monte velho equo-resort, o primeiro hotel que visitámos durante a pandemia

    Foi difícil convencer o hipocondríaco do meu querido Marido Mistério. Desde que começou a pandemia do Covid-19 que tem sido uma tarefa árdua arrancá-lo de casa. Lá o convenci com o argumento de que a vida tem de continuar, que se tivermos todos os cuidados não corremos grandes riscos e, sobretudo, porque temos de trabalhar. Não podemos ficar enclausurados em casa até à descoberta da vacina.

    Sugeri-lhe passarmos uma noite no Monte Velho Equo-Resort, um hotel que eu queria conhecer há algum tempo e que me parece ideal para descansar nestes tempos estranhos de desconfinamento. O meu querido Marido Mistério lá cedeu quando se apercebeu de que o hotel se situa a 7 km de Arraiolos onde, na altura em que fomos, não havia um único caso de Covid-19, segundo os dados da DGS que Ele consulta, pelo menos, nove vezes ao dia.

    17632001_797958047026509_1092445120533969738_o (1).jpg

     

    O hotel

    Lá partimos de Lisboa com a mala recheada de máscaras e de gel desinfetante e chegámos ao hotel já ao fim da tarde. O Monte Velho Equo-Resort é um boutique hotel que nasceu numa herdade de criação de cavalos de raça Lusitana com cerca de 250 hectares. De facto, aqui respira-se equitação em cada canto: nas dezenas de boxes, nos picadeiros cobertos e ao ar livre (até tem um de dimensão olímpica), nas aulas de adestramento, nos passeios a cavalo, nas salas de arreios, enfim, é o paraíso para os amantes de cavalos.

    015.jpg

    O hotel cresceu de uma forma natural no meio deste ambiente. O projeto de arquitetura é do próprio proprietário, Diogo Lima Mayer, e o design de interiores tem a assinatura da mulher, Margarida. Curiosamente, concilia um monte tipicamente alentejano e rural com edifícios modernos e muitíssimo bem decorados. A harmonia entre os dois estilos é perfeita.

    25299579_929946263827686_4998201419483785015_o.jpg

    A sala comum, com um honesty bar, abre para um enorme terraço sobre a piscina, com uma vista fantástica e vários recantos, sendo o mais reservado o deck, com o jacuzzi ao fundo, com vista para a barragem e os cavalos no prado. A quinta tem cerca de 50 cavalos. Fiquei encantada com os que vimos: eram lindos!

    18459755.jpg

    Já o meu querido Marido Mistério ficou encantado com os cuidados do hotel em tempos de pandemia: todos os funcionários estavam de máscara e havia gel desinfectante nos espaços fechados comuns, como a receção, a sala de estar, o bar e a sala de jantar. E, à chegada, pediram-nos para usar máscara nas salas. Ele rejubilou de felicidade.

    Os proprietários tiveram a preocupação de criar vários cantos para os hóspedes terem alguma privacidade, até mesmo na zona da piscina. A paz e a tranquilidade deste lugar são indescritíveis. Pelo menos até chegar uma família com duas crianças cujo tom de voz fazia lembrar o da Cristina Ferreira quando recebe um convidado inesperado na sua casa. Acabámos por nos refugiar na varanda do nosso quarto.

    077.jpg

    Os quartos

    O hotel começou com 2 quartos standard e cresceu com a construção de 7 suites premium. Nós ficámos numa das suítes. E adorámos. A decoração é linda, com tons naturais, madeiras claras e uma varanda com um duche exterior muito apetecível nestes dias de calor. A nossa tinha duas confortáveis cadeiras com uma mesa de apoio e uma simpática vista para o campo e para a barragem.

    37632178_1067014623454182_5215762718954356736_o.jpg

    A cama é enorme (king size), tem bons lençóis, édredons e almofadas confortáveis. A casa de banho está separada do quarto por uma parede de vidro e é muito gira, com materiais naturais, e espaçosa. Os toalhões são grandes e confortáveis e os amenities d’A Nova Saboaria.

    068.jpg

    Uma longa secretária de madeira inclui uma máquina de café Nespresso, uma chaleira, uma garrafa de água e… sinais dos tempos, uma caixa de madeira com duas máscaras descartáveis e dois pares de luvas à disposição. O quarto tem ainda uma televisão na parede e toalhas para usarmos na piscina.

    069.jpg

    Só não tinha uma coisa que o meu querido Marido Mistério achou imprescindível: um frasco de gel desinfetante ou de álcool. Ainda argumentei que o mais importante é lavarmos as mãos, mas não o convenci. Por isso, pelo sim pelo não, pegou no seu frasquinho de gel e enfiou no bolso das calças enquanto nos dirigíamos para o jantar.

    061.jpg

    O jantar

    Quando reservámos o hotel, perguntámos se poderíamos jantar. Explicaram-nos que sim, que o jantar era servido às 20h00 e que é um menu fixo que varia todos os dias.

    A sala de jantar tem uma enorme mesa partilhada e um simpático terraço. Apesar de estarem apenas quatro hóspedes na ponta oposta da mesa, claro que o meu querido e precavido Marido Mistério preferiu jantar no terraço. E foi assim que jantámos orgulhosamente sós lá fora, ao luar.

    016.jpg

    O jantar foi-nos servido por uma simpática funcionária. Infelizmente, não foi nada de especial. Não é de todo um restaurante, parece que fomos ali jantar a casa da nossa avó, o que não seria mau, se ela fosse uma cozinheira de mão cheia. Mas o que comemos foi absolutamente banal. Quando nos sentámos, já tínhamos na mesa as entradas: 3 pimentos padrón, 2 fatias de queijo, 1 fatia de presunto, 1 fatia de paio, uma tosta com queijo creme e pão com azeite. Havia ainda uma salada de alface e tomate, que optei por comer como acompanhamento do prato principal. Depois vieram uns lombinhos de porco com brócolos gratinados com queijo e rosti de batata. Estavam bons, mas não eram nada de especial. Vieram servidos no prato porque em tempos de Covid não há buffet para ninguém.

    062.jpg

    A sobremesa foi a maior desilusão porque era demasiado doce e artificial: era um brownie de chocolate com gelado de limão e morangos com um molho super enjoativo. O meu querido Marido Mistério desiludiu-se ainda mais com os vinhos que nos serviram: além de não haver grande escolha, não os achou nada de especial. O jantar com uma garrafa de vinho incluída custou €30 por pessoa.

    Já as suites premium são €300 por noite. Confesso que achei que o jantar não esteve à altura do luxo e do preço dos quartos. Senti falta de algum requinte no serviço, como repor águas no quarto, abrir a cama antes do jantar, ou o comando da televisão ter pilhas, por exemplo.

    074.jpg

    O pequeno-almoço

    Tal como o jantar, o pequeno-almoço deixou de ser buffet por causa da pandemia.

    “Peço desculpa, mas já desinfetou as suas mãos?” Foi desta forma amável e preocupada que fomos recebidos na mesma sala de refeições do dia anterior pela funcionária de serviço que nos pediu delicadamente para desinfetarmos as mãos antes de nos sentarmos à mesa. O meu querido Marido Mistério só não lhe deu um beijo na testa porque não beija ninguém há mais de quatro meses.

    À luz do dia, apercebi-me de que a gigantesca mesa de madeira da véspera eram várias mesas juntas onde caberiam cerca de 20 pessoas. Os hóspedes estavam separados por apenas um lugar vago (não chegava a 1 metro de distância para horror do meu querido Marido Mistério) mas o que nos valeu é que os nossos vizinhos já tinham saído, deixando todo o espólio do seu pequeno-almoço em cima da mesa ao lado do nosso lugar, que já estava à nossa espera, aparentemente há algum tempo: um iogurte grego natural com muesli, uma salada de frutas, um sumo de laranja natural e divinal, umas panquecas com mel ou compota, pão variado e dois tipos de croissants, queijo e fiambre e ovos a pedido. Tudo isto para cada um, claro.

    060.jpg

    Tivemos pena porque as panquecas já estavam geladas apesar de serem ótimas. Deviam ser feitas no momento tal como os ovos. Pedimos dois ovos quentes mas só havia um porque a cozinheira tinha cozido os restantes para fazer uma salada para o almoço. Desfez-se em desculpas e nós descansámo-la, dizendo que não havia problema nenhum porque dividíamos o ovo. O meu querido Marido Mistério atreveu-se a pedir leite sem lactose e também não havia, porque “peço imensa desculpa, mas as compras só chegam hoje”. Mas eis que a simpática funcionária/cozinheira voltou sorridente com um pacote de leite sem lactose nas mãos: foi “roubar à patroa”! Infelizmente, a patroa já não tinha ovos.

     

    O bom

    A zona da piscina e os terraços envolventes

    O ótimo

    A decoração das suites

    O mau

    A sobremesa do jantar, as panquecas frias do pequeno-almoço e não haver gel desinfetante nos quartos

     

    Boas férias,

    Ela

     

    fotos: monte velho equo-resort

     

    Nota: Todas as despesas das visitas efetuadas pelo Casal Mistério a restaurantes, bares e hotéis são 100% suportadas pelo próprio Casal Mistério. Só assim é possível fazer uma crítica absolutamente isenta e imparcial. 

    Deixe um comentário

    O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *