a cafetaria do el corte inglés, o caldo verde empapado e a empregada a enfiar a mão dentro do sumo
O serviço
A empregada aproximou-se com um enorme alguidar cheio de sumo nas mãos, num esforço quase sobrehumano. Ao chegar ao lado daquelas máquinas de sumo que estão constantemente em rotação, começou a entornar cuidadosamente o líquido para dentro do recipiente.
Até aqui, tudo estaria bem se, de repente, um dos acessórios da máquina não tivesse caído para dentro do sumo. E a senhora não tivesse pousado o alguidar no balcão, arregaçado a manga e introduzido a sua delicada mão dentro do sumo para retirar o acessório. A seguir limpou a mão e fechou a tampa da máquina como se nada fosse. Para ela, o sumo estava pronto para ser bebido pelos clientes.
Este episódio dantesco foi só o pináculo de uma refeição para esquecer. Carregados de sacos de presentes, resolvemos sentar-nos os dois ao balcão da cafetaria do El Corte Inglés para comer qualquer coisa rápida ao almoço. Falha. Erro. Drama.
Além de termos ficado mais próximos desta cena, comemos. E isso nem sempre é bom.
A ementa
Eu pedi um caldo verde com chouriço e broa de milho que vinha com um óptimo aspecto na fotografia da ementa. Comecei a salivar de prazer e já estava quase de babete ao pescoço quando me chegou à frente um prato de sopa empapada com batata a mais e chouriço a menos. Além de estar muito próxima da argamassa, a sopa trazia duas rodelas de chouriço com a consistência típica de uma pastilha elástica Super Gorila. Virei-me para a broa num gesto de desespero típico de um náufrago que vê ao lado a última bóia salva-vidas, mas... nova desilusão: a broa era tão enfartante que eu mais parecia a réplica de Cavaco Silva a comer uma fatia de bolo-rei. A seguir pedi um presunto com mozarela e pesto que veio acompanhado com grissini e pão banalíssimos.
Ela preferiu uma salada de frango com amêndoas, nozes, alface, maçã e molho de iogurte magro. Estava francamente melhor do que o caldo verde, mas ainda hoje Ela continua à procura das nozes, das quais não encontrou quaisquer vestígios.
O ambiente
Ao entrar aqui senti-me a chegar a Badajoz nos anos 80, quando ficava maravilhado com umas escadas rolantes ou um saco cheio de caramelos. O problema é que o mundo mudou e a cafetaria do El Corte Inglés parou. Tanto no estilo das cadeiras, como nas ementas plastificadas e com fotografias.
Não percebo como é que é possível ter lado a lado dois espaços tão diferentes como o Cinco Jotas Gourmet e a Cafetaria. É a mesma coisa que comparar Montecarlo com Pyongyang. O problema é que, desta vez, nós almoçámos em Pyongyang.
O bom
Perdão, importa-se de repetir?
O mau
O caldo verde
O péssimo
A mão da empregada dentro do sumo
A minha solidariedade para com as pessoas que beberam aquele sumo, onde quer que elas estejam,
Ele
fotos: cinco jotas gourmet, zomato, el corte inglés