o lateral é um restaurante banal

     

    As letras são brancas, o fundo é escuro e até o nome é o mesmo. Mas ficamos por aqui. Entre o Lateral de Madrid e o Lateral da Avenida Barbosa du Bocage, as semelhanças acabam naquilo que é fácil copiar. Nada do resto tem alguma coisa a ver. Em Madrid, há uma decoração sofisticada, várias exposições de arte e comida surpreendente, que vai das vieiras a la plancha com creme de batata trufada aos raviolis, aos risottos e aos pinchos.

    Em Lisboa, há mais um restaurante de petiscos. E quando digo mais um restaurante de petiscos, não quero dizer que não gosto de petiscos. Adoro petiscos. Mas infelizmente em Portugal a moda pegou pelo lado do facilitismo. Tudo tem croquetes de alheira. Tudo tem ovos mexidos com farinheira. Tudo tem carpaccio de boi. Tudo tem polvo à galega. Tudo tem batatas fritas com maionese (agora diz-se mayo para parecer diferente). Oh falta de imaginação!!! Fazer um restaurante não é copiar tudo o que os outros fazem. Fazer um restaurante é inovar, surpreender, deslumbrar. E infelizmente o Lateral de Lisboa não é nada disso. Não é que seja MAAAU. Não é. É simplesmente banal. E isso não nos faz lá ir. E muito menos lá voltar.

    A ementa

    Há hambúrgueres, há saladas, há focaccias e até há umas massas e uns crepes. Tudo isto era muito novo há cinco anos (tirando os crepes, que eram novos nos anos 80), mas agora já não é. Nós optámos pelos petiscos. Polvo à galega – normal; ovos com farinheira – normais; carpaccio de novilho – normal; focaccia com alho e ervas – normal; cerveja – normal; Coca-cola – normal; café – normal. Há uma vantagem: nada estava mau. Mas também nada estava bom. 

    O serviço

    Nem tudo é criticável. Os empregados são eficientes, sabem responder às perguntas dos clientes, são rápidos e muito simpáticos. É um serviço quase perfeito.

     

    O ambiente

    A decoração é engraçadita. Tem uma ardósia com umas coisas escritas na parede (mais uma inovação espectacular!) e tem umas fotografias antigas em formato gigante. É giro, mas é barulhento. Nós fomos almoçar em casal e sentimo-nos um bocadinho a comer na cantina do nosso filho mais velho.

     

    No fim, pagámos mais de 20 euros por pessoa, o que sinceramente está muito próximo do assalto por esticão na rua. Só para ver se eu percebi bem: SETE EUROS E VINTE CÊNTIMOS POR UNS OVOS MEXIDOS COM FARINHEIRA?! Alguém me consegue explicar que surto de gripe das aves repentino (e que me passou totalmente despercebido) conseguiu inflacionar o preço dos ovos desta maneira absurda?! Eu não condeno quem decide abrir um restaurante banal. Mas, por favor, não pratique os preços do Fat Duck. Porque mesmo o Fat Duck – que é excepcional – já não se aguenta.

     

    O bom

    O serviço

     

    O mau

    A cópia do Lateral de Madrid

     

    O péssimo

    A falta de originalidade da ementa

     

    Bons petiscos para si, onde quer que esteja,

    Ele

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