Peço desculpa por actualizar o blog apenas a esta hora, mas a culpa é da CMTV. Depois de ontem ter esperado uma hora à frente da televisão para ouvir a primeira entrevista com o Dux do Meco, depois de ter sido coagido a ver três vezes a mesma peça repetida sobre a reconstituição da noite do acidente no CM Jornal, depois de ter percebido que afinal a primeira entrevista com o Dux era a repetição incansável da frase “Neste momento apenas falo com as autoridades”, depois de ter visto o José Carlos Castro amuado no ar porque provavelmente achou exagerada a expressão “primeira entrevista” para ouvir alguém dizer que não falava, depois de ter percebido que o Dux afinal era mais inteligente do que as jornalistas que o perseguem na rua, depois de ter desperdiçado metade da minha Noite dos Namorados com o Meco, o Dux e a CMTV, hoje de manhã tomei uma decisão importante na minha vida: fui almoçar ao Bar do Peixe, na praia do Meco.
Acordei cedo (por volta das 11h, para um sábado não está mal), meti a equipa de futsal na camioneta e atravessei a Ponte 25 de Abril com um sorriso na cara. Meia hora depois, estava no Meco, sentado à mesa de frente para o mar. E foi aí que percebi a falta que o sol me tem andado a fazer – a mim e ao José Carlos Castro. É que um bocadinho de luz natural depois de duas semanas como estas é melhor do que um Guronsan depois de uma noite no Lux.
O ambiente
É provavelmente um dos restaurantes mais bem localizados nos arredores de Lisboa. Mesmo em frente ao mar, com uma esplanada enorme sobre a areia e com uma gigante parede de vidro a separar a sala interior da praia, tem vista para um dos melhores cenários, onde o sol gigante se põe em cima do mar. Um pouco barulhento, confuso e com música alta de noite, é sempre melhor escolher a esplanada quando puder. Mas o interior é clean e simples. É uma mistura da sofisticação dos restaurantes de praia da Comporta com a descontracção do ambiente do Meco. E tem duas enormes vantagens em relação à Comporta: é mais perto de Lisboa e não está constantemente a ouvir a senhora da mesa ao lado a repetir “Olá querida, ’tá boa?” para cada pessoa que passa.
O serviço
Há duas estações do ano no Bar do Peixe: a estação Cheia de Gente e a estação Assim-Assim. Na primeira, o serviço é mais caótico e demorado. Falham alguns detalhes, mas há sempre um enorme esforço para que tudo corra bem. Na segunda, o serviço é rápido, eficiente e especializado – os empregados sabem responder às suas perguntas sobre a comida e sabem sugerir aquilo que deve pedir. Em qualquer uma das duas estações, não há empregados mal-encarados nem a fazerem um frete. Se não o atendem melhor, é porque não conseguem. No entanto, o que realmente interessa aqui não é o serviço, é…
…A Ementa
Os petiscos
Este é um dos poucos restaurantes que tem lapas. Grelhadas com manteiga e alho, são uma especialidade nos Açores e na Madeira e um verdadeiro desperdício no continente. Existem aos milhares nas rochas das praias ao longo de toda a costa, mas raramente são apanhadas e distribuídas pelos restaurantes. No Bar do Peixe, costuma haver – e é um petisco maravilhoso e surpreendente, que mistura o sabor a mar com o da manteiga e alho. Para além das lapas, vale a pena experimentar as amêijoas (boas, mas piores do que as lapas) e os perceves (óptimos, mas piores do que os da praia da Adraga). Tudo isto vem acompanhado com pão torrado com manteiga – uma maravilha perfeita para quem está de dieta (como deve calcular, não é o meu caso…).
O peixe
É fresco e muitíssimo bem grelhado. Pescado na zona, é um peixe que se separa em lascas brancas, brilhantes e compactas. Nós comemos um robalo com quase um quilo, escalado e cozinhado no ponto – húmido e com a quantidade ideal de sal. Não é fácil grelhar um peixe de um quilo e este estava perfeito – chamuscado por fora e suculento por dentro.
As bebidas
É fundamental falar disto antes de nos despedirmos. Se puder não ter de guiar a seguir ao almoço, é o ideal. Porque aqui bebe algumas das melhores caipiroskas do mercado. Não são doces demais nem ácidas de menos – são perfeitas e com gelo picado. Se conseguir, prove também a sangria branca ou de espumante. Sempre ajuda a ver a CMTV com outros olhos.
O óptimo
O peixe e as lapas
O bom
As caipiroskas e as sangrias
O mau
O barulho
Um bom dia de sol para si, especialmente se estiver junto à praia,
Ele
Ah, e estes posts são como os dias de sol num inverno complicado: no meio de CMTV, Dux, Praxe, Miró, BPN, Totofinanças e outras manias deste país, ler este blog é um descanso para os olhos e para os ouvidos. Obrigado.
Ainda bem que gostou. Obg