Conseguimos finalmente dormir nas famosas Bio Pool Suites do Sublime Comporta! Finalmente? Porquê? É assim tão difícil marcar uns dias no Sublime? (Deve estar a perguntar-se). No verão, é quase impossível, pelo menos para nós. Por duas razões: está quase sempre cheio e (a mais importante) é absurdamente caro, tal como os poucos hotéis de luxo na Comporta. Por isso, aproveitámos os dias de semi liberdade que tivemos antes deste último confinamento para passar aqui duas noites a preços bem simpáticos.
Desde que, há uns anos, fomos jantar ao Sem Porta, o restaurante do Sublime, que sempre tive uma enorme vontade de passar um fim de semana neste hotel de charme na Muda. Na época, a ementa estava a cargo do temível Ljubomir Stanisic, a nossa experiência foi bastante atribulada e de alguma forma dececionante (pode ler aqui) e o hotel era bem mais pequeno. Agora cresceu, o restaurante melhorou muito e o hotel ganhou ainda mais charme.
O hotel
O primeiro 5 estrelas da região começou por ser um turismo rural com apenas 14 quartos. Agora tem 90, entre Suites, Bio Pool Suites e Villas. Este projeto nasceu quando, em 2002, Gonçalo e Patrícia Pessoa, ele comandante e ela assistente de bordo da TAP, se apaixonaram pela região numa visita à Comporta com um casal de amigos. O entusiasmo foi tal que não descansaram enquanto não compraram um terreno por aqui. Só em 2004 é que encontraram o que pretendiam. Começaram por construir uma casa mas, a meio da obra, mudaram de ideias e decidiram transformá-la num pequeno hotel. E ainda bem. Para todos nós.
Mantiveram o projeto da casa inicial à qual chamaram Owner’s Suite. Seguiram-se os Friends Rooms, onde começaram por instalar amigos e convidados. Mas depressa se aperceberam de que estes não iriam chegar para a procura. A Comporta estava definitivamente na moda. Decidiram então construir mais 9 Guest Suites e entre 2014 – quando inauguraram o hotel – e 2016 mantiveram-se com apenas 14 quartos, o restaurante e o SPA.
Hoje o Sublime tem villas e cabanas espalhadas por entre os pinheiros dos cerca de 20 hectares da propriedade. E em 2019 criaram as espetaculares Bio Pool Villas. Desde então que massacro diariamente o meu querido Marido Mistério para passar aqui uns dias. Consegui convencê-lo no final do ano passado e marquei um fim de semana romântico (longe da prole mistério) nestas suites de sonho. Como é que o convenci? Em plena pandemia, o Sublime está a fazer ótimas promoções até ao fim do mês de março. Só para ter uma ideia: as Bio Pool Suites custam normalmente €450 por noite e pagámos €190 por noite, aproveitando a promoção Winter Escape Offer.
Quando fizemos a reserva, anonimamente como sempre, pedi um quarto com lareira. Sugeriram-me, muito simpaticamente, fazer esse pedido por escrito na reserva online, porque se tivessem quartos disponíveis – ainda que mais caros – fariam sem problema um upgrade. Como as Bio Pool Suites têm uma salamandra (para mim está perfeito, já o meu querido Marido Mistério diz que não é a mesma coisa, mas mal abrimos a porta da suite rendeu-se logo), ofereceram-nos uma sem pestanejarem.
A nossa suite
Construídas sobre uma impressionante piscina biológica, as Bio Pool Suites têm terraços privados que lhe dão acesso direto à água, como se estivesse naqueles bungalows em cima da água nas Maldivas, só que a água não é azul turquesa porque a piscina é biológica, claro. E as suites estão construídas sobre palafitas, tal como o famoso Cais da Carrasqueira, construído não muito longe daqui pelos pescadores da região.
As suites são lindas, espaçosas e muitíssimo bem decoradas. Com as paredes, o teto e o chão em madeira e palhinha, todos os objetos são feitos com materiais naturais e rústicos e os tons são neutros, sendo o branco a cor dominante. Tanto os terraços como as casas de banho são enormes e com ótimos acabamentos. Aqui respira-se luxo e bom gosto. Uma combinação rara nos tempos que correm.
Desde os bolinhos e fruta fresca à garrafa de vinho Moscatel à nossa espera no quarto, aos toalhões brancos enormes e macios, aos lençóis incrivelmente frescos e confortáveis, aos vários almofadões de algodão egípcio ou às amenities Claus Porto, tudo aqui tem requinte e conforto e remete-nos para outras paragens de luxo asiático. Só dois reparos: para grande tristeza do meu querido Marido Mistério, a salamandra elétrica não estava a funcionar bem e desligava-se automaticamente. Ele fez de tudo para reacender a chama, mas perdeu a guerra. E a cortina de uma das paredes laterais também estava estragada, só subia até metade. Detalhes, apesar de tudo, perdoáveis quando estamos a usufruir mais de 50% de desconto.
O tempo não estava brilhante quando lá estivemos mas nem a chuva perturbou o nosso fim de semana. Os dois chapéus de chuva que tínhamos no quarto foram mais do que suficientes para percorrer o caminho até ao edifício principal que aloja a receção e o restaurante. Pelo caminho, éramos aquecidos pelas inúmeras lareiras exteriores espalhadas pelos jardins e pelos terraços. À chegada, havia sempre um funcionário pronto para nos abrir a porta, para nos resgatar da chuva.
A verdade é que o nome do hotel lhe assenta na perfeição. As suites são de facto sublimes, o serviço é também ele sublime. Todos os funcionários – sem exceção – são simpáticos, afáveis, competentes e encantadores. E até os pratos do restaurante sublimaram em relação à nossa última experiência.
O restaurante
Para grande felicidade e descanso do meu querido Marido Mistério – a nossa Graça Freitas de calças – as regras de segurança da DGS foram cumpridas a rigor durante a nossa estadia. No primeiro dia, o hotel tinha mais hóspedes e o pequeno-almoço foi servido em regime de buffet, mas ofereciam luvas descartáveis para nos podermos servir sem receios. Além disso, havia álcool gel disponível perto das mesas.
O pequeno-almoço era ótimo e variado. Além dos habituais pães diversos, scones, croissants, bolos, panquecas, bolas de Berlim e pastéis de nata em miniatura, manteiga, compotas e doces, manteigas de amendoim e de amêndoa, uma enorme variedade de queijos, fiambres e presuntos, tinha vários tipos de cereais, granolas, frutos secos e sementes para acompanhar iogurtes frescos e caseiros.
Também havia três sumos naturais diferentes (um deles detox), café, chá e vários tipos de leite, bem como fruta fresca e ovos feitos no momento de todas as maneiras. Ele pediu e rendeu-se logo a uns impecáveis ovos Benedict, eu deliciei-me com os meus ovos mexidos que estavam exatamente no ponto certo: nem demasiado líquidos nem demasiado secos. Estavam perfeitos.
No dia seguinte, o pequeno-almoço já foi à la carte, porque havia muito menos hóspedes do que no dia anterior. Mas basicamente serviram-nos tudo o que pedimos na véspera. E melhor porque no buffet as coisas acabam por arrefecer, como foi o caso das panquecas que, no segundo dia, chegaram quentinhas da cozinha.
Como o tempo não estava brilhante, ficámos a aproveitar o hotel, por isso, almoçámos também na zona do bar que tem um menu de snacks como uns deliciosos e crocantes croquetes, uns palitos de batata doce, uma empada de caça com jus de trufa divinal, ou seja, um convite para a desgraça total e completa da minha dieta. Já o jantar foi tão bom no primeiro dia que optámos por jantar no hotel no segundo dia também porque não resistimos a experimentar mais pratos da lista do Sem Porta.
Na primeira noite, partilhámos um incrível queijo de Azeitão gratinado com presunto Pata Negra de entrada. A seguir, deliciei-me com uma tranche de robalo de mar com xerém e lingueirão, já o meu querido Marido Mistério não resistiu à barriga de leitão com puré de laranja e chips caseiras. No dia seguinte, não me aguentei e tive de pedir a sopa de santola no casco que era absolutamente divinal.
Tudo isto regado com excelentes vinhos de um produtor vizinho do Sublime, a Quinta Brejinho da Costa, que fornece a adega do hotel com um rótulo próprio. Dica: pergunte onde fica a quinta (é praticamente o portão ao lado) e vá abastecer-se de vinho antes de voltar para casa. Encontra os mesmos vinhos que experimentou no hotel a menos de metade do preço. O meu querido Marido Mistério encheu a mala do carro de tal maneira que até tive vergonha de chegar a casa e justificar aos miúdos o nosso carregamento absurdo de álcool.
As atividades
Vale a pena percorrer a propriedade e espreitar a zona da piscina, magnificamente enquadrada na paisagem, os restantes edifícios e passear por entre as villas que se escondem entre os pinheiros ou a horta biológica, que rodeia o restaurante que abre no verão, o Food Circle. Nós fizemos várias caminhadas para tentar abater o excesso de calorias que ingerimos nos dois dias que aqui passámos.
Também pode marcar massagens e tratamentos no SPA e, claro, se estiver bom tempo, não deixe de ir dar um mergulho à Praia do Pêgo ou à Praia do Carvalhal a 10 minutos de carro do hotel. Nós fizemos questão de almoçar no novo restaurante do hotel na Praia do Carvalhal, o Sublime Comporta Beach Club, e adorámos. Mas essa experiência será devidamente relatada pelo meu querido Marido Mistério num próximo post perto de si.
Agora, se puder, apresse-se e vá espreitar o site do Sublime porque as promoções acabam no fim do mês.
O bom
O restaurante
O mau
A salamandra sempre a desligar-se
O ótimo
A decoração do hotel e as Bio Pool Suites
Um ótimo desconfinamento para si onde quer que esteja,
Ela
fotos: casal mistério e sublime comporta
Nota: Todas as despesas das visitas efetuadas pelo Casal Mistério a restaurantes, bares e hotéis são 100% suportadas pelo próprio Casal Mistério. Só assim é possível fazer uma crítica absolutamente isenta e imparcial.
Que espaço fantástico.
Já conhecia mais ou menos de aparecer na TV, mas esta vossa reportagem, digamos assim, faz jus ao local.
Muito bom e, nesta altura, com a pandemia, certamente que deve ser um local fantástico para aproveitar (em sossego e em preços).