barbatana, a loooonga espera no novo restaurante das amoreiras

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    Há poucas coisas piores do que um restaurante que dá para os dois lados. O mínimo é assumir-se publicamente, perante a sociedade: ou é um restaurante self-service, de tabuleiro em punho; ou é um restaurante com empregados a servirem à mesa. O que não pode ser é um restaurante de self-service no balcão e um restaurante de servir à mesa na cozinha. Quer dizer, poder pode – mas não é a mesma coisa. 

    Todo este meu profundo e sustentado raciocínio foi burilado ao longo dos 22 penosos minutos que esperei pelo meu almoço, sentado na zona de restauração das Amoreiras, com o tabuleiro vazio do Barbatana pacientemente pousado à minha frente e o pager, que me deveria avisar quando a comida estivesse pronta, mudo ao meu lado.

     

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    O serviço

    Quando me apercebi de que já tinha tido tempo de ouvir a 1ª Sinfonia de Beethoven, resolvi levantar-me e confirmar com o empregado (sempre muito simpático) se eventualmente o pager não estaria estragado.

    – Ainda vai demorar mais cinco minutos.

    – Cinco minutos?! Mas vamos conseguir chegar à meia-hora de espera?

    – Pelo menos dois ou três minutinhos… Ainda está a saltear a massa.

    Apreciei a técnica calejada do empregado: perante a indignação do cliente por causa da longa demora, usa-se o diminutivo para parecer menos tempo.

    Voltei para o lugar, sentei-me e esperei mais dois minutos. Tempo total de espera: 25 minutos.

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    A ementa

    O Barbatana é o novo restaurante do grupo Porto de Santa Maria. Inaugurado em Setembro, nas Amoreiras, apresenta-se pomposamente como o “irmão mais jovem e irreverente, que democratiza o consumo de peixe e marisco de qualidade”. Nas Amoreiras, tem duas áreas: uma fechada e exclusiva do restaurante, com serviço de mesa e uma ementa cara; e outra de balcão, onde pede o que quer comer na caixa, a preços mais acessíveis, e leva num tabuleiro para o food court

    Eu fui lá almoçar com a minha querida e prezada Mulher Mistério e até não escolhi nada mal. Pedi um wrap de sapateira (€7,20), feito com uma deliciosa pasta de sapateira sem excessos de maionese ou de outros molhos estranhos ao marisco. Aqui o recheio sabe a sapateira fresca e é isso que interessa. Por dentro do wrap vêm ainda umas agradáveis folhas de alface e, no prato, acompanha um guacamole que estava bom mas era manifestamente pouco. Para completar, servem-lhe ainda uns óptimos nachos, fininhos, estaladiços e sem gordura a mais. Melhor notícia ainda: além de estar óptimo, este prato só demorou 22 minutos.

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    Pior sorte teve a minha querida Mulher Mistério. Como é uma senhora de algum alimento, atirou-se para uns noodles de salmão (€7,80) que já demoraram uns ligeiramente mais dolorosos 25 minutos a aperaltarem-se. São feitos com legumes salteados em juliana e levam courgette, cebola, pimento, cenoura, beringela, salmão e umas amêndoas tostadas e laminadas muito fininhas por cima. Estavam saborosos e bem temperados, mas o salmão estava seco e passado demais – se calhar, os 22 minutos era o tempo ideal.

    Como estávamos com alguma pressa, não tivemos tempo de pedir sobremesa. Limitámo-nos a beber duas Coca-colas (€1,50 cada) e a correr para os braços dos nossos coleguinhas de trabalho – almoços de mais de uma hora não se compadecem com o tempo de crise. 

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    O ambiente

    O restaurante tem a zona do balcão, que serve as mesas comuns do food court, e uma sala de refeições exclusiva que mais parece a casa do Roberto Carlos: as cadeiras são brancas, as mesas são brancas, as paredes são brancas, os candeeiros são brancos, as toalhas são brancas, as cortinas são brancas, o chão é branco, o tecto é branco… A única coisa que destoa são uns laivos de azul marinho no tecto e o interior dourado dos candeeiros.

    Ao longe, o excesso de branco até parece dar um ar mais arejado ao espaço, mas de perto parece que entrámos num ritual candomblé. Só mais uma corzinha não lhe fazia mal.

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    As crianças

    Ao balcão, tem um menú infantil com sopa, prato e sobremesa por €6,50. De prato principal pode escolher spaghetti com almôndegas de peixe, fish and chips ou mini-bitoque de frango.

     

    O bom

    O wrap de sapateira

    O mau

    A decoração

    O péssimo

    O tempo de espera no food court

     

    Um bom almoço para si onde quer que esteja,

    Ele

     

    fotos: amoreiras; barbatana; casal mistério

     

    3 comentários em “barbatana, a loooonga espera no novo restaurante das amoreiras

    1. Nas primeiras semanas de abertura fui várias vezes. Gostei bastante. Depois, de mal a pior, sobretudo na parte da confeção. Nunca mais fui. Nem irei.

    2. Trabalho nas Amoreiras por isso conheço todos os restaurantes do centro muito bem. No inicio, o Barbatana apresentou-se como uma excelente alternativa, com pratos com qualidade, o prato do dia geralmente é bom e até bastante rápido (por exemplo comparativamente com as filas intermináveis do selfish). Tambem já almocei 4 vezes no restaurante em almoços de trabalho (confesso que o branco foi uma alternativa refrescante à escuridão do Madeirense) e gostei do peixe grelhado: muito fresco e bem grelhado.
      Com o passar do tempo têm piorado claramente a qualidade e o tempo do serviço. Já há bastante tempo que não vou lá… que pena

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