E depois dos perus, dos bacalhaus, dos bolos, das mousses de chocolate, das bolachas, do vinho, dos gins e de tudo o resto que me deixou com mais cinco quilos em cada dedo do pé, o que é que podemos fazer para não nos transformarmos definitivamente no Fernando Mendes da blogosfera?
Não tem resposta?
Está a olhar para a balança?
Está na mesma onda Dela que decidiu que não quer ouvir ninguém pronunciar a palavra “dieta” antes do dia 1 de Janeiro de 2015?
Pois bem, meus caros concidadãos, a resposta não está dentro de uma caixa de filhoses, está no fundo de um copo de sumo.
O ambiente
Estávamos nós a vaguear pelas ruas do Porto, à procura de um último rasto de rena pelos céus, quando chocámos de frente com a maravilhosa Liquid. Como já deu facilmente para perceber, não sou propriamente o Dr. Oz da Lusitânia. Dieta não é o meu forte e Detox não é o meu vocabulário. No entanto, não resisti aos vários chamamentos do Liquid, do qual, aliás, já aqui falámos.
Em primeiro lugar, eram quase quatro da tarde e, enquanto a larga maioria dos restaurantes recolhia para uma sesta, o Liquid mantinha-se estoicamente à espera de qualquer cliente apologista da anarquia horária.
Depois, quase tudo aqui convida a entrar: os desenhos a giz pintados nos quadros de ardósia, os cartazes coloridos com a ementa, as paredes de pedra, as mesas altas e até os bancos (que não são a coisa mais confortável do mundo) têm bom aspecto.
A decoração é animada e divertida: quando percebi, só de olhar à minha volta já se me tinha colado um sorriso Pepsodent aos beiços, qual Artur Albarran do século XXI.
Os sumos
Aqui não há o habitual jarro com três dias guardado no frigorífico à espera que o próximo cliente se lembre de pedir aquele sabor. Não senhor. Tanto os sumos como os smoothies são feitos na hora, com frutas e vegetais frescos, à frente de V. Exa., sem corantes, nem conservantes, nem adoçantes, nem outras palavras estranhas acabadas em “antes”. Tudo é preparado no momento.
Eu pedi um Monkey, que é um sumo com banana, maçã, gengibre e limão e que era o sumo do dia, o que equivale a dizer que paguei um sumo pequeno e recebi um copo médio (€8 sumo+salada). Apesar de ter banana – o que, para mim, é um pouco doce demais – tem o limão e o gengibre, que ajuda a cortar o sumo com alguma acidez.
Ela pediu um Peter Pan (€4,20). Não percebi bem se foi pela obsessão em rejuvenescer e emigrar para a Terra do Nunca ou se foi pela promessa de aquele sumo combater o colesterol e ajudar na produção de hemoglobina. O que interessa é que esta mistura de morango, frutos silvestres, banana e laranja é óptima.
As crianças dividiram-se: eles pelos smoothies (adoraram o Soft, com banana, laranja e morango) e elas pelos detox (com abacaxi, laranja, limão e wheatgrass – as folhas mais recentes do trigo).
A comida
Se quiser mesmo almoçar (como nós quisemos), tem wraps, sanduíches, saladas, sopas, pizzas com massa integral e empadas óptimas.
Eu pedi uma deliciosa empada (€2,20) de grelos e alheira (eu sei que é pouco light, mas o que é que hei-de fazer?), que veio quente e com um equilíbrio perfeito entre as calorias da alheira e o verde dos grelos, e uma salada da semana. Esquisitinho como habitualmente, pedi para mudar uma série de ingredientes e não tive qualquer resistência. Com um sorriso simpático, aceitaram tudo e ainda me sugeriram outras alterações. Acabei por ficar com uma óptima salada de alface, tomate cherry, abacate, requeijão e salmão fumado que acompanhou lindamente a empada.
O resto da rapaziada preferiu os wraps (€2,90): de salmão, queijo creme de ervas e rúcula; ou de atum, feijão frade e alface (eu sei que parece estranho, mas garantiram-me que estava óptimo).
O serviço
Não foi só a amabilidade com que aceitaram as minhas esquisitices e trocas de ingredientes da salada, foi também a capacidade de aturar quatro crianças em modo férias de Natal sempre com um sorriso. Além de toda a simpatia, o serviço foi sempre irrepreensível: trouxeram-nos os pedidos à mesa, aqueceram a empada e serviram café Nespresso (€0,90). No meio de toda esta perfeição, uma única queixa: não havia vinagre balsâmico, o que num restaurante saudável é uma pena.
As crianças
Este é o espaço ideal para começar a convencer os miúdos de que existem bons e divertidos restaurantes de fast food que não servem comidas com 300 calorias por dentada.
O bom
O ambiente e a decoração divertida
O mau
Os bancos altos ligeiramente desconfortáveis
O óptimo
Os sumos e os smoothies
Uma boa recuperação dos excessos do Natal onde quer que eles estejam,
Ele
fotos: liquid e casal mistério