conversas de alpendre: o hotel de charme que nos faz sentir em casa na melhor zona do algarve
Confesso que estava doida para conhecer este hotel familiar. Uma amiga minha tinha estado no Conversas de Alpendre e tinha vindo encantada, não só com o ambiente mas sobretudo com a simpatia dos anfitriões. Finalmente conseguimos marcar um fim de semana e lá partimos os dois rumo à nossa zona preferida do Algarve: Cacela.
Seguimos obedientemente o GPS que nos indicou a Estrada de Santa Rita depois de virarmos para Vila Nova de Cacela. Levou-nos até um caminho estreito que desembocava num portão de madeira clara que se abriu mal tocámos à campainha com um simpático “bem-vindos” através do intercomunicador. O portão moderno e estilizado esconde um pequeno paraíso que nos deslumbrou ao primeiro olhar. Que paz! Que sossego! Que tranquilidade! Imagine um monte no meio do campo com o mar em fundo. E logo na melhor zona do Algarve…
Percorremos com o carro o curto caminho até à zona da piscina e da receção. Fomos recebidos por uma eficiente funcionária que nos ofereceu uma bebida de boas vindas e uma fatia de bolo enquanto fazíamos o check in. Fez-nos uma pequena visita guiada pela sala de estar, pela zona da piscina e pelo famoso alpendre e levou-nos até ao nosso quarto, que tinha acesso por um simpático pátio, também ele com recantos deliciosos e um espetacular altar exterior.
Enquanto eu desfazia a mala, Ele foi guardar o carro no parque de estacionamento inteligentemente situado ao fundo da propriedade, perto da casa dos proprietários do hotel e da famosa casa da árvore. Mas já lá vamos…
Os anfitriões
Este hotel familiar nasceu de um sonho antigo de Cristina e José Carlos. Mas quem acabou por o concretizar foi a filha, Marta, e o marido, Tiago. Quando nasceu Francisco, o filho de ambos, decidiram largar as respetivas carreiras e dedicar-se à reconversão deste hotel antigo. Puseram literalmente mãos à obra e, aos poucos, transformaram um espaço pesado e sem história num hotel encantador.
Passado um tempo, Cristina e José Carlos seguiram o exemplo da filha e do genro, largaram os empregos estáveis numa multinacional e foram dar uma ajuda a Marta e a Tiago. O ambiente não podia ser mais familiar. Quando chegámos, Francisco, agora com 3 anos, estava a brincar na piscina, sob o olhar atento dos avós. Tiago veio ter connosco para se apresentar, com o sorriso mais franco, mais genuíno e afetuoso com que alguma vez fui brindada.
Nunca em tantos hotéis em que já estivemos fomos recebidos com tanta simpatia, tanta naturalidade e com tanto gosto. Os anfitriões são de uma simpatia e disponibilidade desconcertantes. Falam com os hóspedes como se fizessem parte da família, fazem-nos sentir literalmente em casa, com as tais conversas de alpendre, sempre tão agradáveis. Conseguiram ser sempre delicados e nunca intrusivos. E sempre, sempre, com um enorme e disponível sorriso na cara.
O hotel
Imagine um monte com aqueles típicos terraços e pátios algarvios, pintado de branco, com o mar em fundo. A casa abre-se para um imenso deck de madeira clara que cerca a piscina. Depois, há o famoso alpendre e inúmeros recantos, cada um mais apetecível do que o outro, como uma cama de ferro forjado à sombra de uma árvore, o cantinho das massagens, o recanto dos fumadores com uma fogueira exterior.
Tudo isto entre árvores de fruto, amendoeiras e alfarrobeiras. Perto da piscina de água salgada, espreguiçadeiras estilizadas e camas com dossel híper confortáveis, com uns colchões cinzentos e umas cortinas brancas, são claramente o spot mais disputado entre os hóspedes. Fiquei com a sensação de que alguns casais se mudaram definitivamente para lá. Faziam ali as refeições e não puseram o pé na praia. Não os censuro. As camas são mesmo de sonho.
O famoso alpendre, onde se fazem as refeições, também tem um spot híper disputado: um original baloiço em vez da habitual cadeira junto a uma das mesas. Escusado será dizer que o meu querido Marido Mistério não descansou enquanto não conseguiu ocupar o lugar. Chegou ao ponto de acordar mais cedo para conseguir baloiçar-se durante todo o pequeno-almoço. É uma criança. Não há nada a fazer.
De frente para a sala e ao longo da piscina também há um outro alpendre com uns sofás e uma zona de chill out, com um telescópio para ver as estrelas. Aqui, tem sempre um dispensador com água aromatizada e o bolo do dia para os hóspedes se servirem. Um detalhe, a música ambiente tem uma playlist de um bom gosto irrepreensível. Passei o fim de semana inteiro a fazer Shazam.
Os 11 quartos (suites standard, superiores, com terraço e um apartamento familiar) situam-se todos na casa principal: uns no terraço, outros em redor do pátio, mas o ex libris do hotel, está ligeiramente mais distante. Mais recatada, ao fundo do jardim impecavelmente arranjado, está a espetacular Casa da Árvore.
É demais não é? Não dá para acreditar no conforto do interior. Com uma vista deslumbrante, é o melhor sítio para namorar.
O nosso quarto
Infelizmente, não conseguimos reservar a Casa na Árvore. Quando marcámos já só havia suites standard. O meu querido Marido Mistério ficou feliz da vida porque, claro, são os quartos mais baratos e “chega perfeitamente para nós os dois” (emoji com os olhos revirados). Mas a verdade é que chegou.
O nosso quarto não era grande, de facto, mas era muito giro. A casa de banho, por exemplo, está integrada no quarto. Claro que há um espaço privado para aquelas necessidades mais íntimas, a zona do lavatório, aberta, fica no meio e, do outro lado, o duche é enorme e confortável, mas, por vezes, a água aquece pouco. O meu pobre Marido Mistério tomou banho sempre com água quase fria. O que vale é que estava calor.
O chão de toda esta zona da casa de banho está forrado com os meus azulejos preferidos: mosaicos hidráulicos em tons de azul e branco, o que dá cor e alegria ao quarto. Ah, e as amenities eram Castelbel, que eu adoro.
A cama de casal tem um voile branco por cima que lhe dá muita graça e as mesinhas de cabeceira eram pequenas, de madeira rústica, fixas na parede como antigamente. Uns bancos coloridos estrategicamente colocados de cada lado da cama, davam apoio à eventual falta de espaço das mesinhas de cabeceira.
O quarto, que tinha imensos detalhes românticos de decoração, só tinha um defeito: não tinha uma única gaveta para arrumar a roupa. Só um mini armário que é uma espécie de charriot com alguns cabides. Se quiser passar aqui uma semana, vai precisar de muita imaginação para guardar a sua roupa. Em cima da mesa que escondia o minibar, tínhamos um original jogo do galo feito com pedras e um pedaço de tecido guardado num saco de serapilheira, umas bolachas caseiras, uma máquina de café e uma chaleira.
O pequeno-almoço
O pequeno-almoço começa às 8:30 e termina quando quisermos, por isso, pode dormir à vontade sem o stress de ter de acordar à pressa para não correr o risco de encontrar travessas vazias e restos de comida. Para mim, que sou dorminhoca, é a melhor notícia que me podem dar num hotel: um pequeno-almoço sem horas para acabar. Que delícia. Às horas que costumo acordar, já lhe posso chamar brunch.
O pequeno-almoço das Conversas de Alpendre não é buffet. É servido à mesa com o requinte do ambiente que nos rodeia. O alpendre já é uma delícia, então quando nos chegam à mesa sumos naturais do dia, um viciante iogurte caseiro com uma deliciosa granola, o pão do dia, vários croissants, queijos diversos, compotas caseiras e uma tentadora salada de frutas, já nem sabia por onde começar. Sendo que pode pedir vários tipos de leite, café ou chá e ovos da maneira que quiser (nós provámos uns ovos mexidos incrivelmente bem feitos). Tudo era ótimo, tudo era fresco, tudo era do dia. Resumindo: irrepreensível.
Aliás, aqui cozinha-se com gosto, com prazer e muito talento. O Chef Gonçalo vai todos os dias à praça e faz um menu diário com os produtos frescos que encontra no mercado. No dia em que jantámos nas Conversas de Alpendre ficámos rendidos.
Vê-se que os pratos são cozinhados com requinte e dedicação: desde uma incrível amouse bouche que incluía uma colher comestível com cebola caramelizada, foie gras e uma fatia de maçã, a umas entradas deliciosas e originais como salada de queijo e ervas aromáticas e uma sopa fria de morango e beterraba, a pratos como caril de camarão e uns filetes de robalo deliciosos. Das sobremesas, nem me quero lembrar para não chorar: Ele pediu uma tarte de amêndoa e eu desgracei-me com uma escandalosamente boa tarte de chocolate e caramelo salgado. Se vier aqui, jante pelo menos um dia, vale mesmo a pena.
O serviço é também irrepreensível: é difícil encontrar num mesmo espaço tanta simpatia e eficiência em todos os funcionários. Há claramente uma preocupação em formar bons e dedicados profissionais, sendo que os próprios anfitriões estão sempre por ali para evitar eventuais falhas.
Bem, esta prosa já vai longa e todo este post e as Conversas de Alpendre resumem-se numa só palavra: Excelente.
O bom
A decoração do hotel e dos quartos
O mau
A falta de espaço para arrumar a roupa no nosso quarto e a água morna/fria do duche
O ótimo
Os espaços exteriores, serviço e a simpatia dos anfitriões
Umas ótimas férias, de preferência, em sítios assim,
Ela
fotos: love is my favorite color/conversas de alpendre e casal mistério