il matriciano, un ristorante italiano dove non si parla portoghese*

    “Prima si sente, dopo si mangia”. Pode estar descansado que não vou escrever este texto todo em italiano. É só o lema deste simpático restaurante italiano que nos faz sentir que fomos almoçar ali a Roma e entretanto voltámos.

    Chegámos e rapidamente percebemos que nenhum dos empregados fala uma única palavra de português. Não deixa de ter um certo charme mas convenhamos que, se não fosse a minha brilhante linguagem gestual, ainda lá estava a pedir o número de contribuinte na fatura. Mas já lá vamos. Vamos começar pelo princípio…

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    O ambiente

    O Il Matriciano situa-se mesmo em frente à Assembleia da República, na Rua de São Bento, número 107. Desce umas escadinhas e chega a uma simpática esplanada com seis ou sete mesas, muitíssimo agradável nesta altura do ano. É claro que, dada a localização, corre o risco de ter na mesa ao lado PS e PSD em amena cavaqueira. Nós fomos presenteados com dois belos exemplares do bloco central nas pessoas dos deputados Sérgio Sousa Pinto e Pedro Pinto. É bom saber que fora do hemiciclo partilham pratos e inconfidências…

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    O interior do restaurante tem uma decoração sóbria e escura que não faz propriamente o meu género, mas não deixa de ser acolhedora porque o restaurante espalha-se por três divisões como se de uma casa se tratasse. A primeira, onde se situa o bar, tem uma simpática lareira antiga perto de uma privilegiada mesa redonda. Há ainda mais dois espaços com mesas e cadeiras de madeira escura a fazer lembrar uma típica casa de família, ou uma pensão dos anos oitenta…

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    A ementa

    Está sempre por perto, escrita nos individuais de papel pardo. Só a ementa de peixe é que nos chega pelas mãos dos empregados, também ela um individual em papel mas… azul claro.

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    A entrada

    Abrimos as hostilidades com um “uovo al tartufo” (€10), ou seja, como o próprio nome indica, um magnífico ovo estrelado com finíssimas lascas de trufas, cortadas no momento e a rigor: com direito a luva branca numa mão e a um cortador próprio para a ocasião na outra. Escusado será dizer que deixei o empregado mostrar toda a sua perícia durante o máximo tempo possível e, assim, deliciei-me não com um ovo estrelado com lascas de trufas mas sim com lascas de trufas acompanhadas por um ovo, tal foi a quantidade que serviu no nosso prato. Partilhámos esta deliciosa entrada, que estava muitíssimo bem temperada e com um irresistível e agradável aroma a trufas.

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    Os pratos principais

    Como sou totalmente viciada em trufas, e a entrada só me abriu o apetite, pedi uma “pasta al tartufo” (€14,00) que era um magnífico tagliateli caseiro com (advinhem o quê? isso mesmo…) trufas lascadas, temperado com um suave azeite de… trufas, pois claro. Tenho de admitir que aqui tive uma ligeira desilusão, porque o prato estava insosso. Tive de pedir sal, ou melhor, tive de gesticular por sal, mas de resto estava bom.

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    A pessoa que fez o favor de almoçar comigo (sim, porque almoçar connosco hoje em dia pode tornar-se um pesadelo com tanta pergunta e tantas notas, e não, não é um Amante Mistério – sou muito fiel ao meu querido Marido Mistério) também estava tentada a pedir a “pasta al tartufo” mas teve a generosidade de pedir outro prato para partilharmos “experiências”. E foi o melhor que fez: escolheu uns deliciosos “ravioli ricotta e spinaci” (€13), que estavam bem menos insossos que o meu prato: eram uns raviolis (agora em português) caseiros, cozidos no ponto certo, recheados com queijo ricotta e espinafres com um ótimo molho de tomate (e eu nem sou muito fã de molho de tomate) e um molho de pesto à volta. E ainda veio a luva branca e o ralador para finalizar com um saboroso queijo parmesão ralado no momento. Resultado: Amiga Mistério 1 — Ela 0.

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    A sobremesa

    Sim. Ainda conseguimos partilhar uma sobremesa. Não queríamos nada mas o dever chama-nos. Trabalho a quanto obrigas… enfim. O que tem de ser tem muita força e escolhemos uma maravilha dos deuses para uma chocólatra como eu: um “salame di cioccolato”, mas não é um salame de chocolate qualquer. Este, minhas senhoras e meus senhores, tem avelãs e nozes, é polvilhado com açúcar de confeiteiro sobre uma cama de cacau em pó. Consegue não ser demasiado doce e deliciosamente crocante graças, não só à óbvia bolacha Maria, mas sobretudo graças às surpreendentes nozes e avelãs. É uma maravilha!

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    O serviço

    Os empregados são todos italianos, o que lhes dá um certo charme, e muitíssimo simpáticos e profissionais. O que nos atendeu por vezes não percebia bem o que nós queríamos dizer e ficava aflito. Mas com alguma linguagem gestual à mistura, lá nos conseguimos entender. Só quando pedi a fatura com contribuinte é que tive de recorrer a um colega mais expedito, porque a mensagem definitivamente não passou.

     

    O bom

    Os raviolis de ricotta e espinafres

    O mau

    O facto de a pasta de trufas estar insossa

    O ótimo

    O ovo estrelado com lascas de trufas e salame de chocolate com nozes e avelãs

     

    Um ciao para todos os nossos leitores,

    Ela

     

    *Não percebeu o título? Não se preocupe, nós também não percebemos os empregados.

     

    fotos: casal misterio e il matriciano

     

    Nota: Todas as despesas das visitas efetuadas pelo Casal Mistério a restaurantes, bares e hotéis são 100% suportadas pelo próprio Casal Mistério. Só assim é possível fazer uma crítica absolutamente isenta e imparcial.

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    Il Matriciano

    Rua de São Bento, 107, Lisboa

    Segunda a sábado, 12h-15h30 e 19h-00h

    213 952 639

    2 comentários em “il matriciano, un ristorante italiano dove non si parla portoghese*

    1. Simplesmente não o melhor restaurante italiano de Lisboa. Mas, o único. Os demais falam português nos pratos que servem. São adaptações para agradar a freguesia da terra. Já fui ao il matriciano umas três vezes. A massa insossa fica por conta do excesso de sal a que nos acostumamos.

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