…Tchan… tchan… tchan… mistério… suspense…
Não sei se ainda está a pensar qual será a resposta definitiva, mas para esta boca de Glutão do Presto, não restam grandes dúvidas. Nem pequenas. O bolo-rainha, da Pastelaria Garrett, no Estoril. Eu sei que rei não é rainha e Estoril não é Lisboa, mas desde que vi a estrela de um reality show como Presidente dos Estados Unidos que aprendi a relativizar tudo.
Primeiro, convém fazer as apresentações. A Garrett é uma pastelaria com mais 80 anos que serve dois dos melhores bolos que já provei: as fabulosas pratas, umas bolachas muito fininhas e estaladiças ligeiramente tostadas e que conseguem atingir o nível perfeito de doce que se quer num bolo para acompanhar um café (vai ver como é capaz de comer uma caixa inteira, num instante, a seguir a um jantar em sua casa); e o fabuloso bolo-rainha, uma verdadeira mina de frutos secos e tostados que combina nozes grandes e deliciosas, amêndoas fininhas e laminadas e pinhões saborosos, essa autêntica raridade nos dias que correm.
Eu sei que bolo-rainha não é bolo-rei: não tem a gulosice das frutas cristalizadas nem o interior húmido do açúcar derretido. Mas isso é o bolo-rainha tradicional. O da Garrett consegue desmentir todos esses preconceitos.
Primeiro, porque a quantidade e a qualidade dos frutos secos é sobrenatural. No exterior, não deve haver um centímetro quadrado sem um fruto seco delicioso e crocante e, no interior do bolo, as passas misturam-se na perfeição com a as amêndoas e os pinhões, o que nos leva a facilmente dispensar as ginjas, as laranjas e outros exageros cristalizados.
Depois, porque o tal interior húmido e delicioso é muito maior neste bolo do que em muitos e famosos bolos-reis que andam por aí. Tanto a gordura libertada pelos frutos secos tostados como o sumo caramelizado das passas criam um recheio húmido e verdadeiramente viciante. E ainda leva uma fina camada de açúcar – nada de exageros – que derrete delicadamente por cima do bolo, criando uma cobertura mais consistente que entranha discretamente até ao interior. Mas o melhor é ver a galeria aqui em baixo.

A seguir, a massa. Nunca ao longo desta provecta idade consegui encontrar um bolo que tivesse uma consistência tão leve e fofinha. Há bolos mais fofos, mas que são mais pesados, e bolos mais leves mas que são mais duros. O bolo-rainha da Garrett consegue estar no ponto de equilíbrio perfeito entre a leveza de uma nuvem e a fofura de uma bochecha do Louis Armstrong.
Finalmente, o aroma. O cheiro de um bolo-rainha da Garrett é capaz de perfumar uma sala durante um dia inteiro sem cair no odor enjoativo do excesso de frutas cristalizadas. É uma mistura incrível entre o álcool das bebidas adicionadas à massa, o caramelizado das passas e o tostado dos frutos secos. É tão agradável que até custa comê-lo.
É claro que nada pode ser perfeito e aqui o drama é a confusão. Quando chega a época do Natal, a Pastelaria Garrett torna-se uma arena de wrestling, onde os clientes alternam entre a violência sobre os adversários e o suborno aos empregados para conseguirem um bolo sem precisarem de esperar mais de meia-hora.
Na véspera de Natal, a loucura é tão grande que logo de manhã se forma uma fila de gente com dezenas de metros, que dá a volta à rua, com um único objectivo: levar para casa, acabadinho de fazer, o melhor bolo-rei e rainha de Lisboa. Lisboa distrito, claro, que este é um blog rigoroso.
Um óptimo bolo-rainha para si onde quer que o bolo-rei esteja,
Ele
Só falta dizer o preço…
Crónica da agonia
Olho hoje para pequenas particularidades que me passariam completamente despercebidas nos meus tempos de rapaz e a cada dia penso mais nelas, é certo que a idade nos vai apurando os sentidos e refinando os sentimentos, não que seja muito idoso mas os anos vão deixando algumas boas e também más vivências e já com tantas delas dei por mim a pousar os olhos num resto de bolo-rei que estava num prato ao fundo da mesa e veio-me à memória que noutros tempos o bolo tinha uma cor mais escura, mais caseira uma textura diferente e outro sabor, depois percebi porque é que o bolo é esverdeado e avermelhado, é tingido, devido à fartura de frutos cristalizados,-pois é! … pensei eu cá com os meus botões, é isso mesmo, mas e os pinhões as amêndoas as nozes e outros? que é deles? fiquei a remoer sobre o assunto e voltei a remoer… percebi então que com esta vaga de bolos estranhos que nasceram à pouco tempo e que a pobre pastelaria do venha a nós, dá o nome de bolo-rei disto, bolo-rei daquilo, acabaram por levar a massa e os frutos secos para uma dessas modernices e chamam-lhe bolo-rainha, ou seja, já não temos senão um bolo que outrora foi realmente rei da doçaria na mesa de natal. Mais um daqueles casos em que se mantém a coroa mas a cátedra, essa já lá vai…talvez que se safe o real bolo britânico… (Inglês)
Acredito em parte na sua apreciação, mas já que anda pelo chiado vá provar este e depois dê a sua opinião. ia.aspx?id=149732&h=chiado-bolo-rei-premiado-pastelaria-ba talha
Festas felizes.
https://loja.lifecooler.com/descontosdod
Experimentem o bolo rei da Sacolinha. Se acham que o da Garrett é fofinho (e é..) então vão cair para o lado com o da Sacolinha.
Uma vossa fã e também fã incondicional de todos os bons bolos rei