Chegar até ao Pé no Monte pode ser uma aventura porque o GPS teima em mandar-nos para um descampado nas traseiras da propriedade, a cinco minutos de São Teotónio, perto da Zambujeira do Mar. Chegámos já de noite e só quando vislumbrei um enorme pé ao lado do portão é que suspirei de alívio. Estávamos no caminho certo.
Gonçalo Marques, o dono do Pé no Monte, estava com um enorme sorriso à nossa espera e foi com um imenso orgulho de quem conseguiu concretizar o sonho de uma vida que nos fez uma visita guiada pelo hotel que construiu, há dois anos, com a mulher, Helena.
O hotel
Começou por nos mostrar, no piso térreo, a sala onde é servido o pequeno-almoço que ainda tinha em exposição, numa das bancadas, café, chás e bolos que “estão o dia todo à disposição dos hóspedes”.
Passámos pela receção, branca e arejada em tons de azul, como todo o espaço da entrada, e guiou-nos por umas escadas que nos levaram até ao andar de baixo, onde se situa a zona da sala de estar, os quartos e a sala de jogos, e onde o cor-de-laranja domina.
A sala tem um recanto para os mais novos com TV, PlayStation e brinquedos e vários sofás em redor de uma imponente e original lareira suspensa.
No pátio interior, entre o corredor dos quartos e a sala de jogos, apaixonámo-nos pelo bar, uma espetacular carrinha pão de forma cor-de-laranja, totalmente recuperada, com as garrafas e as bebidas expostas para nos servirmos à vontade, em regime de honesty bar. Mesmo ao lado do lounge exterior onde se encontra o original bar, está a sala de jogos com ping pong e matraquilhos.
O quarto
E finalmente chegámos ao nosso quarto: era o primeiro de um longo corredor que conduzia às restantes suites (ao todo, são seis quartos e um apartamento familiar).
O nosso era enorme, com uma cama de casal e outra individual ao canto. De facto, aqui está tudo pensado para pais e filhos.
Em tons de branco, com o chão de madeira pintada e cimento afagado, o quarto era clean e minimalista, tal como os restantes, com alguns apontamentos de cor nas almofadas. Em frente à cama, uma enorme janela de correr, protegida com blinders e cortinas brancas, dá acesso a um pequeno terraço com duas cadeiras e uma rede. O espaço está coberto com um teto de palhinhas, mas infelizmente não tem nada a protegê-lo dos terraços do lado.
O quarto tem ainda uma secretária e uma cadeira brancas e a TV suspensa por cima. Apesar de enorme, tem pouca arrumação: só tem um armário estreito sem portas nem gavetas. Tem ar condicionado, o que é fundamental nesta época do ano, mas tem um grave problema de humidade. Quando entrámos, sentimos imediatamente o cheiro a mofo, o que é uma pena e consegue fazer disparar os espirros do meu querido Marido Mistério a uma velocidade supersónica (a idade não perdoa, coitado, está cada vez mais sensível).
Não sei se acontece nos outros quartos mas provavelmente deve-se ao facto de todas as suites terem sido construídas no andar mais baixo da casa, quando o terreno está inclinado. Ou seja, na parte da frente, têm acesso direto ao jardim; no lado de trás, estão abaixo do nível do solo.
Se gosta de uma segunda almofada ou um segundo édredon para dormir, encontra extras no armário. Os lençóis e os édredons são confortáveis e leves.
A casa-de-banho é igualmente espaçosa, toda em cimento afagado e em tons de branco, com um mini-jardim interior ao lado do enorme duche cheio de pressão (tão bom!). As toalhas de banho são médias – não são propriamente grandes e fofinhas, mas cumprem – e o sabonete e o champô (com um cheiro agradável) estão em enormes recipientes na parede do duche (mais uma vez a pensar em famílias numerosas). Por isso, se é daqueles que adora trazer as amenities de recordação, aqui não terá muita sorte.
A noite foi agradável mas curta. Às oito da manhã, fomos acordados com o barulho dos filhos dos outros hóspedes a brincar e a bater portas no corredor e no quarto ao lado… É claro que o hotel não tem culpa que os pais não consigam controlar os filhos, mas também é verdade que parecia que toda a família no quarto ao lado estava dentro da nossa cama. Resignámo-nos e fomos tomar o pequeno-almoço mais cedo do que o previsto.
O pequeno-almoço
O pequeno-almoço no Pé no Monte é ótimo, simples e caseiro: tem sempre dois bolos frescos por dia (chocolate e nozes no primeiro dia, chocolate e banana no segundo), bolachas, biscoitos e deliciosos doces caseiros (tomate, figo, abóbora e morango). Os habituais leite, chá e café de uma máquina Nespresso (com cápsulas de marca branca) não desiludem mas não têm leite sem lactose para grande tristeza do meu querido Marido Mistério (sim, também tem esta pequena maleita).
O sumo de laranja é mesmo natural e delicioso, e tem também fruta fresca (meloa, morangos, maçãs, pêssegos e bananas). O pão alentejano foi a minha perdição e o pão de leite às fatias uma surpresa muito agradável. Além disso, tinha um ótimo queijo fresco e um queijo fresco com óregãos, uma marmelada caseira, sementes diversas e cereais. Só a manteiga é que era servida em pacotes individuais… Mas quem precisa de manteiga com tanta variedade caseira?
Optámos por tomar o pequeno-almoço no simpático alpendre com vista para o jardim e a piscina estrategicamente mais afastada da casa. E foi aí que percebemos como tudo aqui é feito e pensado para os mais novos: no jardim, imperam balizas de futebol, casinhas de bonecas de madeira com cozinha e tudo, redes, trampolins e arco e flecha. Até tem uma zona com areia para as crianças fazerem castelos!
Um pequeno grande pormenor para quem tem filhos pequenos e prefere passar o dia na piscina: o hotel só serve pequeno-almoço e alguns jantares a pedido, mas não serve almoços, o que, para quem tem crianças esfomeadas como as nossas, pode ser um problema. Sobretudo quando os filhos dos proprietários almoçam ali ao lado dos hóspedes, torna-se difícil explicar às restantes crianças por que não podem almoçar ali.
De qualquer forma, os donos têm planos para expandir o hotel e criar um restaurante e quartos novos.
A zona à volta
Como tomámos um pequeno-almoço de reis, optámos por ir explorar as fantásticas praias da costa alentejana, como a praia do Carvalhal, cujo bar de apoio foi remodelado e tem uma sangria de frutos vermelhos para lá do agradável. No dia seguinte, subimos a costa até à maravilhosa praia dos Aivados, para dar um mergulho antes do regresso a casa.
O bom
O quarto e a casa-de-banho
O mau
A humidade no quarto e o barulho que se ouve dos outros quartos e da sala
O ótimo
O pequeno-almoço e o bar na carrinha pão de forma
Boas férias para quem está de férias e bom trabalho para as 2 pessoas que, como eu, estão a trabalhar durante este mês,
Ela
fotos: pé no monte
Muito giro o espaco, gostei imenso do contraste entre a decoracao moderna e o aspecto tipicamente alentejano da casa e das areas
Olá boa tarde,, quanto custa, cada noite
Escusado seria o comentário de os pais não conseguirem controlar os filhos. Como se as coisas fossem assim tão lineares…
Quanto custa por noite?