novidade! novidade! abriu em lisboa um restaurante de o deixar a babar (e onde pode almoçar por €12)

    Era isto que eu temia: mais um restaurante fantástico em Lisboa, mais um motivo para o Casal Mistério mudar de nome para Casal Gordério. O cerco está a apertar-se, cada vez há mais novos restaurantes e cada vez há mais sítios onde se pode comer muito e bem. E o Apicius – que descobrimos através do Facebook da nova revista New in Town – é um dos últimos exemplos desta tendência que está a transformar as nossas barrigas em pequenos globos terrestres. Aberto há pouco mais de um mês, onde antes estava o Umai, de Paulo Morais, é um restaurante pequeno, descontraído e com um chef que nasceu com um talento invulgar para criar arte comestível. 

     

     

    A ementa 

    Vale a pena ir aqui para comer, porque o serviço ainda está longe de entrar em velocidade de cruzeiro.

    O couvert

    Foi a primeira falha da noite: ao fim de dez minutos, sentados é que se lembraram de perguntar se queríamos couvert. É claro que queríamos! E não estamos arrependidos. O pão é um pequeno e discreto Mafra, mas as bolachas de água e sal caseiras são o primeiro sinal de que estamos no sítio certo. Estaladiças, compridas e deliciosas, transformam aquilo que deviam ser uns minutos em que se passa o tempo à espera da comida num momento indispensável da refeição. Ao lado, vem uma óptima manteiga de coentros.

    As entradas

    A ementa tem pouca variedade, mas quando vejo uma secção inteira dedicada a foie gras, para mim é mais do que suficiente. Nós escolhemos começar por dividir umas deliciosas vieiras marinadas em lima, com “ajo blanco” e muxama de atum. “Ajo blanco” não é só uma maneira cagona de dizer alho branco para o impressionar; é uma inesquecível sopa fria da região da Andaluzia, feita com pão, alho e amêndoa moída. Aqui as vieiras vêm dentro desta sopa com a muxama. E não é bom. É maravilhoso.

    Os pratos principais

    Este foi o momento da grande discussão. Eu queria dividir, Ela queria pedir um prato para cada um; eu queria a empada de rabo de boi, Ela queria o choco grelhado com xerém de ostra e salicórnia; eu queria os escalopes de foie gras na frigideira com beterraba e crumble de cacau, Ela queria o foie gras au torchon com brioche torrado e especiarias. Como qualquer casal equilibrado, a discussão foi acesa mas no fim chegou-se a um consenso: eu cedi e Ela ganhou. E não comece a olhar para mim com ar de pena. Desde cedo que eu percebi que o casamento era uma relação em que um tem sempre razão e o outro é o marido. 

    Por isso, comi o jantar com a alegria de um dálmata deitado aos pés da Cruella de Vil. E tenho de reconhecer que só tinha 50% de razão. O foie gras era bom, as tostas de brioche eram óptimas e a mistura com a flor de sal, o tomilho, a pimenta rosa e a pimenta preta era fantástica, mas para mim não há comparação entre um escalope ou um bloco de foie gras. Conclusão: aqui Ela perdeu. 

    Em relação à empada, continuo a achar que deveria ser óptima, mas o choco grelhado estava delicioso. Com um impressionante sabor a mar, fica lindamente com o xerém de ostras – outra pequena maravilha da natureza.

    A sobremesa

    Nesta fase da noite, eu já tinha discretamente colocado de lado a hipótese de dividirmos o pedido. Ela escolheu um cheesecake de queijo de cabra, cerejas, chocolate crocante e sorbet de cereja; e eu pedi um abacaxi, toffee de gengibre, sorbet de menta e esponja de alcaçuz. Qual é que estava melhor, qual era? Como seria de esperar, o Dela.

    Por tudo isto, mais vinhos a copo (que a variedade não é má de todo) pagámos cerca de 70 euros. Não é barato, mas também aí há boas notícias. Ao almoço, o restaurante tem um menu executivo em que pode escolher dois pratos por 12 euros ou três pratos por 15. Neste valor está incluído o couvert, café e uma bebida: cerveja, refrigerante ou um copo de vinho.

    O serviço 

    Além do atraso no couvert, demorou um pouco no resto e parecia ligeiramente atrapalhado. No entanto, qualquer dos empregados foi muitíssimo simpático. Pode ser que seja só um problema de habituação, durante os primeiros meses – ou não.

    O ambiente 

    O espaço é pequeno, mas não há mesas encavalitadas umas nas outras. A decoração é sóbria e engraçada: madeiras, estantes com livros, molduras com fotografias. Parece uma casa particular, moderna e descontraída. Tem pouco a ver com o nome pomposo de Marcus Apicius, o romano que espatifou a fortuna a preparar deliciosos e caríssimos pratos.

    Agora, responda-me lá, com a solenidade devida: o que é que V. Exa. está a fazer a jantar em casa numa sexta-feira à noite quando há maravilhas destas por aí? 

     

    O bom 

    As vieiras com “ajo blanco” e muxama

    O mau 

    O serviço

    O óptimo 

    O choco grelhado com xerém de ostras

     

    Um bom fim-de-semana para o Apicius, onde quer que ele esteja,

    Ele

     

    4 comentários em “novidade! novidade! abriu em lisboa um restaurante de o deixar a babar (e onde pode almoçar por €12)

    1. Eu não acredito no que li a comida foi medonha, a decoração aborrece (está na moda a madeira “palete” às paletes, para isso ia comer à cantina de uma serração).
      A muxama péssima e a saber a vácuo (volta muxama de Vila Real de santo António).
      A única coisa que realmente é bom é o preço, assim não chorei muito

    2. Estou fã do casal desde que tomei conhecimento da massa sem hidratos estava nos estados unidos e assim que cheguei foi a primeira compra,fiquei encantada,fiz uma massa com bacalhau e ervilhas de quebrar, um sucesso. Agora pergunto…só descobrem misterios em lisboa ou também avançam para o norte.é que eu moro aqui na zona norte e adoro comer…coisas boas,bem agora estou de dieta dieta de hidratos .

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