os ceviches são óptimos, as ostras deliciosas, as sobremesas divinais e o serviço magnífico! (uma pista: estamos a falar do porto)

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    – Adoro a música! Parece a do hotel do Rafael, de Jane the Virgin!

    Tenho de confessar: o nível de cultura musical dos nossos queridos e prezados Filhos Mistério esgota-se nos primeiros acordes das bandas sonoras das novelas venezuelanas. E, por isso, não perderam muito tempo a analisar a música ambiente do novo restaurante do Porto. Saltaram directamente para a deliciosa lista de criativos ceviches, fantásticas sobremesas e fabulosas ostras do Panca.

    Aqui tudo tem a ver com a América Latina: desde a música à comida, passando por…

     

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    …O ambiente

    Há plantas nos candeeiros, há plantas nas prateleiras, até há plantas por baixo das mesas. Se eu tivesse levado umas penas na cabeça, achava que estava a jantar na Amazónia. Mas não: estava na novíssima cevicheria dos mesmos donos do Cafeína, do Portarossa e da Casa Vasco, que fica na Baixa do Porto.

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    A minha querida Mulher Mistério adorou o facto de as mesas serem em vidro e por baixo terem um vaso suspenso, com plantas lá dentro, e que se vê à transparência quando está a olhar para o seu prato. Já eu não adorei o facto de as minhas longas pernas de Cristiano Ronaldo fora de prazo não caberem sem me deixarem os joelhos esborrachados contra o vaso.

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    Mas uma coisa é verdade: o ambiente é fantástico. Além da música sul-americana e da animação que vem das mesas, há detalhes maravilhosos: as cadeiras são coloridas, as paredes são de pedra e até consegue encontrar cestos com legumes nas prateleiras.

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    A ementa 

    Ambientados e aconchegados, partimos para aquilo que realmente nos mobiliza: a comida. Eu já tinha adorado os petiscos leves e saudáveis da Casa Vasco e preparava-me para adorar também os petiscos sul-americanos do Panca. Tirando a excentricidade de se tratar de uma cevicheria com picanha na lista, tudo o resto fez sentido.

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    O couvert

    Em vez do habitual pão e manteiga, no Panca trazem-lhe para a mesa pão e uns finíssimos e estaladiços nachos para molhar numa ótima tomatada, onde consegue sentir bem os saborosos pedaços de tomate misturados com um agradável aroma a alho. Para completar, vêm ainda umas azeitonas sem caroço misturadas com queijo desfeito (€2 por pessoa). 

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    Os petiscos

    A minha querida Mulher Mistério mergulhou logo de cabeça numas fabulosas ostras on the rocks (€8,50). Apesar do sugestivo nome, não são servidas dentro de um copo de whisky. Vêm num prato, por cima de umas pedras de gelo, e levam, no topo da ostra, uma deliciosa espuma de creme de marisco e uns picles de pepino. Para completar, ainda está lá uma malagueta que as torna ligeiramente picantes.

    Eu adoro ostras. Acho que é o mais puro marisco, quando é retirado directamente da água e servido cru, com aquele incomparável sabor a mar. E costumo fugir a 14 pés de qualquer mistura que dê cabo desse sabor. No entanto, as ostras do Panca conseguem ser criativas sem perderem o incomparável toque a mar. Além disso, vieram muitíssimo frescas e carnudas.

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    A seguir pedimos um tártaro de atum (€9) que estava claramente noutro nível. Apesar de muito fresco, o peixe sabia mais a queijo do que a qualquer outra coisa. E porquê? Porque o tártaro vem servido em estilo Hot Philadelphia: por cima de um rolo de arroz frito recheado com queijo creme. O atum vem picadinho no topo. Os meus queridos Filhos Mistério, que idolatram Hot Philadelphia tal como os argentinos idolatram Maradona, ficaram radiantes com a combinação; eu achei enjoativo demais.

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    Os ceviches

    Numa cevicheria, tínhamos de pedir ceviches. E foram quase todos os que havia na ementa. Aqui vão eles, em crescendo de qualidade, numa avaliação ao estilo Marcelo Rebelo de Sousa versão tempos da TSF:

    • O de peixe branco (€11) trazia uma corvina fresquíssima e saborosa e milho chulpi, dos Andes, bem tostado e crocante, mas o abacate estava tão verde como duro e sem sabor. Por cima levava uma mousse de batata doce boa e um leite de tigre equilibrado e ácido, no ponto. Se não tivesse sido a desilusão do abacate pouco maduro, teria passado com 14 valores. Assim, ficou por um 10.

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    • O ceviche de mariscos (€14) levava ostra (fantástica), lingueirão (óptimo), mexilhão (bom), berbigão (razoável) e polvo (numa honrosa promoção do molusco a marisco). Tinha ainda a mesma cremosa mousse de batata doce e a fantástica espuma de marisco. Estava bom, ácido e equilibrado. 15 valores.

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    • A festa acabou com o fantástico ceviche de salmão (€9,50). Menos ácido do que os anteriores, mas delicioso e surpreendente, especialmente por causa do coco, que lhe dava um toque magnífico. Além disso, tinha uns deliciosos e crocantes chips de batata doce e uma suave mousse de abacate (bastante menos verde e mais saboroso do que o abacate em cubos do ceviche de peixe branco). Para completar, tinha ainda um pouco de quinoa e manga. A conjugação de texturas e de sabores estava fantástica. E por isso teve direito a uma aclamação da mesa mistério: 18 valores. 

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    Os outros pratos

    Com tanta boca e tanta fome sentada numa única mesa, não podíamos ficar por aqui. A ala feminina da mesa pediu uma salada de quinoa, beterraba e queijo de cabra (€11) que estava boa mas vinha com verdes a mais e quinoa a menos.

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    A ala masculina preferiu a picanha na brasa (€16). Apesar de não ser propriamente o prato mais habitual numa cevicheria, a verdade é que estava óptima: saborosa e trazida para a mesa em fantásticas fatias bem tostadas por fora e mal passadas por dentro. A acompanhar, vinha uma simpática feijoada com legumes misturados.

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    As sobremesas

    Jantar mistério sem sobremesas é como Donald Trump sem laca. Mesmo em época de dietas. E, depois de uma incansável pressão juvenil, pedimos uma fabulosa mousse de chocolate (€6) com paçoca e gelado de amendoim (pouco doce e com forte presença dos frutos secos) e…

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    …uns incríveis churros com doce de leite e gelado de maracujá (€6). O contraste entre o doce de leite e a acidez do gelado de maracujá é maravilhosa.

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    Se acha que duas sobremesas chegam, lamento desiludi-lo. A festa só acabou quando chegou à mesa um delicioso gelado de lima servido por cima de uma cama de doce de leite e com dois suspiros a acompanhar (€5,50). Por cima, era ainda polvilhado com matcha.

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    O serviço

    Sentámo-nos às 20h30 e levantámo-nos às 22h30. Para um jantar com sete pratos, três sobremesas, couvert, cafés e ainda um óptimo pisco sour para abrir o apetite, convenhamos que não está nada mal. E, além de rápido, o serviço é simpático e eficiente.

    Os empregados explicam os pratos, dão sugestões e passeiam-se sempre com um sorriso radioso. E contagioso. É fantástico chegar a um restaurante cansado, directamente de uma viagem de carro de três horas, e sair feliz, como se tivesse acabado de acordar, num fim-de-semana de sol. É isto que um serviço simpático pode fazer a uma pobre e misteriosa alma.

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    As crianças

    Tem um menú infantil, com um creme de legumes, um mini-hambúrguer de carne maturada e uma bola de gelado, por €15. Não me pareceu mal, mas os meus queridos mini-misteriosos acharam pouco. Para eles, tirarem-lhes a comida dos adultos é como tirar-lhes o telemóvel.

     

    O bom

    O ambiente e a decoração

    O mau

    O abacate pouco maduro do ceviche de peixe branco

    O óptimo

    O ceviche de salmão, as ostras, as sobremesas e o serviço

     

    Um óptimo jantar para si onde quer que a sua panca esteja,

    Ele

     

    fotos: pancaduarte lebre de freitas (mousse de chocolate); casal mistério 

     

    Nota: Todas as despesas das visitas efetuadas pelo Casal Mistério a restaurantes, bares e hotéis são 100% suportadas pelo próprio Casal Mistério. Só assim é possível fazer uma crítica absolutamente isenta e imparcial. 
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    Panca
    Rua de Sá de Noronha 61, 4050-527 Porto
    Aberto todos os dias, das 12h30 às 01h 
    T: 222 033 144

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