Há dois anos, o céu do Alqueva foi reconhecido como o melhor do MUNDO, ao ser considerado como a primeira reserva a obter a certificação Starlight Tourism Destination, atribuída pela UNESCO e pela Organização Mundial do Turismo. Desde então, a região tem sido invadida por curiosos e fanáticos observadores de estrelas, cometas, meteoritos e afins. Por isso, quando li que a Hora do Planeta se celebra este sábado entre as 20h30 e as 21h30, lembrei-me logo do local ideal para se estar precisamente a essa hora: o Monte das Falperras, onde eu e Ele passámos um fim-de-semana inesquecível.
“Fal… quê?” perguntei, incrédula, quando Ele me sugeriu passar uns dias neste monte. Fui procurar no dicionário e mais baralhada fiquei já que a única definição que encontrei foi “lugar de ladrões”. Mas mal entrei no site do monte, respirei de alívio. Afinal, Ele não estava louco! De frente para a barragem, uma casa térrea pintada de branco e forrada a xisto olha de cima para uma piscina com uma localização ímpar, no meio de uma típica paisagem alentejana, mas com um pormenor que faz toda a diferença: tem como pano de fundo o grande Lago do Alqueva. Inspirada pelas fotografias, marquei um fim-de-semana só para nós os dois. Já estávamos a precisar de fugir da equipa de futsal!
Confesso que parti de Lisboa com medo de me dececionar, porque muitas vezes o que vemos nas fotografias não é bem aquilo que encontramos in locco. Não foi o caso. Aquilo que vi online foi exatamente o que encontrámos. Minto, foi bem melhor, porque a paz e os sons da natureza não se conseguem ver nem sentir nas fotografias. Muito menos a simpatia do casal anfitrião: os arquitetos Inês e Diogo.
E por todo o monte (que pertencia à família dele: do Diogo, não do meu querido Marido Mistério) se sente o toque simples e minimalista tão distinto dos arquitetos. Todos os espaços se resumem a duas palavras: branco e xisto. Uma combinação vencedora em todos os cantos da casa: nos seis quartos, simples e confortáveis, todos com terraços privados virados para a barragem, separados entre si por umas cortinas brancas; na sala comum, onde uma lareira convida os hóspedes a por ali ficarem nas noites de inverno; na sala do pequeno-almoço, com uma única mesa para todos os hóspedes; e até na sala de televisão, onde coabitam o mínimo e o indispensável: o aparelho propriamente dito e um sofá branco. E aqui o bom-gosto abunda nos pormenores: nos gigantescos blocos de xisto que povoam o chão, no aproveitamento dos nichos herdados da versão original da casa, transformados em mesinhas de cabeceira ou em pequenos armários embutidos nas paredes, e nas banheiras quadradas de cimento afagado.
O jardim
Mas o melhor do Monte das Falperras é o seu exterior. O simpático alpendre com vista para a piscina com o Alqueva a servir de moldura é maravilhoso, sobretudo, ao final da tarde, quando o pôr-do-sol arrepia. Aliás, ficámos horas ali: só nós, a cama branca, dois livros e o pôr-do-sol… e claro, um copo de ótimo vinho branco alentejano (que comprámos no supermercado). Em redor da piscina, foram criados vários recantos à sombra das árvores com camas de exterior improvisadas (que é como quem diz colchões-forrados-com turcos-brancos-colocados-em-cima-de-estrados-de-madeira). E da piscina, temos aquela sensação de perspetiva em que a água parece desaguar na barragem. Depois, é aquele maravilhoso som do silêncio alentejano interrompido pelo barulho das cigarras. Um sonho!
O pequeno-almoço
Quando nos sentámos pela primeira vez na única mesa da sala do pequeno-almoço, não estávamos preparados para o choque calórico que se seguiu: pão alentejano, compotas caseiras, queijos frescos de cabra feitos na queijaria mais próxima, um bolo acabadinho de cozer, sumos, chás, cafés: tudo fresco, ótimo e caseiro. Só há um drama: o pequeno-almoço é a única refeição que se pode fazer no Monte das Falperras, o que, a avaliar pela experiência matinal, é no mínimo, um crime.
E assim passámos um fim-de-semana delicioso, entre livros, mergulhos na piscina e a paisagem alentejana como cenário… e descobrimos finalmente o significado da palavra descanso.
Só quando estava no carro de regresso a Lisboa e à nossa equipa de futsal é que me dei conta de que me esqueci de perguntar ao Diogo e à Inês porque raio se lembraram de chamar àquele paraíso escondido Monte das Falperras. Não faz mal. Pergunto para a próxima. Este é daqueles lugares a que vamos voltar, sem dúvida alguma. Só tenho pena de não podermos ir já este fim-de-semana. Sim, porque este é o lugar ideal para se estar no próximo sábado, na Hora do Planeta. Já imaginou o mundo às escuras e você iluminado pelas estrelas do céu do Alentejo refletidas nas águas do Alqueva?
O Ótimo
O alpendre e o pequeno-almoço
O Bom
A decoração da casa e dos espaços exteriores, o jardim e a piscina
O Mau
Não servem refeições além do pequeno-almoço
O Péssimo
As palhinhas do teto dos terraços dos quartos caem em cima das nossas cabeças (vale a pena investir numa placa transparente protetora)
Boa Hora do Planeta, de preferência debaixo de um imenso céu estrelado,
Ela
Conheci esse lugar o verão passado e fiquei apaixonada!.. Foram só 3 dias, mas vale a pena. É tão calmo ( mesmo tendo um filho de 1 ano). Simplesmente fantástico.
E não falámos da barragem linda e deserta ao lado… Um ótimo destino para o verão também
Que inveja!
O monte tem o nome da herdade. É a herdade das Falperras.
Cumprimentos,
Manuel