagero dos autoelogios

    O péssimo 

    O frio do Amoreiras Plaza durante o Inverno

     

    Uma boa tarde para si onde quer que esteja,

    Ele

     

    fotos: slow

    4 comentários em “slow, o novo restaurante da equipa do h3

    1. O Slow abriu recentemente aqui na Madeira e estive lá ontem com o meu marido a experimentar. Cada um pediu uma carne diferente e um acompanhamento diferente para provarmos uma maior variedade. Posso dizer que foi das piores coisas que comi na vida. Ambas as carnes estavam frias, muito salgadas, terrivelmente secas e a de vaca tinha um aspecto horrível. A salada slow vinha a nadar em maionese e a limonada provocava um ataque de diabetes a qualquer um. A ideia é fanástica, a carne que coze durante horas fica maravilhosa e desfaz-se na boca, mas não é claramente o caso desta.

    2. Experimentei o Slow do Norteshopping, num final de dia. Discordo de muitas das coisas aqui referidas… mas também posso concordar com outras. Se calhar, começo pela conclusão. Não venho aqui referir que a área da restauração do Norteshopping é muito bonita ou muito feia e que prefiro lâmpadas LED às de halogéneo porque as de halogéneo provocam-me a mesma urticária na ponta das unhas dos pés que a horrível corrente de ar que as pessoas criam ao passarem pela minha mesa me provoca. Venho antes concluir que parece que tudo depende da experiência de cada pessoa e que não só o Slow é mais uma bela ideia desta “equipa da H3” como também é tudo feito com bom gosto. O Slow vale tanto a pena ser visitado por SI para que assim tire as SUAS próprias conclusões. Acredito que vai surpreender muito boa gente.

      Já estou a imaginar os fãs incondicionais da McDonald’s que, ao ler este texto, ainda ficaram com a ideia de que este restaurante pode ser uma alternativa-fast a visitar. A mim, até custou ter lido a referência de que o Slow é mais um restaurante de fast food. Cuscuz, molhos, limonada, a deliciosa (e até aqui esquecida) pavlova… tudo me pareceu ter requintes de slow food de qualidade. Claro que nestas coisas há sempre “pormenores” que escapam. Ainda não tendo nada a apontar contra a Slow, e dentro deste contexto, dou o seguinte exemplo: na Empadaria do Chef (do mesmo grupo), já me foi apresentada uma empada de vitela com uma cobertura de molho ressequido. Demorei muito tempo a decidir-me a comprá-la ou então já estava pronta há muito tempo. Ao provar, facilmente se comprovava o óbvio (e não foi a minha indecisão). Ou seja, não foi por essa única vez que de deixei de lá ir. De cada vez que lá vou, peço para fazerem a empada na hora. Até foi o que me sugeriram numa visita. Aqui no Slow, não consigo compreender como é que a minha limonada pode provocar diabetes já que até se preocuparam em não usar açúcar. Não estou enganado! A grande acidez não enganava ninguém. Muito bom. Quem quer açúcar refinado, que se mate a seu gosto. Também deve ser o lema desta casa. O cuscuz era perfeito. A tal “simpática” salada Slow – que Ele a deve ter comido sem molho ou então esqueceu-se de o comer ( 😀 ) – estava também perfeita e não nadava em molho (nadou no meu estômago). Os molhos pareciam ser bem frescos/caseiros assim como a cobertura de molho de morango em coulis de frutos silvestres que tinha TODO o delicioso sabor dos melhores morangos e frutos silvestres. Quanto à carne, que querem que vos diga? Como apregoado, era realmente fina, nada gordurosa, e também era realmente mesmo muito deliciosa, REALMENTE como nada que eu tenha comido. Se a malta daqui só come, em casa, carne cozinhada lentamente, estou mesmo a ver estes trabalhadores tugas a saírem de casa para o trabalho e a deixar a sua majestosa carninha a cozinhar 12h a baixa temperatura, tempo suficiente para chegarem a casa a babar, depois de um trabalho pleno de horas extraordinárias e com a carne já à espera. Parabéns!!! Ah, também nunca cheguei a ir aos “States” para experimentar este conceito na própria origem. Só o vi na têlê e acredito que não seja a mesma coisa mas é na mesma um sabor único e delicioso. Escolhi carne de porco para tirar melhor a limpo este pormenor e foi boa ideia. Agora, se é ou não cozinhada a baixa temperatura durante 12h (2 turnos) não sei, não interessa porque é realmente muito bom e nada como o McRasca que “todos” gostam. Sobre as ditas auto-gabarolices, confesso que não me incomodou porque foi só chegar, reconhecer o conceito slow, ser atendido com muita simpatia e atenção, fazer o pedido, sentar, ser servido rapidamente, comer e arrotar de satisfação. Os painéis de auto-bajulação passaram-me completamente ao lado, sendo coisa que se dispensa bem. Mas no site deles até percebo o que Ele aqui aponta o dedo. Mas apesar de um ou outro pormenor que lhes devem ter escorregado, não achei um discurso assim tão exagerado (concordei com a maior parte) e percebi o intuito da mensagem. Pretenderam misturar o sentido de humor (que muitos nem sabem o que é). Até usam um grafismo com os 3 animais de óculos para contar a sua história. Se foi algo excessivo… depende de cada um. Dispenso opinar sobre esta irrelevância. Dispenso opinar mais. Bem-haja e long live Slow!

    3. eu gostei, nao é um sitio para ir em plano romantico, mas para comer algo com bom sabor na hora entre trabalho está bem. A senhora da madeira que deixa um comentário antes deve ter tido muito má sorte. Nao vi nada disso no marshopping do Porto.

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