Primeiro assumo: gosto de ir à Feira do Livro, perder horas a passear entre as bancas, procurar livros que nem sabia que queria ter. Agora confesso: estava a começar a ficar ligeiramente saturado daqueles pavilhões com ar de feira de domingo em Santa Comba de Rosas, daquelas roulottes com pipocas e farturas a transbordar gordura, daquele ambiente hiper-alergénico que fazia qualquer pessoa fugir da Feira do Livro com a mesma rapidez com que foge do José Castelo Branco quando tem o azar de o ver na rua.
Foi, por isso, com profunda satisfação e profundíssima alegria que entrei este ano no Parque Eduardo VII. Primeiro, os pavilhões estão com bom aspecto, cores vivas e um ar moderno que convida a entrar. Depois, as roulottes de pipocas e de farturas continuam lá – mas a um canto, onde o cheiro a gordura já não incomoda tanto. No meio das bancas de livros, há mesas, cadeiras, chapés de sol brancos, espaços lounge e roulottes vintage com petiscos e bebidas tentadoras. A Feira do Livro deixou de ser um sítio onde temos a obrigação de ir para ser um local onde temos prazer em ir. Deixou de ser o conjunto de quatro filas de barracas com livros para ser uma feira cool, com ambiente e animação.
Este ano é possível passear, comprar uns livros e sentar-se tranquilamente a beber um gin em copo de balão (até gin em balão, meu Deus!) enquanto lê o primeiro capítulo de um romance – a Gin Lovers tem um canto simpático com várias marcas, águas tónicas e misturas. Ou então pode combinar com uns amigos e almoçar uns deliciosos mexilhões ao fim-de-semana na roulotte do Moules & Go. Ou pode ainda pegar numa fatia de pizza da Pizzaria do Bairro e seguir a comer enquanto olha para as montras. Ou experientar um kebab da Padaria dos Poetas. Ou uma bola de Berlim (tradicional, de doce de leite ou de maçã e canela) das Bolas da Praia. Ou um gelado da Ben&Jerry’s. Ou uma ginginha da Ginginha de Óbidos. Ou até mesmo umas pipocas dentro de um cone bonito da Zeapop. Ao todo, estão lá 30 espaços de restauração, com bom aspecto e boa comida, que vale a pena visitar apesar de terem passado totalmente despercebidos nas acções de comunicação da Feira do Livro. E há ainda concertos de jazz no enorme espaço da Leya e outras iniciativas que valem mesmo a pena.
Meus senhores, colocar sítios simpáticos para se estar a descansar e a comer bem não é acabar com o espírito da feira, é dar mais espírito à feira; não é distrair as pessoas dos livros, é atrair mais pessoas para os livros. Só foi pena terem demorado 84 anos para perceber isso.
Boas leituras e boas comidas para si onde quer que esteja,
Ele
Adorei saber estas novidades. Ainda não visitei a feira este ano, mas conto fazê-lo e assim, talvez até coma um petisco por lá 🙂 *
Está um óptimo sítio para almoçar ou jantar… Depois diga-nos se comeu bem. Obg, Ele
vou lá no próximo sábado e é excelente saber de antemão que vale a pena, não só pelos livros! as mundanças fazem bem 😉
Logo no primeiro dia de visita, parei na barraquinha dos Moules & co. e fiz a festa. No dia seguinte, provei as Chippers, já estive na esplanada da Radler e também já marchou uma fartura e um geladinho. Nem por isso trouxe menos livros para casa. Que seja para durar:)
De acordo. Boa feira, Ele
Esperamos que sim. Infelizmente ainda nao provei as Chippers. Fiquei com vontade. Obrigado, Ele
Infelizmente, nem tudo são rosas. No corredor dos stands “D”, há um espaço que grelha carne e o cheiro é insuportável (além de se entranhar na roupa, no cabelo e em qualquer pedacinho de pele descoberta).
Cheiro a churrasco não é nada agradável…