furnas do guincho, um restaurante com um peixe fantástico e uma vista maravilhosa

    Um jantar com a sogra? Por favor, chamem o INEM. Um jantar com a sogra e com o marido da sogra, que não é o sogro? Meu Deus, podem começar a massagem cardíaca. Um jantar com a sogra e com o marido da sogra, que não é o sogro, no restaurante Beira Mar em Cascais? Apaguei de vez – pode entrar o coveiro. Nesta fase da tragédia, só há uma maneira de me ressuscitarem: a alteração de um destes três factores apocalípticos. E por uma feliz coincidência, isso aconteceu a poucas horas do mergulho no abismo: o Beira-Mar estava fechado até ao dia 21 de Dezembro. E foi assim que, em estado pré-comatoso, entrei nas Furnas do Guincho.

    O ambiente

    Do meu lado esquerdo, um grupo de 20 turistas homens, fardados com blazer e camisa sem gravata, a beberem vinho com se estivessem a beber água. Do meu lado direito, um casal de turistas, a beberem vinho como se estivessem a beber uma marguerita. Atrás de mim, uma familia de turistas, a beberem água como se estivessem a beber vinho. À minha frente, mar, muito mar. Esta é a parte boa das Furnas do Guincho. Apesar de a média de idades rondar os 60 anos e do alemão ser língua mais falada, há uma esplanada com uma vista soberba sobre o mar. É claro que nesta altura do ano a esplanada não é para usar, mas é para isso que existem janelas. E aqui janelas não faltam. A decoração está ao nível da média de idade dos clientes e do bom gosto de Angela Merkel para se vestir. 

    A ementa

    O pão é básico, as tostas são grossas e a broa embucha. Não há azeite na mesa, nem patés ou qualquer outra frescura. Aqui é tudo à antiga. E isso nem sempre é bom. Especialmente quando o couvert básico contrasta com a decoração pretensiosa. Mas há sempre umas gambas razoáveis para picar e, no Verão, uns percebes bonzitos.

     

    O peixe 

    Não vale a pena vir aqui para comer um bife. Este é um restaurante de peixe, bom peixe, óptimo peixe. Especialmente se o pedir ao sal. Neste dia de sacrifício, o marido da sogra comeu uns filetes de cherne com sala russa (quem é que vai a um restaurante de peixe comer filetes de cherne com salada russa?!) e a sogra pediu uma paelha (o que à partida pode parecer um absurdo, mas depois se revelou uma surpresa, com o arroz solto e molhado em azeite). Eu preferi não inventar. E não inventar aqui é pedir um robalo do Guincho ao sal. O peixe estava fresquíssimo e cozinhado no ponto, que é o mesmo que dizer suculento e a dividir-se facilmente em lascas. Falha: o peixe vem apenas com molho de azeite e alho, falta claramente o molho tártaro e o molho holandês, que nem a pedido conseguiram fazer. 

    A sobremesa 

    Nesta área não pode haver dúvidas. Tem de pedir a mousse de avelã, uma receita caseira tradicional de Cascais, feita há duas gerações pela familia Arouca para os principais restaurantes da região. O segredo está na mistura de um chocolate pouco doce a envolver um nogat maravilhoso de avelã. Imperdível! O serviço Apesar de estarem encantados com a mesa dos turistas de blazer sem gravata, os empregados foram eficientes e simpáticos. É uma vantagem destes restaurantes junto ao Guincho: há sempre mais empregados do que é realmente preciso. E, no caso das Furnas do Guincho, nem tem de pagar o absurdo que paga, por exemplo, no Mar do Inferno ou no Porto de Santa Maria. Continua a ser demasiado caro, mas neste caso esse até foi um problema do marido da sogra. Ninguém lhe mandou pedir a salada russa…

     

    Um abraço para si, onde quer que esteja,

    Ele

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