Está a ver aquela posta alta e deliciosa de bacalhau cozido com couves, cenouras, batatas e muito azeite por cima? No início do século XX, isso era coisa que só existia no Norte do país. Do Porto para baixo, a véspera de Natal era passada no mais rígido e rigoroso jejum. A partir do início do Advento, as famílias faziam jejum de carne e, na véspera de Natal, no Sul do país, era jejum total até à Missa do Galo.
A tradição é recordada por Maria de Lourdes Modesto num artigo publicado no jornal Público, em 2009. A maior especialista em comida portuguesa lembra-se que, na década de 30, depois da missa tinha finalmente direito a comer qualquer coisa – e normalmente os pais serviam um doce para quebrar o jejum. No dia 25, então, era servido um almoço completo e, no Alentejo, onde vivia com a família, era sempre porco – peru nem vê-lo.
No Funchal, a tradição também era a do jejum na véspera e a do porco no Dia de Natal. De madrugada, depois da Missa do Galo, era servida uma canja e um cálice de vinho. Na verdade, a festa só começava depois da missa.
Hoje em dia, a ceia da véspera de Natal tem tanta importância como o almoço de dia 25. Mas, há 100 anos, era coisa que existia essencialmente no Norte do País, acima do Porto. Aí, sim, havia uma tradição de jantar em família, com bacalhau – cozido ou em pastéis –, polvo guisado, arroz de polvo ou outros pratos sem carne. Na véspera de Natal, a família reunia-se à mesa para celebrar a festa em conjunto. E Missa do Galo não existia na região.
Quando foi viver para Lisboa, no final do século XIX, o escritor Ramalho Ortigão indignou-se mesmo contra aquilo a que chamou “uma invasão do lar pela sacristia”, um “intrometimento sacerdotal” que interrompia um jantar com uma missa. “Os padres, sem de modo algum lhes discutirmos o muito que eles sabem do pecado, não sabem nada acerca da família”.
No Norte, ninguém rezava pelo Menino Jesus à meia-noite. A essa hora toda a gente estava sentada à mesa, à volta de um polvo ou de um bacalhau. Só as famílias da nobreza nortenha fugiam à tradição. Numa investigação sobre “os alimentos nos rituais familiares portugueses”, Maria Antónia Lopes, do Centro de História da Sociedade e da Cultura, da Universidade de Coimbra, publicou um menu de uma ceia de Natal de uma família nobre do Norte, em 1891: puré de jardineira, arroz de fantasia caseira, costeletas nacionais e “ervilhas idem” e couve flor composta. Para sobremesa, bolo experimental, pudim incógnito e broas de Natal, entre outros.
No final da II Guerra Mundial, o bacalhau começou então a espalhar-se por todo o país. Segundo Nuno Miguel Costa, do Museu Marítimo de Ílhavo, o Estado Novo via no bacalhau um prato “simples” e “humilde” que ajudava a educar o povo a ser poupadinho e bem comportadinho. Com a massificação da televisão e a distribuição de bacalhau garantida pelo Estado, a ditadura aproveitou para impor uma propaganda nacional em defesa do bacalhau, tornando-o tradição em todo o país.
Hoje, bacalhau cozido é coisa que não falta no dia 24 em casa da Família Mistério. Adoro aquelas postas altas e deliciosas de bacalhau que se separam em lascas suculentas. Mesmo as crianças estão rendidas a esta maravilha. Aliás, cá em casa, só há um alimento que cria um intenso e dedicado debate: o bolo-rei. Eu compro sempre, já a minha querida e prezada Mulher Mistério odeia.
Em Portugal, aliás, este bolo nunca foi consensual. A receita foi trazida para Lisboa em 1869 pelo dono da Confeitaria Nacional que, no ano passado, ganhou a rigorosíssima eleição de Melhor Bolo-Rei de Lisboa organizada por este vosso casal amigo e que teve como jurados o chef José Avillez e a Marta (veja aqui). Baltasar Rodrigues Castanheiro Júnior provou, pela primeira vez, o bolo-rei em Paris e começou a vendê-lo na Confeitaria. Rapidamente, o bolo se tornou um sucesso especialmente na época do Natal.
Mas, com a implantação da República, um bolo com “Rei” no nome virou um ultraje. A venda foi proibida pelo Estado e só a gula e a imaginação dos portugueses é que o conseguiu manter vivo. Antes que os políticos percebessem o que se estava a passar, já as pastelarias vendiam o mesmo bolo, chamando-lhe Bolo de Natal, Bolo de Ano Novo ou até Ex-Bolo-Rei.
Eu, por mim, como-o com qualquer nome ou de qualquer maneira e feitio. Tal como o bacalhau, o polvo, o peru ou qualquer outra maravilha da tradição culinária portuguesa. O que é importante é que seja delicioso.
Uma óptima ceia de Natal para si onde quer que a tradição esteja,
Ele
Lamento discordar… Isso não era há 100 anos; isso é hoje… e há 200 e 400 e 500 anos etc… Os católicos têmos o tempo de Advento que é a preparação do Natal, o qual se dá com a Missa do Galo (ou seja, no momento em que passa do 24 para 25). Aqui na região sempre ouvi chamar CONSOADA à pequena refeição que se toma na noite de 24 (a consoada é uma porção mais reduzida de comida, que por costume é aqui couve, batata e bacalhau). Isto tem de ser tomado antes de 2:30 h antes da Missa para se ir poder comungar (não se pode comungar nunca antes de 3 horas sem comer). É claro que algumas famílias foram gradualmente escorregando nestas coisas porque vão perdendo o conhecimento delas. Depois da Missa do Galo, vamos para o Madeiro um pouco e depois para casa onde se pode comer festivamente (mas como o deitar não demora, não costuma ser muita coisa). Dão-se as prendas depois da Missa do Galo. No dia 25 depois da Missa de Natal o almoço é festivo, e aí varia conforme a casa de cada um.
Não julguem que o jejum e a abstinência são coisas do passado. Se caíram no esquecimento de grande parte da população, segundo o que me parece, está a retomar gradualmente tal como sempre se fez.
Cá em casa, sempre foi o arroz de polvo no dia 24 ao almoço e a Ceia bacalhau cozido com muita hortaliça, cenoura, cebola e olhos de couve.
No dia 25, tanto podia ser cozido à Portuguesa, perú recheado, assado.
Depois, com o tempo, foi-se variando o almoço do dia de Natal.
Perú ninguém come ( comem durante o ano, dizem) mas há uma variedade enorme de pratos cozinhados de pelo meu irmão mais novo que vem cá de dois em dois anos…É este o ano e vão estar cá em casa 22 pessoas.
Feliz Natal para o casal mais misterioso da blogosfera.
Nos outros, quase sempre é cabrito e bacalhau à Zé do Pipo.
Talvez o facto de muitos nortenhos terem vindo trabalhar e viver para Lisboa, a partir da década de 40, tenha também ajudado a vulgarizar o bacalhau como prato natalício mais a sul. Mas, mesmo assim, há ainda hoje bastantes variações regionais (para além das tradições e variaçõees de cada família). Na zona Oeste, o polvo cozido é comum no dia 24, a par do bacalhau com batatas e couves. Feliz Natal!
Minha família emigrou para o Brasil em complicadas idas e vindas entre os anos 1920 e 1970. Nossa origem é a Beira Litoral, uma aldeia bem próxima de Coimbra, ligada também a Leiria e Tomar.
Na minha infância, nos anos 1970, lembro-me bem de duas constantes na noite de Natal.
Primeiro que, apesar do hábito de Missa do Galo clássica estar modificado pela própria Igreja (que em quase toda parte antecipou a missa paroquial natalina para as 20 ou 21 horas, em nome da reunião familiar à meia-noite), em minha casa não se comia antes da meia-noite. Minha mãe guardava jejum o dia todo e pedia que não comêssemos muito antes da meia-noite.
A outra constante era que mesmo nesta ceia (refeição tardia, exatamente, como se chama no Brasil, a “ceia natalina” ou “ceia de Natal”) pós meia-noite, não se comia carne vermelha. O prato tradicional era o bacalhau.
Curiosamente o ritual de jejum repetia-se no Ano Bom, trocando-se o prato principal da ceia pós meia-noite pelo arroz de polvo.
Já no almoço do dia de Natal (o mesmo se repetia no dia de Ano Bom), a fartura era total, com vários tipos de aves, frutos do mar, cabrito, coelho (que os brasileiros não costumam comer), porco (quase sempre pernil assado) etc.
Outra tradição mantida em casa era amassar as filhoses ou velhoses, bolinhos fritos de abóbora e aguardente (chamada no Brasil de “portuguesa”, para diferenciar da aguardente local, de cana-de-açúcar), doce camponês que a maioria dos brasileiros desconhecia e ainda desconhece (ao contrário de versões de doces mais sofisticados como pasteis de santa clara e de belém, que se encontram em muitos lugares). Apenas nas festas de fim de ano, como dizemos cá, amassava-se as filhoses.
hà 100 anos atrás estamos a falar em 1917, decorria a primeira guerra Mundial, e o surto da Pneumónica. Estava proibida as casas comerciais abertas e o contacto com o publico. A miséria era grande , a fome muita. As igrejas estavam fechadas na noite da missa do galo. Não vou dizer mais nada, porque, era uma época devastadora
Peço desculpa mas discordo do conteúdo deste post quanto ao Norte. Quanto ao bacalhau, basta lermos as muitas descrições sobre a consoada e sobre a alimentação. Vejam Sousa Viterbo em 1895, por exemplo, que até diz assim: “os mais pobres, por exemplo, contentam-se com bacalhau cozido, ladeado de belos olhos de couve galega e cebola”. Ou Eduardo de Noronha em 1925: “Desde o samelhado bacalhau cozido com as garceas tronchudas…”
Toda a gente (será um exagero, mas no Entre Douro e Minho se calhar não era…) comia bacalhau no Natal. E comia-o três vezes. À ceia, depois desfiado ao almoço como «entrada» antes do Galo (isso de Perú não é daqui) e finalmente o farrapo velho ou roupa velha que era o prato do jantar. Quanto à Missa, não percebi essa do «e Missa do Galo não existia na região». Não só havia em praticamente todas as paróquias, desde pelo menos finais de oitocentos até aos anos 60 de novecentos (Ramalho até se queixa da «interrupção»), como volta hoje a haver em muitas paróquias.
Quanto ao estudo da Maria Antónia Lopes (no qual não vi nada de especial, antes pelo contrário) ela própria afirma “No Norte de Portugal a consoada é
talvez a festa mais comemorada no seio das famílias. O indispensável bacalhau cosido e as indispensáveis rabanadas são prato obrigatório ainda nos lares mais modestos”.
Portanto, creio que há que rever o conteúdo deste post. Sem «mistério». Abraço, J. Maia Marques, Moreira da Maia.
Lá tá de novo a Madeira, Açores nada já é habitual
Em Trás-os-Montes, o dia 24 é o verdadeiro dia de Natal, no sentido do festejo familiar. É um dia em que se come apenas peixe: o bacalhau e o polvo, acompanhados de batatas cozidas, couves e em muitas casas abóbora cozida, tudo bem temperado com azeite local. À sobremesa, doçaria da época, filhoses, pudim de ovos, bolo-rei e arroz doce. O dia 25 é virado para as carnes, principalmente, peru, não descurando cabrito ou cordeiro, grelhados ou assados. É assim, desde que me lembro; é assim que me tem sido transmitido oralmente como prática ancestral.
Muito bem dito, cá em casa o jejum de Advento continua a ser guardado! E no Brasil, nenhuma família de atreve a comer antes da meia noite, mesmo os “não católicos”. Tradição e fé, são um património riquíssimo que devemos preservar.
Nao sei de que regiao é o Sr., mas a maneira como descreve a consoada so pode ser da regiao da Serra da Estrela, e concordo plenamente com o que escreve. Boas Festas
Partilho as observações do Sr. Maia Marques. O texto do artigo melhoraria com uma análise histórica mais rigorosa. Boas festas a todos!
Na Beira Baixa comia-se na véspera de Natal aquilo que se comia em todo o Inverno. Ou seja, batatas com couves e bacalhau (uma posta melhorada). Dia 24 não era dia de festa. As filhoses eram amassadas ao fim da tarde e fritas noite dentro até perto da meia noite. O mais antigos guardavam o preceito de não se começar a fritar a filhoses antes de escurecer. Depois ia-se à missa do Galo. No dia seguinte comia-se carne, por norma borrego.
Algum dos comentários fez alusão ao que pratica no Brasil atualmente. A ceia nas famílias é geralmente depois da meia noite. Mas não é muito rígido, havendo casas em que se come antes. O jejum rigoroso é raro. Nas famílias católicas, a missa do Galo ainda é uma tradição. Mas já há muitas famílias catolicas que vão a missa mais cedo, no dia 24. No cardápio da ceia, peru ou frango, presunto, farofa, salada de batatas com maionese e bacalhau (menos frequente, pelo preco) rabanada e doces tipo pavé, de sobremesa. Bebidas cerveja, vinho, whisky dependendo da disponibilidade financeira. No almoco de domingo, o menu geralmente se repete, com um reforço de uma carne assada ou algo parecido.
Eu nos meus quase 50 anos, e homem do Porto desconheço completamente o Portugal que descrevem. Nunca ouvi falar de fazer jejum no Natal.
A questão de não comer carne foi levantada na minha meninice nem em familia, nem em amigos, mas já com 15 anos, achava isso um perfeito disparate e comia qualquer coisa; a missa do Galo apenas me recordo da minha avó materna ir, nunca ninguém foi.
O que a minha familia fez sempre, e especialmente a minha mãe foi questão de haver mesa farta, e o bacalhau era sempre presença imperativa até cerca de 10 anos atrás; desde aí o peru, o polvo, camarões e até empadões vegetarianos foram aparecendo.
Hoje em dia já ninguém liga a questões religiosas…na maior parte da população. (…) Não deverei viver definitivamente no vosso Portugal.
Caro José Marquês. Ficamos impressionados com a sua intervenção. Se alguma vez quiser escrever alguma coisa sobre bacalhau, fale connosco teremos todos o gosto em ter uma publicação no nosso blog.
O trabalho que esta gente tem a dizer mal, a criticar: fazer ou não jejum, bacalhau, peru, porco … Prezem mais estar em família e desfrutem a época…
Esquecem se sempre dos Açores porque será?
Neste interessante artigo há coisas verosímeis, prováveis, improváveis e verdadeiros disparates, como por exemplo essa do polvo ser uma tradição de Natal. Tenham dó, há 40 anos ninguém comia polvo senão os miudos que lhe roíam pedaços assados nas feiras. Quanto ao bacalhau… cerca de 1910/20 já se comia com grão em Lisboa, antes do “salazarismo” e o peixe salgado é tão antigo na capital como a cidade romana que se encontra debaixo dela. Isto de escrever artigos sem base documental tem muito (pouco) que se lhe diga.
Também nunca ouvi falar em jejum religioso no Natal. Na Páscoa sim ! Mas na verdade, infelizmente há muita gente que faz jejum todo o ano, Nem todos podem trabalhar, e muita gente passa mal.
Não estou de acordo, porque ja tive no Brazil no tempo do Natal e as pessoas comes antes da meia noite e muitos não vao a missa
jejum era na quaresma e só sexta feira até à Aleluia, os outros períodos eram de abstinência
Este comentário tem várias imprecisões e uma delas é que o farrapo velho ou roupa velha era almoço do dia 25.
Não se podem extrapolar as nossas vivências para toda a comunidade.
Ouvi um dia na rádio uma senhora de muita idade contar que, quando era criança, a madrinha a incumbiu de comprar 250 g de peru para a ceia de natal. Acrescentou que a dita ceia era para 8 pessoas.
Cá estou de novo, meio ano depois… Há aqui duas confusões que é importante desfazer. Uma foi minha, quando troquei almoço por jantar no dia de Natal. Aliás, quando disse que no Entre Douro e Minho era assim, não quis generalizar. É a minha experiência, a da minha Terra, mas também a de muirta gente que conheço (ou conheci) e que ma contou para um trabalho académico que realizei. O Farrapo Velho comia-se ao almoço, antes do galo ou do capão e o bacalhau desfiado ao jantar, com uma canjinha, que o estômago precisava de descansar depois dos “excessos” cometidos nas duas refeições anteriores É o que faz escrever “em direto” em vez de fazer um rascunho. Outra confusão introduzida por um comentário a meio da discussão. Claro que não havia um “jejum religioso” à maneira do Ramadfão, por exemplo, para a Missa. Mas havia um “jejum religioso” antes da Comunhão. Quem comungava ia receber o corpo do Senhor, e essa abstenção de alimento sólido ou líquido era uma forma de mostrar o respeito por Ele. Pio XII, em 1953, permitiu que, além dos remédios, também se ingerisse água . Em relação à duração do “jejum”, na época de São Tomás de Aquino, ele começava à meia-noite anterior. Pio XII, em 1953, reduziu o jejum a três horas antes, e Paulo VI, em 1965, a uma hora. Esta seria a razão porque alguém aludiu a jejuar antes da Missa do Galo. A razão não era propriamente a Missa mas sim a Comunhão. Bom 2018 para todos e uma saudação especial para o Casal Mistério. Não me esqueci do desafio de escrever sobre o bacalhau. Será em breve…
As Tradições São Variadas de Região Para Região,Mas No Essencial Têm Um Ponto Comum,Depois Vem As Condições Económicas ,Essas Sim Causam Muita Influência ,E o mistico Religioso ,Também Se Transforma consoante A Riqueza dessa Região ,E Assim Se Mudam As Coisas Sem O povo Se Aperceber A Real Coisa que Deu Origem A Tradições Diferentes.,Muita Pobreza,ou Muitos Latifundiários alteram Tudo .Joaquim Barroso .
Tenho a idade de 68 anos e desde que me lembro ,pelo natal a ceia de 24 era sempre bacalhau cozido com batatas e muitas pencas e cenouras ,noutras casas para alem do bacalhau ,poderia haver polvo cozido ou filetes de polvo ,mas só nas casas mais abastadas,e a seguir ao prato do bacalhau ,vinha a sobremesa que era ,aletria ,rabanadas de agua e açúcar e também rabanadas de vinho ,e outros folhados de cabaça ,também noutras casas se faziam as migas ,( coisa que eu não gostava e nem gosto),no dia 25 ,fazia-se um arrozinho de cabidela ou uma carne assada ,que nós comíamos com todo o prazer,eu sou da região do Douro Litoral e a nossa tradição era esta ,Hoje temos imensa variedade de menus que cada pessoa confecciona ao seu gosto ,inclusive eu ,os tempos são outros ,e as nossas vontades também se mudam ,em relação a missa do galo ,pois também havia a tradição de assistir ,claro ao critério das pessoas,nada de jejum nem nada parecido
Em minha casa na ceia de Natal, além do bacalhau cozido o q não faltava era aletria, filhozes de abóbora, (tradição da região de Leiria) e azevias(tradição da região de Portalegre)ainda me lembro de ficar a descascar grão com a avó….e acho q com a mesma massa q sobrava das azevias faziam se filhozes.
No Norte sempre se comeu bem na ceia de Natal, bacalhau cosido, polvo, bolinhos de bacalhau e muitas vezes até pescada. Em Trás os Montes era quase sempre polvo e na volta da missa do galo comiam-se alheiras. A única coisa de que não tenho memória é de não haver Missa do Galo!!! Sempre houve e sempre haverá. Algo não bate certo nesse “jejum” no sul, todos sabemos que os nortenhos são muito mais cumpridores das tradições que os sulistas, por isso a sua afirmação me parece tão estranha. Quanto à quantidade e qualidade da comida, não há termo de comparação , sempre se comeu mais e melhor no norte. Bom Natal, com uma excelente ceia no 24 e m excelente almoço e jantar no 25.
Maria Elisa Silva Ribeiro o que seria as migas? aguardo obrigada
Esse e o mais parecido com a familia do meu pai, no dia 24 e no dia 25 cabrito sim , nossa dia de natal sem cabrito para o meu pai nao era natal , e todos os doces ….que deliciaaaaaa e que saudade …obrigada por postar lindas lembrancas abracos…..
Excelente e excelentemente completado pelos comentários, tanto os pró como os contra. Oferece-nos uma útil perspectiva sobre dietas natalícias.
Obrigado.
Sempre ouvi a meus avós e pais (reportando muito para lá dos referidos 100 anos…) que na noite da Consoada, ao cair a noite de 24, se comia bacalhau com batatas cozidas, mais hortaliça (tronchudas), cebolas e ovo, tudo cozido e depois no prato com molho de azeite e vinagre, etc. Com doçaria por sobremesa, sobretudo formigos, rabanadas, aletria, pão de ló de Margaride e outras variantes conforme as posses. Aqui (em Felgueiras) no interior do distrito do Porto, já zona de transição de Entre Douro e Minho. Depois pela meia-noite havia então a Missa do Galo, na igreja paroquial, também. Mas nunca ouvi falar em jejum, nessa ocasião, a não ser que se comia o bacalhau como espécie de abstinência de carne na noite do nascimento do Menino Jesus. Por fim, no dia seguinte, dia 25, já se comia carne, em assado de forno que metia galo e as batatas assadas e arroz do forno, a lenha, e tudo o mais.
Os meus pais Sao de origemPortuguese/Transmontana – por anos e anos e espalhados por Alemanha,
por Angola , nos EUA em Portugal, a família mantêm a tradição 🙏🏻🙏🏻
. No Dia 24 nao se come Carne – todo o Dia estamos ocupadas Na cozinha – fritar rabanadas, filhoses, sonhos, leite creme, aletria, bolos de bacalhau , polvo frito, e arranjar a mesa com toda a diversidade de frutas secas, nozes, avelas, pinhoes, …. uma Mesa rica para a familia .
Para a ceia sp se come bacalhau com todos -(penca, lombarda, cebola,ovos, cenouras, batatas) tudo bem regado com azeite e salpicado com alhos picados, pimenta blanca. Apos comermos o bacalhau – levanta-se estes pratos e recheia-se a Mesa com todos os doces, frutas secas, nozes e BoloRei e a partir dai era comer , e saborear até a missa do galo.
No dia de Natal comemos cabrito assado, leitão, lombo assado !! Sp uma quadra de fartura, alegria e Fé em Deus para nos continuar a protejer.
Feliz Natal a todos
Não, na minha família de Lisboa…que não eram católicos…
Maria de Lurdes modesto a maior especialista em gastronomia portuguesa!!?? Deixa me rir, isto é o maior disparate de todos os tempos
Tenho 81 anos e sou do Porto. Em casa da minha família sempre se celebrou o Natal como aqui é descrito excepto o almoço do dia 25 onde o peru recheado com picado de carne de vaca, cebola,azeitonas,grãos de pimenta, manteiga e vinho do Porto é obrigatório .
Quanto ao jejum nunca ouvi falar no Natal mas sim na Páscoa e devo dizer que já há muitos anos que não é preciso jejuar para ir comungar.
Bom texto sobre as tradições natalícias. Em nossa casa sempre se comeu o bacalhau ao jantar do dia 24 mas sempre comprado na mercearia habitual, O senhor Gameiro, na Rua do Lumiar em Lisboa!
Sou do distrito do Porto e nunca ouvi falar de jejum na época de Natal. E recordo me por exemplo do Natal de 1971 quando tinha 6 anos, bacalhau cozido e polvo eram os pratos.
Muitos doces como aletria, arroz doce, sonhos e frutos secos.
Os meus pais iam à missa do galo que era à meia noite.
Esta tradição já vinha desde o início do século dos meus avós.
Nunca ouvi falar de tal coisa no Brasil. Faz muito tempo que estou aqui, já passei o Natal em diversas famílias católicas e… isso não existe. Não sei de onde foi tirar essa informação.
comungo da mesma ideia do Dr. Maia Marques sobre a ceia de Natal. Generalizar este assunto, não será , digo eu a melhor opção, até porque dentro de cada família, surgem variantes muito próprias, dependendo de vários estádios, monetário e religioso (ateus, anticlericais, protestantes…etc…).
Perú? nem vê-lo, galo sim, ainda hoje na minha casa o galo está presente assim como o farrapo velho com o sabor dos olhos de couve em detrimento da penca. Cá está, não se deve generalizar mas sim valorizar todas as formas conhecidas de como se comia a Norte do rio Douro. Cada casa , cada família tinha e tem um pormenor que “descamba” do generalizado em favor da exceção.
cumprimentos
Parabéns pelo post.
Algumas destas coisas eu já conhecia, em tempos fiz alguns posts sobre este tema no blog bluestrassbychristmas.blogspot.com. A gastronomia portuguesa foi mudando com o passar dos anos.
Beijos e abraços.
Sandra C.
Bluestrass (https://https://bluestrass.blogspot.com/)
Faço 144 anos próximo janeiro e desde que tenho memória, a consoada foi sempre o ponto alto das festividades do Natal, nomeadamente em termos gastronómicos com bacalhau, polvo, peru e os tradicionais doces de Natal.
Dia 25 festeja-se noutra casa / família ou na mesma praticamente com os resto do dia anterior.
Desculpe, moro no Brasil e todos comem antes da meia noite.
De todos os comentarios que aqui li este é aquele que mais esta de acordo com a minha vivência
No caso do bolo rei, com a proibição imposta na primeira república, após o fim da monarquia, este doce natalício passou a chamar-se bolo-Arriaga, pelas razões óbvias!!!