O que é que você faz a uma segunda-feira à noite, depois de ter andado o dia todo fora de casa a apanhar chuva, vento, sol, mais chuva, mais vento, mais sol? Eu sei o que faria: preparava um chá de tomilho a ferver cheio de mel, enfiava-me debaixo de um cobertor à lareira e via quatro episódios seguidos de Newsroom até começar a acreditar que a Primavera está mesmo quase a chegar. Mas, infelizmente, isso é relativamente difícil quando estão cinco almas famintas à minha espera com o guardanapo à volta do pescoço e os talheres em riste nas mãos. É por isso que passo directo da porta da rua para a porta da cozinha, pressionado pelo salivar das cinco bocas incansáveis – sim, a minha querida Mulher Mistério consegue estar sempre no topo do Ranking do Apetite…
E, como não podia emigrar para a redacção de Newsroom, resolvi emigrar para a China – o mais rapidamente possível para tentar evitar que me assassem a mim no forno, tal era o desespero alimentar.
A receita é simples e depende daquilo que tiver no frigorífico, porque a grande vantagem de cozinhar é poder inventar. Pegue num pacote de massa chinesa Colmi (à venda baratinha no Minipreço) e coza-a durante quatro minutos. Entretanto corte às fatias uma cebola e um alho francês e passe por azeite e sal num wok. Junte-lhe depois uns rebentos de soja e reserve (sempre sonhei poder usar esta expressão num texto – dá um ar profissional). Quando a massa estiver cozida (convém ir mexendo com um garfo para ela se soltar), desligue o lume e deite 350 gramas de miolo de camarão congelado lá para dentro. Espere um minuto e escorra por um passador. Isto permite ter o camarão mal cozido, que é o ideal nesta fase. Se o coze demais arrisca-se a deixá-lo seco, empapado e desagradável. Junte a massa e o camarão no wok e rale por cima uma beterraba descascada crua: eu tenho uma aqui acabada de chegar no meu cabaz da horta. Junte tudo durante um minuto com o lume brando, só para passar a cor da beterraba para a massa, e desligue.
E é nesta fase que uma massa normal se torna num verdadeiro chao min chinês. Com cuidado, coloque todos os camarões para baixo e deixe só a massa por cima. Deite mais um bocadinho de azeite e ligue o forno no máximo, só com a resistência superior a trabalhar no modo grelha. Quando a temperatura chegar aos 250 graus, coloque o wok lá dentro durante uns minutos. A ideia é tostar a massa que está por cima e não deixar secar tudo o que está por baixo: massa, camarão e legumes. Por isso, é preciso ter atenção: mal a parte de cima estiver tostada, tire cá para fora e sirva. Só há dois ingredientes obrigatórios neste prato: a massa chinesa e os rebentos de soja. Tudo o resto, depende do que tiver em casa e das conjugações que gostar: bróculos e frango ou porco e caju também ficam deliciosos. E tente não cozinhar demasiado os ingredientes, é bom que os sinta quando os trinca.
A grande vantagem é que, enquanto eles repetem, eu preparo o DVD: não são quatro episódios, são só dois, mas já não é mau.
Ingredientes
– 250 gramas de massa chinesa Colmi
– 350 gramas de miolo de camarão
– 1 cebola
– 1 alho francês
– 1 molho de rebentos de soja frescos
– 1 beterraba
– Azeite
– Sal
Ele
Gostei, Ele.
Vou tentar não me esquecer de comprar a massa…
Ah! Não tenho wok.
zru
Ainda bem que gostou. Cheguei a pensar responder-lhe em chinês, mas achei um bocadinho demais . Por isso aqui vai: para mim, o wok é fundamental na cozinha. Não só para as massas chinesas mas para quase todas as massas: é suficientemente grande para misturar a massa com o molho o pode ir ao forno porque tem pegas de ferro. Se puder, invista num. Com este chao min, é uma grande ajuda para tornar a massa estaladiça sem ficar seca. É mesmo muito bom!
Bons cozinhados,
Ele
ahahahaha! Não esperava uma resposta.
Se decidir comprar, é porque tenho dois adolescentes (sobrinhos)que habitualmente almoçam comigo e adoram massas.
Obrigada pela simpatia.
Era o que faltava! Procuramos sempre responder aos comentários. Se por acaso não o fizermos, é seguramente uma falha involuntária…