Imagine-se a caminhar pelo meio do mato, a afastar arbustos, a pisar troncos, a trepar por cima de ramos de árvores, a desviar-se constantemente dos obstáculos para tentar manter minimamente o rumo. Agora substitua o mato pelo Centro Comercial Vasco da Gama, os arbustos por aglomerados de gente, os troncos por cadeiras, pés e carteiras no chão e os obstáculos por pessoas a virem na sua direcção. Este é o caminho que vai ter de percorrer até chegar ao restaurante DiCasa à hora do jantar. Por isso, vista o camuflado, calce as botas de montanha e pegue num pau porque isto vai ser difícil.
O serviço
– Boa noite, temos uma reserva para as oito em nome de Mulher Mistério.
[Brincadeirinha, fizemos a reserva com o pseudónimo que normalmente usamos para os nossos jantares e que, por motivos óbvios, não posso revelar aqui]
– Hmmm…
[Silêncio… consulta da agenda… silêncio novamente]
– Não estou aqui a encontrar nada.
– Mas foi feita, de certeza.
[Novo silêncio… nova consulta da agenda… novo silêncio]
– Só um momento.
[Desapareceu. Cinco minutos depois voltou]
– O senhor perdeu a sua mesa.
– Como?
– A reserva estava feita para as oito. E nós só damos 15 minutos de tolerância.
– Mas são oito e vinte [e eu já aqui estou à espera há cinco minutos enquanto o senhor procura a reserva… esta parte não disse que eu não sou homem de conflitos com homens maiores do que eu]
– Pois…
– Ok, obrigado, então, boa noite.
– Espere lá, eu arranjo-lhe outra mesa.
[Depois da demonstração de autoridade, a clemência…]
Um minuto depois, estávamos sentados – e abandonados. Depois de variadíssimas tentativas, conseguimos que nos trouxessem a lista. Mas fazer o pedido é tão difícil como conseguir chamar um jogador de futebol, a partir da bancada, durante um Benfica-Sporting. Aqui os empregados focam-se no chão ou num ponto imaginário no horizonte. Não levantam a cabeça, não olham para a sala, não ouvem, não vêem, não falam, não sentem. São como anémonas, circulam à deriva no mar de gente.
O ambiente
A decoração até tem algumas pretensões de sofisticação. E o espaço é grande e arejado. Mas o ambiente sufoca: há barulho, há confusão, há cadeiras a cair, há crianças a voar. É verdade que fomos num fim-de-semana à noite, é verdade que enfiarmo-nos num shopping numa dia assim é pedir um ambiente caótico, mas isto superou tudo o que se pode imaginar. Jantar no DiCasa ao fim-de-semana é o mesmo que passar um dia no Aquashow em Agosto – ninguém merece!
A ementa
Podia ter sido esta a nossa salvação – mas não foi.
As entradas
Começámos por dividir uma salada caprese. E ainda bem que não pedimos duas. Cada rodela de tomate vinha quase com a grossura de uma edição dos Lusíadas, o que quer dizer que cortada em quatro dava para alimentar quatro famílias. A mozzarela era industrial e o tempero colocado a despachar – foi preciso rectificar tudo, do azeite à pimenta.
Os pratos principais
Mais um erro. Toda a gente fala das pizzas e nós fomos inovar. Mas um bom restaurante italiano não pode fazer só pizzas. Eu pedi um tonno nizzarda – posta de atum fresco grelhada, temperada com sumo de limão, azeite e vinagre balsâmico e acompanhada com salada de rúcula e tomate cereja. A posta de atum parecia uma costeleta de novilho à cortador – gigante – e não tinha graça nenhuma. Não é que eu queira trocar piadas com uma posta de atum, mas gosto de sorrir, pelo menos ligeiramente, quando a provo. E não é isso que acontece no DiCasa: dá ideia que os pratos são feitos à pressa, como se estivessem a alimentar um regimento de infantaria.
Ela pediu um filete de salmão com um “delicioso e fresco” molho verde e um “delicioso” risotto de limão. É claro que um prato que tem duas vezes escrita a palavra “delicioso” na sua descrição só pode dar barraca. E foi o que aconteceu. O salmão estava passado demais – seco – e o risotto espesso e pesado, ao melhor estilo argamassa.
No final, saltámos rapidamente por cima das sobremesas e pedimos cafés e a conta. Como qualquer bom restaurante caótico, primeiro veio a conta – errada – e dez minutos depois chegaram os cafés.
Oh noite de azar!
O bom
A esplanada – mas como estava uma noite fria, não constou.
O mau
A comida
O péssimo
O serviço
Um bom fim-de-semana para si, onde quer que esteja,
Ele
Já sou cliente do DiCasa do Vasco da Gama há muitos anos e, durante muito tempo, foi o meu restaurante em Lisboa de eleição para comer pizzas. Muito bem feitas, com uma óptima massa e total disponibilidade para substituir ingredientes. Aquando da mudança de decoração, a qualidade do DiCasa também sofreu uma mudança. Para pior. As pizzas continuaram boas, mas o serviço tornou-se mais desleixado, menos eficiente e educado. É mesmo difícil conseguir atrair a atenção de um funcionário e a disponibilidade para trocar ingredientes já não é a mesma.
Se quiserem dar uma segunda oportunidade, aconselho o DiCasa da Avenida Infante Santo. O serviço é melhor e o ambiente agradável. Ou então, sugiro o Casanova, ao lado do Cais da Pedra. Pizzas deliciosas e uma óptima vista. Mas vão cedo, senão arriscam-se a ficar imenso tempo à espera.
Não é possível fazer comparação com uma pizzaria Di Casa (tipo telepizza) e uma das melhores, senão a melhor pizzaria de Lisboa A Casanova.
Pois é, por vezes levamos grandes barretadas! Mas da primeira ninguém se livra….
“Cada rodela de tomate vinha quase com a grossura de uma edição dos Lusíadas”, ahahahahah!
Acontece, não é?
Não gosto de comer em centros comerciais.
Costumo ir ao DICASA do Vasco da Gama e nunca me aconteceu tal coisa Alias alem de umas excelentes pizzas adoro os risotos .Também ja pedi o prato do atum e apesar de concordar que e maior que o normal ,estava grelhado no ponto(MÉDIO)
Também lhe deixo uma dica quanto a chegar ao restaurante .
-Estacionar o carro na zona laranja ,apanhar o elevador do lado direito e sai no 3 piso.
Obrigado pela dica