o novo pap’açorda: é aqui que come a melhor mousse de chocolate e alguns dos melhores petiscos típicos portugueses

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    Quando chega ao novo Pap’Açorda, no Mercado da Ribeira, em Lisboa, a primeira coisa que encontra é uma enorme parede e dois vidros, sem qualquer porta de entrada. A segunda é o ex-secretário de Estado das Obras Públicas de José Sócrates, Paulo Campos. Eu sei que tudo isto pode ser pretexto para não entrar, mas faça um esforço: aqui comem-se alguns dos melhores petiscos portugueses, como a açorda de gambas, a canja de rabo de boi, os carapauzinhos marinados ou a divinal mousse de chocolate.

    Mas antes, vamos às dicas. Para evitar a figura pouco recomendável da minha querida Mulher Mistério a tentar empurrar um enorme vidro como se fosse uma porta misteriosa, dirija-se à área central da entrada: aquilo que parece uma parede preta é, no fundo, uma gigantesca porta giratória.

    Para evitar ex-governantes, dirija-se ao bar e peça um gin tónico. Pelo caminho, repare no fantástico espaço do novo Pap’Açorda.

     

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    O ambiente

    Dividido em duas salas (uma para fumadores, outra para não fumadores), tem também dois bares onde pode beber um copo antes de se sentar. Com um tecto alto e simples de armazém, é arejado e agradável e tem alguns detalhes de decoração que conquistaram logo a minha querida Mulher Mistério, como a parede preta com os nomes dos pratos escritos em várias línguas, o chão com mosaicos em tons de branco, cinzento e preto e a garrafeira toda em vidro a dividir o restaurante. 

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    Além de Paulo Campos, o ambiente mistura gente de todas as idades e nacionalidades, o que dá vida ao local. Quando nós fomos, estava praticamente cheio, mas há bastante espaço entre as mesas, o que evita aquele clima desagradável de ter um casal de namorados sem conversa vidrado na mesa do lado.

    No fundo, com a mudança do Bairro Alto para o Cais do Sodré, o Pap’Açorda conseguiu transformar-se num restaurante mais arejado, mais alegre e onde dá muito mais prazer ir. Só uma coisa é que se manteve igual: a comida deliciosa.

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    A ementa

    Nós entrámos directamente para o bar, onde ficámos à espera de um casal amigo enquanto bebemos um óptimo gin tónico Sharish (€10), servido com lima, maçã e água tónica Schweppes premium. Os cubos de gelo mais pareciam gelo picado, mas o pior não é isso – é o facto de não haver um único aperitivo para enganar um estômago vazio antes da entrada do gin. Nem uma amêndoa, nem um amendoim, nem uma batatinha frita… 

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    O couvert

    Apressada a transferência para a mesa, para tentar ingerir alguma coisa que absorvesse o álcool, tivemos de esperar 20 minutos até que chegasse o couvert (€2,50 por pessoa). É tempo demais, mas também é bom demais. Além de três tipos de pão e duas manteigas (uma de ervas boa e uma de alho que me pareceu demasiado forte para começar uma refeição), chegaram aqueles que entraram directamente para o top dos melhores pastéis de massa tenra que já comi. Em tamanho miniatura (que é o ideal para um couvert), tinham uma massa muito leve e macia e um recheio de atum divinal: para lá do sabor muitíssimo apurado, era cremoso e vinha ainda quente. Para completar, vem uma mistura de azeitonas pretas e verdes.

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    As entradas 

    E se os pastéis de massa tenra estavam divinais, os carapauzinhos alimados (€7,50) que comemos de entrada estavam do outro mundo. Minúsculos e escalados, vêm com aneto e uns grãos de pimenta rosa tão suaves que se desfazem em flocos. O molho é tão bom e o peixe tão fresco que eu seria capaz de ainda estar lá agora a virar doses de carapauzinhos como se fossem minis.

    O festival continuou com umas deliciosas favinhas com alho e chouriço (€9,50) que são um dos pratos preferidos da minha querida Mulher Mistério. Muito pequeninas e tenrinhas, foram comidas vorazmente por toda a mesa.

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    O mais difícil de dividir pelos quatro foi também o melhor prato da noite (a par dos carapauzinhos): uma inigualável canja de rabo de boi com rabanada de Vinho do Porto (€6). Cada um com uma colher em punho, atacámos a sopa sem hesitações. Servida com uma fatia de pão torrado por baixo e com o rabo de boi desfiado por cima, a desfazer-se na boca, tem uma combinação de sabores simplesmente perfeita. Levava ainda uns fios curtos de massa que não enchiam demasiado.

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    Os pratos principais 

    Discretamente, para que os nossos amigos não percebessem que precisávamos de provar tudo (isto de ser um Casal Mistério, mesmo entre os amigos, não é fácil…), lá os conseguimos convencer a dividir também os pratos principais.

    Primeiro, provámos um sável frito com açorda de ovas (€17) que estava muitíssimo fresco, mas com uma textura ligeiramente farinhenta na cobertura. A açorda estava óptima, cremosa e com umas deliciosas ovas que são a minha perdição.

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    A seguir, comemos a famosa açorda de gambas (€18) que está muito próxima da perfeição: leve, não muito densa, e com o ovo no ponto certo: com a clara cremosa mas cozida. As gambas eram enormes e muitíssimo bem cozidas.

    Como prato de carne, pedimos as fantásticas e hiper suculentas costeletas de borrego (€23), pequeninas e feitas no ponto, com o interior bem rosado. A acompanhar veio um esparregado razoável e umas batatas fritas que, não sendo estaladiças, eram leves, saborosas e bem fritas.

    A desilusão da noite foi o polvo estufado em vinho tinto e especiarias (€18) que veio tenrinho mas ligeiramente insosso e com o sabor a vinho tinto demasiado presente. A acompanhar trouxeram um puré de batata doce razoável.

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    As sobremesas 

    Este ligeiro contratempo do polvo foi imediatamente esquecido com as estratosféricas sobremesas. O leite creme (€4) é ligeiramente mais consistente e menos cremoso do que aquilo que eu gosto, mas traz uma cobertura queimada e crocante bem fininha que estava óptima.

    O melhor de tudo é a famosa mousse de chocolate (€6,50): preta mas doce, densa mas cremosa, tem um delicioso e forte sabor a chocolate, que a deixa a quilómetros de distância de muitas mousses afundadas em natas que se vêem por aí. Estava tão boa que, com o café, ainda pedimos umas fabulosas trufas de mousse de chocolate (€1,50): por fora, têm uma capa fininha de trufa; por dentro têm o recheio cremoso da mousse. Ao trincar, tudo isto se mistura na boca.

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    O serviço

    Muitíssimo simpático, é no entanto um pouco demorado. E não foi só na confusão com o couvert, que levou o empregado a servir antes de nós duas mesas que tinham chegado mais tarde e a trazer o pão quase ao mesmo tempo das entradas. Quando quis pedir mais uma garrafa de vinho, fiz sinal à empregada que estava a servir outra mesa e que me fez um gesto com a cabeça a dizer que já viria. Esperei 10 minutos e nada. A certa altura, decidi pedir a uma colega que me trouxe logo a garrafa e a serviu. Quinze minutos depois, apareceu a primeira empregada a perguntar o que queria.

    Tirando estes dois detalhes, correu tudo bem.

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    As crianças 

    Não tem menu infantil e, apesar do espaço arejado, não é claramente um restaurante para crianças.

     

    O bom 

    O espaço e a decoração

    O mau 

    A demora do serviço: demorou 20 minutos a trazer o couvert

    O óptimo 

    A comida, em especial a canja de rabo de boi e os carapauzinhos alimados

     

    Um óptimo jantar para si onde quer que a açorda esteja,

    Ele

     

    fotos: pap’açorda; casal mistério

     

     

    Nota: Todas as despesas das visitas efetuadas pelo Casal Mistério a restaurantes, bares e hotéis são 100% suportadas pelo próprio Casal Mistério. Só assim é possível fazer uma crítica absolutamente isenta e imparcial.

    Um comentário em “o novo pap’açorda: é aqui que come a melhor mousse de chocolate e alguns dos melhores petiscos típicos portugueses

    1. Fui lá em julho. Péssimo……
      Comida péssima mal feita e mal temperada, fria, atendimento péssimo. Funcionários fora do contexto.
      Enfim. Nem me atrevi a provar a mousse. Fugi a sete pés, depois de lá ter deixado uma nota preta.
      A não repetir definitivamente. Serve só para ver e ser visto.

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