Fomos jantar ao renovado Ozadi, em Tavira, porque estávamos com curiosidade de conhecer o hotel e o restaurante, claro. Ele mais do que eu, porque confesso que não me apetecia nada enfiar-me num hotel em plena estrada nacional 125. Apetecia-me olhar para o mar não para os carros a passar. Mas lá fui pouco convencida. E ainda bem que fomos.
Tínhamos lido que o hotel tinha recebido um dos mais importantes prémios de arquitetura da Península Ibérica, pelo projeto de reabilitação, e quando chegámos percebemos porquê. Todo o hotel nos remete para os anos 70 mas ao mesmo tempo tem um toque moderno e futurista. É um quatro estrelas, simples e bem decorado, cujo ex libris é a arejada varanda do restaurante com vista para a piscina. Sim, tem vista para uma piscina iluminada e bem arranjada e não se vislumbram os carros em fila indiana na estrada nacional 125.
A varanda tem um pé direito alto e uma cobertura em madeira com uma decoração muito trendy e minimalista. O ambiente é descontraído com os hóspedes a jantar de calções. Não, juro que não vou fazer uma descrição exaustiva do jantar como o meu querido Marido Mistério gosta. Até porque do jantar não reza a história. Não foi brilhante. Também não foi uma desgraça. Foi pura e simplesmente banal, com coisas boas e coisas más.
Por exemplo, tivemos de pedir o couvert que chegou só depois dos petiscos. Incluía um pão algarvio razoável, um azeite com alecrim bom, uma manteiga que parecia margarina e um paté de azeitona ligeiramente azedo demais.
A carta tem petiscos e pratos normais. Nós optámos por começar pelos petiscos: uns croquetes de alheira ligeiramente grossos e farinhentos, mas saborosos. Vinham acompanhados com uma folhas de endívias e alfaces; umas tostas com foie gras muito boas, a mousse de foie estava suave e fantástica; e ainda umas gambas bem fritas e suculentas com um molho tártaro suave.
Ele lá pediu a sua muxama de atum (para variar) que achou ótima. Comprada a um produtor de Vila Real, Ele garantiu-me que estava no ponto certo sem estar seca demais. Partilhámos ainda um filete de robalo enrolado e assado no forno com pimentos, courgette e beringela. Estava razoável. Para terminar em beleza, Ele ainda pediu uma sobremesa. Eu, claro, como para variar, estava, estou e estarei de dieta, fiquei a olhar para um pudim Abade de Priscos com gomos de laranja e servido dentro de uma massa folhada muito fininha e boa. A laranja cortava o doce do pudim e o salgado da massa folhada. Ele adorou.
Mas com os cafés, chegou o melhor da noite. O empregado sugeriu-nos um copo de Orangea como digestivo. Explicou-nos que o Orangea está para Portugal como o Limoncello está para Itália. Foi criado por Ana Cerqueira, a dona do Oazdi Hotel, e é feito com laranjas do Algarve. Basicamente é um licor de laranja, com 30% de álcool, servido em copos pequenos, ideal para beber depois das refeições. É feito à base de laranja, álcool, água e açúcar e deve beber-se bem gelado: se o mantiver no congelador não solidifica.
Foi-nos servido assim mesmo, bem frio, com um cubo de gelo, um pau de canela e hortelã. É pura e simplesmente divinal e viciante e eu nem adoro laranjas. Claro que o meu querido Marido Mistério comprou logo duas garrafas para trazer para casa e com isso ganhámos a noite. Se quiser saber onde pode comprar, vá aqui.
Um brinde a quem inventou esta maravilha da natureza,
Ela
fotos: orangea e ozadi hotel
