Há algum tempo que tinha curiosidade de conhecer o Grei. Quando eu era criança, chamava-se Chester, depois foi um restaurante argentino, agora é o Grei. Atenção: Grei com i, não tem qualquer relação com o senhor das sombras. Infelizmente.
O ambiente
A decoração do espaço é sóbria e elegante, em tons de cinzento e branco (porque será?) e à entrada existe uma espécie de um hall com um balcão com o bar e uma chaise longue em frente. Pedimos dois gins, what else? Para mim, um Brockman’s, para Ele, um Bulldog. Os gins foram muitíssimo bem servidos só com um único percalço: a Fever Tree tinha acabado, o que para Ele é sinónimo de tragédia, por isso teve de se contentar com uma Schweppes normal. Para acompanhar, trouxeram um pratinho com amêndoas tostadas e avelãs.
Aproveitei para ir à casa de banho lavar as mãos e fiquei logo bem impressionada: moderna, em tons de ardósia, bem arranjada e com sabonete líquido e creme para as mãos com um cheiro maravilhoso.
Enquanto bebemos os nossos gins e esperávamos por uns amigos nossos, aproveitei para estudar a sala principal, de não fumadores, que tínhamos escolhido quando fizemos a reserva. De facto, o cinzento e o branco imperam num ambiente tranquilo com uma música de elevador de fundo. É claramente um restaurante para adultos ou para executivos ao almoço. As mesas são sóbrias e requintadas com toalhas brancas e guardanapos de pano. O que mais me chamou a atenção foram os três candeeiros gigantes pendurados do teto, muito giros e imponentes, e um quadro colorido (em contraste com o resto da decoração) com as principais figuras da história portuguesa, uma obra de arte que até hoje estou para perceber se achei graça ou uma foleirada.
A parede do fundo tem um espelho que dá profundidade à sala. Quando entrámos estavam apenas três mesas ocupadas por turistas mais uma enorme mesa para 12 encostada à parede do espelho. Tememos o pior. Até que começou a chegar uma família imensa com as três ou mesmo quatro gerações representadas. Era uma festa de anos de um adolescente agro-beto, de blazer, bem mais tranquila e silenciosa do que imaginávamos.
A ementa
E o jantar? Comecemos, como dizia o outro, pelo princípio.
O couvert
O cesto de pão vem bem recheado com pão com chouriço, outro com azeitonas pretas e verdes, pão de açafrão com frutos secos e baguette ou pão alentejano (todos bons, especialmente o de açafrão) e uns grissini fininhos nada de especial porque a massa era farinhenta (primeira desilusão). A acompanhar uma manteiga de ervas com sabor a Planta (segunda desilusão), uma cebola confitada demasiado doce (não chegou a ser desilusão, simplesmente gosto da cebola confitada para contrastar com sabores salgados mas sozinha no pão não resulta), uma tepanade de azeitona banal e um prato de azeite com um dente de alho com casca muito bom. Ou seja, só o couvert variou entre o bom, o mau e o indiferente.
As entradas
Optámos por partilhar todas as entradas, o que no nosso caso dá sempre jeito porque conseguimos provar um maior número de pratos. E também aqui houve de tudo: pedimos uns croquetes de pato com queijo creme que estavam simplesmente deliciosos: o recheio era muito líquido e o queijo era tão leve que parecia uma gelatina. Seguiu-se um tártaro de carne ótimo com uma tosta muito boa. Depois veio um queijo terrincho bom com um doce de tomate e avelãs por cima e umas tostas finas a acompanhar e, por último, a pior das entradas: um camarão marinado com cebola demasiado intenso e muito avinagrado.
Os pratos principais
Depois de tanta entrada, decidimos dividir três pratos pelos quatro. Começámos por um ótimo e saboroso peixe-galo com alcachofra e molho de champanhe, depois experimentámos asa de raia com gnochi de batata. A raia estava fresca e bem cozinhada e vinha com um excelente molho de mostarda que não era muito forte. Por baixo trazia uns gnocchis de batata que se desfaziam no molho mas tinham uma consistência ligeiramente pesada demais. Trazia também uns legumes verdes misturados. O pior ficou para o fim: uma pintada com batata doce que infelizmente estava demasiado seca e dura. Claramente o pior da noite.
A sobremesa
Só por gula, pedimos uma mousse de chocolate com flor de sal, um fio de azeite e avelãs tostadas por cima. A mousse era ligeiramente doce demais mas o fio de azeite tornava-a suave e líquida. No entanto, o melhor era a flor de sal por cima que fazia um contraste perfeito com o chocolate.
O serviço
Quando acabámos de pousar a colher de sobremesa, ainda faltavam uns 20 minutos para a meia-noite, começámos a ouvir um barulho semelhante ao do início da música “Contentores”, dos Xutos & Pontapés. Eram os estores de metal das janelas a descer. Os empregados resolveram fechar o restaurante connosco lá dentro. Faltava ainda o café e acabar o vinho. Mas percebemos a mensagem, pedimos a conta e fomos embora para não incomodar ninguém.
O bom
O croquete de pato com queijo creme e o peixe-galo
O mau
A pintada com batata doce
O péssimo
A forma subtil como os empregados nos mandaram embora
Um ótimo fim de semana,
Ela
Quantas vezes “fomos nós que fechados o restaurante” e eles, os funcionários, esperavam.
Não foi delicado.
Pelos vistos a questão do “trato” dos empregados que já tinha referenciado numa crítica ao Grei, não melhorou… Pena! k=reviews
Ou não sabem ensinar os empregados, ou eles não servem mesmo para a função.
https://www.facebook.com/restaurantegrei?s
Estive o Grei, e tenho a mesma opinião relativamente à antipatia dos funcionários. Fomos recebidos e confundidos com estrangeiros, pois a abordagem foi feita em inglês, assim que perceberam que éramos portugueses o tratamento foi logo diferente(mas para pior).
A pintada com batata doce não é de todo a melhor opção, mas o borrego com caril de legumes é péssimo!
O que nos safou foi mesmo a sobremesa!
Tiveram muita sorte.
Em Veneza, na lateral da ponte do Rialto, eu e meu recém-casado marido ainda não tínhamos acabado a sobremesa e as pérgulas de flores já estavam a ser desmanchadas pois estava calor e eram 15h…