já fomos jantar ao novo restaurante do jamie oliver em lisboa e as pizzas são…

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    …Já lá vamos.

    Antes tenho de confessar: foi mais forte do que eu! Cada minuto que passava era um fio de cabelo que me caía. Saber que tinha ali ao lado um novíssimo restaurante do Jamie Oliver e ainda não ter lá ido jantar estava a deixar-me com os níveis de stress do Manuel Serrão em dia de jogo do FC Porto. E por isso peguei na Família Mistério e dirigi-me diligentemente a caminho do Jamie’s Italian, no Príncipe Real, em Lisboa.

    Com a reserva feita com antecedência (depois de várias tentativas frustradas para telefonar – aqui não se atende à primeira… nem à segunda… nem à terceira…), fomos recebidos por um simpático empregado que se ofereceu amavelmente para nos levar até à mesa. Deu dois passos e foi abruptamente interrompido por uma outra empregada com um ar imponente:

    – O que é que estás a fazer?

    – Estou a levar estes senhores até à mesa.

    – Não! Vais esperar aqui enquanto eu levo estes clientes à mesa e depois eu venho buscar os senhores.

    E foi assim que, em 20 segundos, aquilo que poderia ter sido uma entrada triunfal no novo restaurante de Jamie Oliver se transformou num choque em cadeia da Família Mistério abalrroada por uma diligente e rigorosa funcionária.

    – É a nossa manager, justificou-se envergonhadamente o simpático empregado. – Se calhar, vou explicando o conceito do restaurante…

    O impasse resolveu-se quando chegou uma segunda “manager” bastante mais dócil que se ofereceu para nos levar logo para a mesa, nos trouxe a ementa e pediu a outro empregado para nos atender rapidamente.

    – Se precisarem de mais alguma coisa, é só chamar.

     

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    O ambiente

    Jamie’s Italian é um restaurante familiar – não no sentido de ser pequeno e acolhedor, gerido por uma família; mas no sentido de ser enorme e mecânico, para atender muitas famílias. E em simultâneo.

    À entrada, tem um balcão grande com malaguetas, presuntos e alhos pendurados no tecto, tábuas de madeira e livros de Jamie Oliver nas prateleiras e quadros de giz na parede. A decoração é elegante e agradável. A seguir, tem uma sala com umas simpáticas trepadeiras a começarem a crescer pelas paredes e depois um terraço com um prédio à frente, onde tem de fazer algum esforço para conseguir ver o Panteão Nacional ao fundo.

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    No andar de cima, tem outra sala maior e outra esplanada mais desafogada e mais simpática, com uma árvore no meio. No andar de baixo, há uma sala mais pequena para jantares de grupo.

    Se puder escolher, o ideal é pedir um lugar na sala do rés-do-chão ou então no terraço do primeiro andar se estiver tempo para um semi banho de sol.

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    A ementa

    Primeiro spoiler da noite: não é Jamie Oliver quem está na cozinha. Nem na sala. Nem no restaurante. O famoso chef estará algures no Reino Unido, mas não em Lisboa.

    No entanto, a lista tem vários dos pratos que encontra nos seus outros Jamie’s Italian: divide-se entre petiscos, pizzas, massas e outros pratos italianos. Também há três saladas e pratos do dia. Mas, quando falamos de Jamie Oliver, temos de falar das famosas tábuas de petiscos.

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    As tábuas

    Fabricadas em Portugal pela empresa Gradirripas, as tábuas são uma tentação – tanto pela beleza da madeira, como pela lindeza do que levam por cima. Nós pedimos uma tábua para duas pessoas (€15) que é pomposamente colocada na mesa sobre quatro latas de molho de tomate. A ideia surgiu quando Jamie Oliver serviu esta tábua pela primeira vez ao seu mentor, o chef italiano Gennaro Contaldo. Como queria que a tábua se destacasse na mesa, olhou à sua volta para ver como a podia colocar mais alta. O que encontrou na cozinha foram quatro latas de molho de tomate. A partir daí, as tábuas começaram a ser servidas assim em todos os seus restaurantes. 

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    A ideia é, de facto, boa apesar de levantar a suspeita de que aqui o molho de tomate possa não ser propriamente caseiro. Por cima, a tábua traz uma fabulosa mistura de petiscos: salame de funcho cortado fininho e nada enjoativo, uma deliciosa mortadela com discretos pedacinhos de pistácio, um bom presunto italiano (mas que em nada se aproxima do “nosso” pata negra), umas cremosas mini-mozzarellas de búfala, uma fresca salada roxa, feita com couve roxa crocante e um molho suave, e duas fatias de queijo pecorino com geleia de chilli servidas por cima de duas folhas de carta de música. 

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    Carta de música?! Isso mesmo que acabou de ler. Trata-se de um pão típico da Sardenha tão fininho que uma pauta de música pode ser lida através dele. Além de fininho, o pão é incrivelmente estaladiço e absolutamente viciante. Misturado com o queijo salgado e a geleia doce e picante é divinal.

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    As entradas

    Para continuar nos petiscos, pedimos aquelas que se apresentam como “As melhores azeitonas do Mundo” (ou World’s Best Olives na versão poliglota da ementa de Jamie Oliver) e que são verdes, grandes, boas, carnudas e saborosas – mas que, para mim, ainda estão um bocadinho longe de serem mesmo as melhores do mundo (€3,95). Vêm muito frias e acompanhadas por uma óptima pasta feita com azeitona preta, tomate seco, paprika e chilli. Para completar, claro, o tal pão estaladiço (carta de música) que deve ser molhado nesta pasta.

    O festival só terminou com um fantástico pão de alho (€4,75), muito macio e enxertado com uma suave manteiga de alho (nada a ver com aquelas manteigas de alho muito fortes e indigestas). Por cima, leva queijo (o que torna a côdea crocante), aquilo que me pareceu ser alho laminado muito fininho, tostado e ultra-estaladiço e alecrim fresco. A mistura do miolo muito fofinho com a côdea crocante e o alho estaladiço é divinal.

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    As saladas

    Mulher Mistério na mesa, salada no prato. É esta a sua filosofia de vida para o ano 2018 (vamos ver quantas semanas dura…). E por isso pedimos uma óptima salada caprese (€4,25), mas muito pequenina. É servida com uma fabulosa combinação de vários tipos de tomate fresco, bem maduro e muito saboroso: tomate grande em fatias, tomatinhos cherry encarnados e tomatinhos cherry amarelos. Além de muito bem temperada, traz ainda a deliciosa mini-mozzarella de búfala e umas folhas de manjericão fresco.

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    Como a caprese era manifestamente pequena, pedimos também uma salada césar (€5,95) com frango grelhado (extra de mais €3). Apesar de ser a versão mais pequena (há outra maior por €9,75, sem frango), vem bem servida e dá perfeitamente para uma refeição. O frango é bom e suculento (nada seco) e vem ainda alface romana, chicória, cebola roxa, manjericão e umas óptimas e crocantes avelãs tostadas. Para finalizar leva um fantástico e suave molho de iogurte, umas lascas de parmesão e uns incríveis croutons caseiros de pão estaladiço por fora e macio por dentro.

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    As pizzas

    Se Mulher Mistério na mesa significa salada no prato, Filhos Mistério na mesa significam pizza directamente no estômago. Dá-me ideia de que a pizza nem sequer lhes passa pelo esófago, tal é a velocidade com que desaparece. Felizmente, eu ainda consegui provar a pizza Truffle Shuffle (€15,95). 

    A massa vem bem tostada e estaladiça nas bordas. É leve por dentro e consegue ter uma textura macia no interior. Depois traz um bom molho branco, uma surpreendente e adocicada cebola aromatizada em vinagre balsâmico e um fantástico ovo proveniente de galinhas criadas ao ar livre e muitíssimo bem cozinhado, com a clara branca e a gema bem líquida. Repare que, apesar de a pizza se chamar Truffle Shuffle, a descrição acabou no ovo, porque aroma ou sabor a trufas foi coisa que não consegui vislumbrar num raio de 50 metros à minha volta.

    Se preferir outra opção, tem mais sete pizzas que vão da simples Jiuletta (€10,95), a pizza preferida da sua mulher Jools, com tomate assado, manjericão, mozzarella e parmesão, até à mais requintada Gamberi (€13,95), com molho de tomate doce, camarão, courgette grelhada, mozzarella e rúcula com limão.

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    As bebidas

    Os Mini-Misteriosos optaram pelos cocktails sem álcool – e aí vale a pena experimentar o óptimo Berry Blast (€5,50), feito com puré de morango e maracujá com limão, açúcar e sumo de arando –, eu preferi deliciar-me com um bom prosecco (€7 o copo), já a minha querida Mulher Mistério iludiu-se com o sumo e perdeu-se no prosecco. Traduzindo: pediu um sumo, mas bebeu o meu prosecco.

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    O serviço

    Pode ser por estarmos nos primeiros dias, mas os empregados trabalham ali com evidente entusiasmo: explicam cada prato, contam a história de Jamie Oliver a cada oportunidade e falam de cada migalha de comida com paixão. E isso contagia qualquer cliente. 

    Há ainda alguma confusão entre cozinha, bar e serviço de mesa – por exemplo, esqueceram-se dos nossos cafés –, mas isso pode ser por estarmos nos primeiros dias. O que interessa é ver como estará daqui a uns meses: se o serviço já está articulado e, especialmente, se o entusiasmo ainda não está perdido.

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    As crianças

    Não tem um tradicional menu infantil. Tem uma folha com os pratos para as crianças e um desenho para os miúdos pintarem.

    O quê, faltam os lápis de cor para pintar? Não faltam nada, os empregados trazem uma caixa de lápis para a mesa.

    O quê, os seus filhos não sabem ler? Também não há problema: trazem-lhe um par daqueles óculos que animaram a minha infância e a de toda aquela geração que descobriu o maravilhoso mundo dos caramelos em Badajoz. Os miúdos só têm de virar os óculos para a luz e carregar no botão que as fotografias dos pratos vão passando.

     

    O bom

    O ambiente e a decoração

    O mau

    A repreensão da empregada no início do jantar

    O óptimo

    A tábua de petiscos, o pão carta de música e o pão de alho

     

    Um óptimo jantar para si onde quer que o Jamie Oliver esteja,

    Ele

     

    fotos: jamie oliver; casal mistério

     

    Nota: Todas as despesas das visitas efetuadas pelo Casal Mistério a restaurantes, bares e hotéis são 100% suportadas pelo próprio Casal Mistério. Só assim é possível fazer uma crítica absolutamente isenta e imparcial. 
    _____________________________

    Jamie’s Italian
    Praça do Príncipe Real, 28A, Lisboa
    Aberto todos os dias, mas ainda sem horário 
    T: 925 301 411

    10 comentários em “já fomos jantar ao novo restaurante do jamie oliver em lisboa e as pizzas são…

    1. Bom dia,
      já não é a primeira vez que o fazem, mas acho importante notarem essas repreensões e deflagrações de tensão à vista de todos. É sempre desnecessário fazê-lo à frente dos clientes.

    2. Fui no sabado á noite a este restaurante mas para marcar mesa tive de ir á hora de almoço pessoalmente pois o telefone …não dá!e no meio de muita confusão e muita inexperiencia da responsavel, meia hora depois consegui marcar para as 22horas. Chegamos pelas 21.30 con o intuito de aguardar no mini bar e beber uma bedida,a mesa estava marcada para 2 pessoas, éramos 4! resultado , tinhamos de esperar mais tempo, entretanto chegarm 4 figuras ilustres da tv portuguesa meia hora atrasados da sua marcação e voilá, mesa imediata! a fumaça dos nossos rostos começava.. após ums mojtos , um blodu mary e uma caipirinha, esta ultima completamente intragável! chamamos o empregado que surpreendentemente confirmou que a receita não era a melhor…levava um pré preparado em vez de esmagada de lima e açucar!? quê?! fez outra mas sim desta vez original… o pão de alho era bom , um pouco forte a alho..mas estaladiço. Sentamo-nos pelas 22.35 .Pedimos 2 tabuas,que não impressionam na verdade ninguem,tinha 1 azeitona grande! ua fatia de presento ,um salame, aunica coisa que impressionou foi o picante de uma coisa verde parecida com uma malagueta!! 1 sparguetti com sapateira, um liguini com camarão, uma pizza de curgette com camarão e uma lasagna. Não é exigencia minha nem das restantes pessoas, mas os pratos nenhum deles nos satisfez, vejamos, spaguetti com ums fios de sapateira, o bocado maior desta estava..pasmem-se agora..congelado! sim, os camarões da pizza , que na verdade não era má,a massa, a courgette e o tomate eram saborosos, mas os camarões..directamente do pacote congelado para a pizza e forno com ela.SIM! NO Jamies Italian, usam produtos congelados! O linguini não tinha sabor e tinha os mesmos ditos crustaceos! a Lasagana demasiado entomatada,ou seja , torna-se muito acida. A nossa boa disposição não se foi embora mas também a vontade de não voltar. A empregada, foi perguntar se estava tudo bem? are you shure? contamos-lhe tudo,não ficou pasma., e confirmou que o camarão era congelado …mas que era tudo sustentável! ahh já percebemos! esqueceram-se de mencionar á entrada, pode ser congelado mas eles não sofrem, os pobres bichinhos.No final a conta trazia mais 1 pack de panos do oliver, que não pedimos.. no final da noite a senhora que era também a responsável de todo o espaço saiu praticamente connosco,pois já era meia noite, ia a correr para casa, julgo que falou em ir deitar os camarões.. foi esta a nossa experiencia no Jamie Italian em Lisboa, onde o padrão da restauração está já muito mais elevado e de qualidade do que o Jamie possa ter pensado!

    3. Adorei a descrição efectuada e ilustrada pelo Casal Mistério! Mas pude verificar que a refeição não é tão abundante conforme previa, para os preços praticados. Se somarmos tudo, não é para qualquer bolsa… Mas, lá diz o velho ditado: “Não é para quem quer… mas para quem pode”! Que pena!

    4. Que desilusão, Casal Mistério!
      Fui jantar ao Jamie’s cheia de expectativas, e embora já tivesse ouvido críticas negativas, achei que a vossa seria imparcial. Até anotei as vossas sugestões, para me guiarem na escolha da ementa. Entre as duas entradas (o tal pão de alho que achei banalíssimo e uns arancini cuja massa era demasiado dura e o recheio com pouco sabor), os dois pratos principais (a famosa pizza Jiuletta, com pouco molho de tomate e com apenas 5 metades de tomate cherry assados e uma lasanha de rabo de boi) e a sobremesa (tiramissu sem história), apenas a lasanha salvou a honra da casa.

      All that fuss about (almost) nothing!…

      A sair do restaurante pensava por que razão é que um restaurante italiano de um chef inglês (que nem sequer está no restaurante) há de ser melhor do que outro italiano qualquer?

    5. Já lá fui e não achei nada de especial…
      Mas a minha indignação vai mesmo para a falta de ar condicionado!
      No dia em que fui..estava uma noite daquelas arrasadoras e foi comer a escorrer água…
      Não volto com certeza…

    6. Hoje, 25 de abril, feriado, pedi o chá gelado. Não tinham, porque era feriado.
      Ok. Pedi uma taça de vinho tinto. Intragável.
      Pedi outra taça, de outra cepa. O garção (que não fala português) nem se dignou a questionar se haveria algum problema com o primeiro vinho servido.
      Pedi um linguine com gambas porque estava escrito no menu OUR FAMOUS PRAWN LINGUINE. Acreditei no FAMOUS. A massa não tinha gosto algum.
      Comi as gambas (seis, pequenas) e fui embora almoçar em outro lugar.
      P.S.: Paguei tudo sem comer substancialmente nada, e o garção, que só lá está porque fala inglês (e é só o que sabe), deve ter achado normal deixar tudo no prato, porque também não sabia nada de comida.

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