É a novidade mais fresquinha da gastronomia lusitana. Tem apenas quatro tenrinhos dias de uma vida discreta, o que quer dizer que ainda não há filas nem cotoveladas ao balcão. E, mais chcocante ainda, nem sequer a minha querida Mulher Mistério sabe desta notícia essencial para o futuro de todas essas dietas em sprint acelerado até ao Verão.
Agora que já consegui prender a atenção de toda a gente, vamos lá então à notícia. Está preparado? Ou está irritado? OK, eu paro com isto…
Lembra-se do fantástico restaurante Apicius, em Lisboa, sobre o qual escrevemos aqui? Pois bem, os donos abriram esta semana um novo conceito de comida cozinhada ao vapor. Chama-se Cento e Quatroº e é um restaurante de refeições rápidas, saudáveis e preparadas na hora mesmo à sua frente. O primeiro surgiu no Atrium Saldanha, em Lisboa, mas o conceito é para se alargar a outros shoppings.
Agora vamos lá aos esclarecimentos: mas comida ao vapor é comida chinesa? Não, senhor. Há gnocchis com pesto, tomate seco, mozzarella e manjericão…
Há raviolis com recheio de requeijão e espinafres, pêra rocha, nozes e pesto de espinafres…
Há peito de frango com batata doce, chouriço, salsa e colorau…
Há salmão com laranja, funcho, quinoa e azeite extra virgem… Enfim, há opções de todos os cantos do planeta. E tudo feito com ingredientes saudáveis e, na maior parte dos casos, ingredientes light.
Segunda dúvida que seguramente paira nessa cabeça desconfiada: mas se a comida é feita no momento, quer dizer que eu vou ter de esperar meia hora pelo prato? Mais uma vez, não senhor – ou senhora, que isto aqui não há discriminações sexuais. Mas, antes de continuar, vamos fazer uma pausa só para poder respirar.
O conceito
Já está? Então, passo a explicar: o restaurante tem um balcão no átrio da restauração do shopping. É lá que estão expostos os vários pratos, já montados, pré-cozinhados (o camarão está cru, mas o arroz, por exemplo, está quase feito) e arrumados nuns simpáticos cestos. Quando lá chega, só tem de escolher aquilo que mais lhe agrada. Depois, o cesto é colocado dentro de uma máquina de cozinhar ao vapor, a 104º C, durante dois minutos. Quando sai, a comida é temperada com flor de sal, queijo, molhos ou outros condimentos. E já está.
Quando eu lá fui estava pouca gente à minha frente, por isso esperei mesmo só os dois minutos, mas se estiver cheio pode ser complicado. O restaurante tem ainda 12 mesas exclusivas para duas pessoas na zona da restauração.
A ementa
Como fui lá almoçar com um amigo daqueles que gosta de ir petiscando dos pratos dos outros, consegui provar dois pratos diferentes. Para mim, pedi o camarão com arroz de coco e molho sweet chilli. O camarão vinha cozinhado na perfeição: carnudo e com a consistência ideal (nada seco), tinha um sabor agradável e fresco.
Além disso, a combinação doce do molho com o salgado do camarão resulta bem. Já o arroz de coco estava ligeiramente insosso. Cozido em leite de coco na fase final, o que lhe dá uma textura cremosa, leva ainda coco ralado por cima para acentuar o sabor, amendoins, hortelã e pimentos cortados aos bocadinhos que ajudam a cortar o sabor adocicado do prato. No entanto, preferia que fosse mais temperado.
O meu prezado companheiro de refeição escolheu os lombos de dourada com cuscuz de azeitona, salsa e tomate cherry. E, também aqui, a dourada estava bastante melhor do que o acompanhamento. Cozinhado ao vapor, o peixe ficou suculento e saboroso, a separar-se em lascas. Já o cuscuz estava solto mas insosso e com o sabor da azeitona pouco pronunciado – sentia-se mais a pasta de azeitona colocada por cima do peixe do que a que estava misturada com o cuscuz.
As sobremesas
De sobremesa pode escolher entre uma mousse de iogurte com mel, sementes e frutos secos e um bolo de cacau com manteiga de amendoim. Eu escolhi o bolo de cacau e, antes que Ela me comece a arregalar os olhos, devo esclarecer que só tinha 132 calorias e era pouco doce. Cozinhado também ao vapor, vem com o recheio de manteiga de amendoim líquido mas com o exterior com uma consistência demasiado aborrachada e significativamente diferente da ideia que passa quande se olha para esta fotografia.
As bebidas
Eu optei por uma Coca-cola Zero, que a minha querida Mulher Mistério não permite aventuras açucaradas, mas pode escolher também um chá frio, uma tangerinada ou uma água aromatizada que é oferecida. O café é Nespresso, o que é sempre uma boa notícia.
O serviço
Simpático e disponível, mas um pouco atrapalhado, o que é normal para os primeiros dias.
As crianças
Não tem menu infantil.
O bom
A dourada e o camarão cozinhados ao vapor
O mau
A consistência exterior do bolo de cacau.
O óptimo
A originalidade e a quantidade de opções saudáveis da ementa
Um óptimo almoço para si onde quer que o vapor esteja,
Ele
fotos: cento e quatro
Nota: Todas as despesas das visitas efetuadas pelo Casal Mistério a restaurantes, bares e hotéis são 100% suportadas pelo próprio Casal Mistério. Só assim é possível fazer uma crítica absolutamente isenta e imparcial.
Adorei o conceito!
Pode ser que chegue cá ao Norte!
Como sempre, óptima reportagem 😉