adivinhe quanto tempo esperámos para provar uma tapioca da rita pereira

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    Quando alguém me falava de tapioca eu lembrava-me sempre dos maravilhosos pequenos-almoços que experimentámos em Trancoso, no Brasil, com esta espécie de crepe fininho e crocante recheado com as melhores maravilhas que a Natureza já produziu: fruta fresca acabada de apanhar, goiabada divinal ou um queijo coalho único. No entanto, as minhas fabulosas memórias gastronómicas foram esmagadas, em Dezembro passado, por uma espera de 43 longos minutos a olhar para uma fotografia da Rita Pereira sorridente, numa televisão.

    Eu confesso que tenho uma enorme simpatia pelo talento e pelo sorriso contagiante da Rita Pereira, mas 43 minutos a olhar para uma fotografia sua enquanto esperava por uma tapioca é um pouco demais – até para um fã incondicional.

     

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    O ambiente 

    O novo restaurante da actriz chama-se Beiju e abriu, em Dezembro passado, no 1º piso do Amoreiras Shopping, por baixo daquele andar intermédio onde estão alguns restaurantes, como o Sushi Café ou a Brasserie de l’Entrecote. A decoração é alegre, em tons de bege e cor-de-rosa, e o espaço tem algumas mesas exclusivas. Se não encontrar lugar, terá de pedir para levar a tapioca para comer noutro sítio, porque aqui não existe food court. No entanto, das duas vezes que lá fomos conseguimos sempre lugar sentados. E foi isso que me manteve vivo durante a longa espera, na minha primeira visita ao Beiju.

    Com tanta promoção e tão entusiasmantes artigos que saíram na imprensa, arrisquei um almoço sozinho no Beiju, no final de Dezembro passado. Cheguei faminto, às 12h57, para encontrar uma fila de apenas cinco pessoas à minha frente. Como não era propriamente uma multidão, achei que não iria demorar muito. Primeiro erro da tarde. Até chegar à caixa registadora, passaram uns dolorosos 8 minutos que já anunciavam a desgraça que se avizinhava. E foram apenas 8 minutos porque três das cinco pessoas que estavam à minha frente entretanto desistiram e foram embora. 

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    E se isto já era revelador da espera que aí vinha, o cenário à minha volta era pior: as mesas estavam quase todas ocupadas – mas ninguém estava a comer. Encontrei uma mesa vazia e esperei. Às 13h10, olhei pela primeira vez para o relógio. Às 13h15, olhei pela vigésima vez para a fotografia da Rita Pereira que ia passando na televisão. Às 13h18, tirei a primeira bolachinha da minha mochila para não desfalecer de fome, enquanto uma única senhora preparava as tapiocas de toda a gente na cozinha, outra atendia calmamente na caixa e uma terceira arrumava pacientemente os tabuleiros no balcão. Às 13h29, tirei a segunda bolacha da mochila. Às 13h30, chegou um reforço: uma segunda senhora para ajudar a cozinheira solitária a preparar as tapiocas. Foi a minha salvação. Dez minutos depois, chamaram-me finalmente para ir buscar a minha tapioca. Eram 13h40. 

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    A ementa 

    Aqui a ementa é toda ela feita de tapiocas. Há 12 hipóteses de tapiocas salgadas, que variam por exemplo entre uma tapioca com ovo e queijo e outra com frango, caril e cheddar. A tapioca é dobrada ao meio e o recheio colocado lá dentro. Se preferir, pode pedir uma de três saladas preparadas por uma nutricionista e que são servidas em cima de uma tapioca aberta. E para sobremesa, tem cinco tapiocas doces – desde uma tapioca com Nutella a uma tapioca com goiabada e queijo creme. 

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    Eu pedi uma tapioca de queijo gorgonzola com pedaços de pêra e creme de vinagre balsâmico (€6,10). Apesar de todo o tempo de preparação, a tapioca veio claramente farinhenta, demasiado grossa e com uma consistência muito aborrachada. O recheio não era mau e a combinação interessante, mas achei claramente que havia queijo a mais, o que apagava completamente qualquer resquício do sabor da pêra. Além disso, como optei apenas pela tapioca, sem acompanhamento e para comer à mão, às 15h já estava com disponibilidade abdominal para almoçar um cozido à portuguesa.

    Da segunda vez que lá fui, o tempo de espera melhorou bastante (16 minutos), mas a tapioca manteve-se igual. Pedi a tapioca Hyndia (€6,90) numa versão servida num prato com um acompanhamento de salada (mais €2) que consiste numa mistura de alfaces, canónigos e cenoura ralada. Se a isto juntarmos €1,60 por uma água com gás e mais €0,70 por um café, um almoço sem sobremesa sai-lhe por €11,20, o que me parece manifestamente exagerado.

    Ao contrário da tapioca de gorgonzola, esta tem um tom cor-de-rosa, mas mantém a consistência tipo-borracha e o sabor exageradamente farinhento. Mesmo o recheio – feito com salmão fumado e com um guacamole que mais parecia uma mistura de pedaços de abacate soltos – estava com o sabor a farinha crua que vinha dos grãos que se soltavam da tapioca pouco cozinhada.

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    O serviço 

    É simpático, chamam-nos pelo nome, mas há o problema da lentidão. 

     

    O bom 

    A decoração do espaço

    O mau 

    As tapiocas farinhentas

    O péssimo 

    A demora do serviço

     

    Uma óptima tapioca para si onde quer que a Rita Pereira esteja,

    Ele

     

    fotos: beiju; casal mistério

     

    Nota: Todas as despesas das visitas efetuadas pelo Casal Mistério a restaurantes, bares e hotéis são 100% suportadas pelo próprio Casal Mistério. Só assim é possível fazer uma crítica absolutamente isenta e imparcial. 

    _________________________

    Beiju
    Amoreiras Shopping, piso 1, Lisboa
    Das 8h30 às 23h

    15 comentários em “adivinhe quanto tempo esperámos para provar uma tapioca da rita pereira

    1. Olá….
      Sabem o bacalhau com gengibre e leite Coco e caril
      Queimou se o molho k fiz quando levei forno 200°🤔será por tabuleiro k usei era maior e o molho expandiu se acabando por queimar? Pus 200ml leite coco chegaria? Não percebo muito ingles para seguir receita original….k fazer p uma proxima com mesma receita?

    2. Querido Ele, antes de mais, fiquei feliz quando me disseram que o casal mistério tinha escrito sobre a Beiju, significava que tinham tirado um tempo da sua vida para a conhecer. Mas claro que, ao ler o artigo, a minha felicidade foi por água a baixo.
      Não querendo dar desculpas, gostaria apenas de vos pedir que regressassem à Beiju agora, em Fevereiro, altura em que estamos mais organizados, onde os nossos funcionários já estão mais coordenados e a gestão mais controlada.
      Infelizmente o Sr. Ele foi no mês de abertura, altura em que a demanda foi alta demais, muito acima das nossas expectativas. Claro que por um lado foi positivo, mas por outro, provocou-nos alguns erros infelizes.
      Hoje em dia os nossos relatórios de espera estão muito longe desses 40mn, os recheios de fazer lamber os dedos e a massa, isso varia conforme a pessoa gosta, é só pedir mais fina, mais grossa, mais seca, mais crua, a escolha é do cliente.

      Uma vez mais, as minhas desculpas pelo sucedido e espero que na próxima visita (vá lá voltem!!!) saiam da Beiju com um sorriso.
      Beijusss, RitaPereira

    3. Olá, Rita

      Antes de mais, não quero deixar de agradecer o seu comentário e a sua enorme amabilidade – nem sempre é possível encontrar quem reaja às críticas negativas com tanta elegância e educação como o fez.
      Voltaremos, com certeza, à Beiju logo que for possível e não deixaremos de voltar a escrever sobre o espaço.

      Muito obrigado,
      Ele

    4. Fazer em casa, é uma coisa. Tornar isso num restaurante, cheio de gente, pode tornar a coisa um bocado mal feita. É normal. E quanto ao pessoal, só deve estar nas mesas para tirar uma foto e dizer que foi lá mas se calhar nem comeu nada e tira o lugar a quem quer sentar e comer.

    5. Isto de passar só para criticar tem muito que se diga… já pensaram estar do outro lado, assim a critica seria mais construtiva!
      Uma visita num início de negocio,num dia menos bom, no momento menos oportuno pode destruir um investimento de milhares e milhares de euros!!!
      E pode ja ser irreversível!!!
      Tomem mais cuidado quando escrevem e o que escrevem!!!

    6. Vejo que a Rita é boa gestora ou então está muito bem aconselhada. É assim mesmo que se reaje a uma critica negativa, para mais com a visibilidade que o Casal Mistério tem. Fico sempre perplexo quando vejo donos de restaurantes a atacar quem os atacou nas redes socias. NUNCA. É muito pior a emenda que o soneto.
      Mesmo que a critica seja brutalmente injusta, nunca se deve tornar o tema pessoal. E não é por uma questão de elegância ou elevação. É apenas negócio. A Rita não demonstrou “elegância ou elevação”. Até pode ser que a Rita seja “elegante e elevada”, mas aqui tratou-se de negócios.
      O que se deve fazer é SEMPRE:
      1. Agradecer a visita e o comentário
      2. Reconhecer o erro
      3. Pedir desculpa
      4. Garantir que se já se corrigiu
      5. Aproveitar para comunicar a qualidade do espaço e o que o torna diferente
      6. Convidar a uma nova visita para mudar de opinião
      A Rita fez todos os 6 passos. E como era previsivel o Sr. Ele ficou muito sensibilizado, quase pediu desculpa pele critica negativa, e até prometeu voltar a um sitio onde, segundo ele, foi mal servido. Chapeau.

    7. Rita, desde já Parabéns!
      És das poucas figuras públicas que se dá ao trabalho de responder a críticas totalmente construtivas, que foi o que o Casal Mistério fez, com simplicidade e humildade.
      Admiro-te por isso!

      Sucesso e beiju(s) 🙂

    8. Confesso que nunca tinha ouvido falar neste “Casal Mistério”.

      Eu faço parte daquele grupo de pessoas (vastíssimo) para quem a alimentação é “combustível para manter a máquina” e não “arte para fotografar”.

      Mas não me interpretem mal. Não sou do estilo “farta-brutos”, muito longe disso.

      Mas quando leio comentários a restaurante (e afins) ocorre-me sempre uma dúvida:

      – Foram ao restaurante porque o dono é uma figura pública?
      – Terá sido para experimentar um tipo de comida que não conheciam?
      – Foi para dizer “olh’ó passarinho” para a foto?

      Eu nunca iria a um restaurante apenas porque é da Rita Pereira, do Cristiano Ronaldo ou do Padre Fontes de Vilar de Perdizes.

      Em relação à crítica vejo que foi avaliado o seguinte:

      O serviço – É simpático, chamam-nos pelo nome, mas há o problema da lentidão.
      O bom – A decoração do espaço
      O mau – As tapiocas farinhentas
      O péssimo – A demora do serviço

      Agora vou eu avaliar a crítica:

      1) O serviço (chamam-nos pelo nome, mas é lento). Para mim, esperar muito tempo é desesperante (em 40 minutos eu tinha almoçado duas vezes), mas chamarem-me pelo nome ou dizerem: «Olhe, o seu prato está pronto, é igual)

      2) Decoração do espeço: a decoração do espaço não se “come” (presumo), por isso é irrelevante. Quanto muito a vista para o espaço exterior (um restaurante a beira do mar será sempre mais agradável do que um dentro de um centro comercial).

      3) Tapiocas farinhentas: este é o ponto fundamental. O que nos leva a um restaurante é a qualidade da comida.

      4) Tempo de espera: este é outro ponto fundamental.

      Portanto, acreditando que a crítica é imparcial e honesta, resumir-se-ía a isto:

      «Come-se mal e espera-se muito»! Ponto final.

      Se o restaurante é da Rita Pereira e se o autor da crítica é admirador da mesma, interessa tanto como ouvir a opinião do Marcelo Rebelo de Sousa sobre energia eólica.

    9. Olá,
      Presumo que seja o Sérgio e já lhe respondemos no Facebook, se não for, aqui vai: Provavelmente o tamanho do tabuleiro não ajudou mas experimente pôr mais leite de coco. A receita pede 360 g de leite de coco, 2 colheres de chá de gengibre fresco ralado e duas colheres de chá de caril. Esperamos que ainda vá a tempo! Boas receitas, CM

    10. em Aveiro reabriu a antiga croissanteria que tinha fechado no ano 2000. Sabem quanto tempo se fica na fila para conseguir comprar um? 1,30h a 2horas.
      E sim vale a pena a visita!

    11. Gostaria de deixar uma sugestão. Se tiverem um tempinho, vão experimentar a melhor tapioca que já comi até hoje. Está situada no metro da linha azul no Marquês de Pombal, já depois de passar os torniquetes. Tapioca de doce de leite com queijo a minha favorita. Vale mesmo a pena a experiência. Existe uma variedade significativa de tapiocas doces e salgadas a preços convidativos.
      Parabéns pelo blog 🙂

    12. Quém não tem talento algum… critica. É uma pena não haver por aqui um desses restaurantes, porque mesmo que tenham falado mal fiquei cá com uma vontade de experimentar… não ligo ás criticas de … criticos , gosto de comprovar as coisas por mim mesmo.

    13. O meu primeiro contacto com tapioca foi no Brasil e fiquei apaixonado no entanto era um pouco mais grossa do que tenho comido cá em Portugal… já provei tapiocas de alguns lugares em Lisboa que pouco me cativaram mas recentemente descobri outro espaço na margem sul (Caffee Di Donzelli) que me voltou a dar aquela gostinho que senti no Brasil…

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