Há lá coisa mais romântica do que cidades com canais para passear? Em vez de andar a pé de mão dada, está encostado à sua cara-metade, sentadinho num barco ou numa gôndola. É tão bom! E, claro, quando pensamos em canais, a primeira cidade que nos vem à cabeça é Veneza, em segundo lugar associo logo Amesterdão, mas tanto uma como a outra têm sofrido um enorme flagelo: as suas ruas, restaurantes, hotéis e canais estão apinhados de turistas. Há filas para tudo, excursões para todo o lado, enfim, multidões de mapa numa mão e máquina fotográfica na outra.
Mas não desespere. Há cidades lindas por essa Europa fora que também são banhadas por pitorescos canais e ainda não foram inundadas por um tsunami de turistas. Aqui ficam algumas sugestões eleitas pelo site Matador.
Annecy, França
Situada entre o Lago Annecy e a montanha Semnoz, é conhecida como a “Pérola dos Alpes franceses”. Devido à sua localização, não pode crescer mais, por isso preservou as construções originais com séculos de História. Erguida em volta de um maravilhoso castelo do século XIV, Annecy parece uma aldeia de bonecas com mais canais do que ruas. E o seu charme é irresistível: as casas pitorescas sobre os canais albergam bares, restaurantes e gelatarias.
Sinta-se num autêntico conto de fadas enquanto vagueia por ruelas e canais, pelas dezenas de pontes e pelos mercados, até chegar ao impressionante Castelo de Annecy, no cimo da colina.
Bruges, Bélgica
Já lá fomos duas vezes e, por mim, voltava já amanhã. Bruges, também conhecida pela “Veneza do Norte”, é linda de morrer. Não vai conseguir parar de fotografar: as cores das casas, a impressionante rede de canais, os edifícios do século XV, as igrejas, as praças. Tudo. Não é de estranhar que o centro histórico da cidade tenha sido considerado Património Mundial, pela UNESCO, em 2000.
Bruges foi durante a Idade Média o centro da economia europeia. Pode conhecer a cidade a pé, de bicicleta, de barco ou até de charrete. Ah! E tem um restaurante com 3 estrelas Michelin: o Hertog Jan.
Empuriabrava, Espanha
Situada onde antigamente havia um pântano, esta luxuosa cidade da Costa Brava também é conhecida como a Veneza de Espanha. Com uns surpreendentes 25 quilómetros de canais navegáveis, nos anos 60, um grupo de habitantes visionários investiu na requalificação da zona, recuperando marinas e casas, com um sonho: ter um barco para cada casa.
Hoje é uma cidade luxuosa com tentadoras marisqueiras, centenas de iates e barcos de recreio, que recebe todos os verões cerca de 80 mil pessoas. Além disso, vale a pena explorar a região com as suas vilas medievais, óptimas praias de areia branca e um património histórico invejável.
Utrecht, Holanda
Se já conhece Amesterdão e adorou, não deixe de visitar Utrecht. Os canais da cidade são animados por lojas, cafés e restaurantes nas suas margens. E os cais, onde antigamente atravacam os navios mercantes medievais, têm hoje espaçosos pátios e terraços com vistas deslumbrantes para apreciar com um belo copo de vinho na mão.
Os carros não podem entrar no centro da cidade, por isso não deixe de explorar as sinuosas ruas de pedra a pé ou de bicicleta e de passear de gôndola nos canais. Se tiver energia, não perca a melhor vista da cidade subindo ao topo da Torre do Domo. São “só” 465 degraus para atingir o campanário mais alto dos Países Baixos.
Copenhaga, Dinamarca
Nyhavn, que significa “porto novo”, é o mais famoso canal de Copenhaga. Liga o bairro histórico da capital dinamarquesa ao mar e, como foi durante anos paragem obrigatória para milhares de marinheiros, era uma espécie de Red Light District, com tabernas e bordéis em cada esquina.
Hoje, as tabernas e os bordéis deram lugar a restaurantes e a bares que ocupam as casas coloridas ao longo do canal. Foi aqui que o mais famoso escritor dinamarquês, Hans Christian Anderson, autor de A Pequena Sereia, viveu durante duas décadas e foi aqui, mais precisamente no seu apartamento do número 20 do canal Nyhavn, que escreveu o clássico A Princesa e a Ervilha.
Vale a pena espreitar a Cidade Livre de Christiania, uma comunidade independente do governo de Copenhaga, onde o movimento hippie e anarquista se instalou nos anos 70.
Estocolmo, Suécia
A capital sueca é deslumbrante. Eu adorei lá estar. É uma cidade para se passear, para ser vivida. Não só por causa dos pitorescos canais mas também devido a uma arquitetura com muita pinta e bom ar, com edifícios que datam do século XIII. A cidade foi contruída sobre 14 ilhas ligadas por mais de 50 pontes.
Comece por visitar Gamla Stan, o centro histórico da cidade e onde se situa o Palácio de Estocolmo, residência oficial da família real. O bairro é único, animado e colorido e garanto-lhe que não vai conseguir parar de fotografar tudo à sua volta. E, claro, explore a cidade de barco, fazendo um tour pelos canais para ter uma perspectiva única da capital da Suécia.
São Petersburgo, Rússia
A segunda maior cidade da Rússia também foi fundada sobre um pântano. Pedro, o Grande, mandou drenar o pântano, construindo uma série de rios artificiais e canais, inspirados nos de Amesterdão. Apanhe um barco no Rio Moika e deixe-se deslumbrar pelas incríveis mansões e palácios do século XVIII, construídos nas suas margens.
Vá até à Ponte Azul com 97 metros de largura: é tão grande que parece uma extensão de Praça de São Isaac. Não deixe de navegar pelo Canal de Inverno de onde pode ver o deslumbrante Palácio de Inverno, palco da Revolução de fevereiro de 1917.
Estou dividida, meu querido Marido Mistério. Escolhe tu que eu não sou esquisita. Para onde vamos primeiro?
Boa viagem para nós,
Ela
fotos: matador
Falta Aveiro!
Como é possível um português se esquecer de Aveiro?