quinta da comporta, o novo hotel de luxo que abriu com o telhado por acabar e… sem gin tónico

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    Ponto prévio: a Quinta da Comporta é deslumbrante e vai ser um sucesso. Mas vamos lá esclarecer uma coisa: o conceito de soft opening é uma invenção dos hotéis e dos restaurantes para justificar qualquer falha nos primeiros dias logo após a abertura das suas portas. Até aqui estamos todos de acordo. E é compreensível. Agora pagar 260 euros por uma noite num hotel em que ainda faltava pôr o colmo nos telhados do restaurante e do spa, as almofadas e os colchões nas cadeiras e espreguiçadeiras do exterior e, mais grave do que tudo isto, onde faltavam bebidas espirituosas no bar…

    Pior: faltava um bar propriamente dito, porque o restaurante tinha poucos pratos na carta e apenas 3 variedades de vinho e alguns refrigerantes. Bebidas espirituosas, nem vê-las. E a sala de estar tinha as portas trancadas às onze da noite. E nós queríamos tanto jogar gamão na mesa própria para o efeito… Ah, espere! Também não havia peças disponíveis. Ainda estavam embaladas na bancada do bar que ainda não inaugurou.

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    O hotel

    Há muito que estávamos à espera da inauguração da Quinta da Comporta. Sempre fui fã do trabalho do dono, o arquiteto Miguel Câncio Martins, desde o tempo do Buddha Bar e do Bar Fly, em Paris. Este é o primeiro hotel dele e tem tão bom gosto que até enerva. Aqui tudo é simples e elegante, minimalista e rústico. Com muita pinta e bom ar. Vê-se que os materiais em tons naturais de madeira são escolhidos a dedo e não se poupou nos detalhes de decoração. Até as torneiras das casas de banho são giras.

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    Quando ligámos a marcar, fizeram questão de nos alertar que o hotel ainda estava em soft opening e que as piscinas infelizmente tiveram um problema técnico, por isso, estariam em manutenção. Tudo bem, em abril, não esperávamos grandes mergulhos. Perguntei se o restaurante já estaria a funcionar em pleno e garantiram-me que sim. O meu querido Marido  Mistério pode viver sem um mergulho na Páscoa, mas não sobrevive a um hotel sem comida. Por isso, arriscámos.

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    Conseguimos a proeza de praticamente estrear um dos 18 quartos que já estão prontos no novíssimo resort de luxo da Comporta, mais precisamente no Carvalhal, a cerca de 3 km das praias do Carvalhal e do Pêgo. A ideia é conseguirem ter prontos os 73 quartos até ao verão. Vai poder escolher entre duplos, master, junior suites, duplex suites e villas com piscina e mordomo, entre outros.

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    Mas, por enquanto, as piscinas estão em manutenção, a receção ainda é provisória, os jardins estão meio desertos e os telhados são de zinco à espera do colmo. A fotografia em baixo era a vista da varanda do nosso quarto.

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    Um cenário frio e pouco acolhedor, ainda longe desta fotografia que está no site do hotel:

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    A vantagem é que tínhamos o hotel por nossa conta (cruzámo-nos com mais três ou quatro famílias), a desvantagem é que tínhamos os olhares dos eficientíssimos e simpáticos funcionários do hotel em cima de nós o tempo todo. Como adoramos passar despercebidos, foi um stress.

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    Miguel Câncio Martins fez questão de manter viva a tradição desta região: tons claros e neutros, madeiras claras, colmo e um gosto irrepreensível. Os vários edifícios do hotel estão muitíssimo bem integrados na paisagem com destaque para o restaurante, todo em vidro, enorme, com quatro lareiras suspensas, duas de cada lado da zona de refeições. Não consegui parar de olhar para os incríveis e gigantescos candeeiros de corda suspensos do teto.

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    A vista é para os típicos arrozais que, nesta altura, ainda não estão verdes, mas prometem uma paisagem idílica. Lá fora, as cadeirões gigantes de madeira ainda estavam à espera das almofadas. Explicaram-nos que não estavam colocadas por causa da chuva.  Tal como os colchões das espreguiçadeiras da varanda do nosso quarto. A verdade é que ficou um dia lindo de sol e tivemos de nos deitar por cima da madeira dura e implacável das novíssimas espreguiçadeiras. No dia seguinte, mais um dia de sol, mais um dia de espreguiçadeiras sem almofadas.

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    O quarto

    Os quartos duplos são espaçosos, simples e elegantes. Tal como o resto do hotel, estão decorados em tons de branco e areia com apontamentos em madeira e bambu. Clean e minimalistas, conseguem ser elegantes e rústicos ao mesmo tempo, ou não estivéssemos no coração do boho chic por excelência.

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    A casa de banho é original com uma escada a separar a zona do banho e do duche e com amenities Made in Comporta: Oriza’ Lab. Detalhes como um telefone antigo azul claro, uma máquina de café e uma travessa com tangerinas esperavam-nos sobre a bancada que ainda albergava um discreto mini bar também, claro, sem bebidas espirituosas. Ao fim da tarde, vieram abrir a cama e trazer-nos um chá de arroz tostado e dois bolinhos.

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    A cama é enorme e confortável, com bons lençóis, bons édredons e almofadas, mas confesso que me fez muita falta uma mesinha de cabeceira. Onde ponho o telemóvel, o meu copo de água e o meu livro? Tive de recorrer ao chão, o que não é propriamente prático. Quando nos mostraram o quarto, fizeram questão de nos explicar que o sistema de som se podia ligar ao nosso telemóvel através de Bluetooth. Mas não, não funcionou. E também nos mostraram com orgulho o chão aquecido, que sim, funcionou, muito bem mesmo, ao ponto de eu quase ter destilado. Mas isso, é claramente um problema da obsessão que o meu querido Marido Mistério tem por lareiras e aquecimentos.

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    O restaurante

    Também o restaurante promete: além da decoração espetacular, comemos lindamente. A carta oferece ingredientes orgânicos produzidos localmente e colhidos no Bio Garden do hotel. Mas a carta também ainda está em soft opening com poucos pratos e duas ou três variedades de vinhos. A verdade é que, mesmo em soft opening, não se justifica que não tenham, nem no restaurante nem no bar, gin, vodka e outras bebidas espirituosas. 

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    O meu querido Marido Mistério ia tendo uma apoplexia quando pediu um gin tónico ao fim da tarde e lhe disseram que só havia os três vinhos da carta, cervejas e refrigerantes. É certo que, quando marcámos, avisaram-nos que estavam em soft opening, mas garantiram-nos que o restaurante estava em pleno funcionamento, tal como o spa. Disseram-nos apenas que os jardins não estavam concluídos e as piscinas em manutenção. Agora, um bar sem gin? Nem whisky? Nem vinho do Porto? Nem aguardente? Nem nada?

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    O pequeno-almoço também desiludiu. Explicaram-nos que só a partir de 12 hóspedes é que serviam em buffet, por isso tivemos de nos contentar com o que nos trouxeram para a mesa, num serviço sempre muito simpático e atencioso: uma tábua com fatias de pão, croissants, muffins de chocolate e cinammon rolls, um parfait de abóbora, manteiga, queijo flamengo e fiambre, dois frascos de doce (de frutos vermelhos e de maçã), uma água de arroz doce com canela, um sumo detox, um latte e uns ovos mexidos que fiz questão de pedir para evitar encher-me de pão.

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    Acredito que num buffet a oferta seja melhor e variada mas o que nos serviram não deslumbrou.

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    O spa

    O edifício do spa todo em madeira mais escura ao fundo do resort é um convite à paz e à tranquilidade. Oryza Spa utiliza o arroz como o elemento central de inspiração para os tratamentos e para os produtos exclusivos.

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    A piscina infinita sobre os arrozais vai ser deslumbrante, como a fotografia em cima mostra (digo vai ser porque ainda não está pronta, falta esse elemento fundamental numa piscina que é a água). Mas promete: o spot é lindo e vai ser aquecida, tanto no interior como no exterior.

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    Por tudo isto, ficámos com um certo amargo de boca. Os interiores do hotel são lindos de morrer, os exteriores prometem, o serviço é impecável, mas não vá já. Por mais que o sotf opening tenha uns preços mais convidativos (a partir de junho, serão 400 euros por noite em quarto duplo), não vai ficar deslumbrado. O que é uma pena porque este hotel tem tudo, ou melhor, vai ter tudo para o deixar de queixo caído. Mas por enquanto, ainda não.

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    O bom

    A decoração do hotel

    O ótimo

    A simpatia e atenção dos funcionários

    O mau

    A ausência de colchões e almofadas no exterior

    O péssimo

    A falta de bebidas espirituosas

     

    Uma ótima Páscoa,

    Ela

     

    fotos: quinta da comporta e casal mistério

     

    Nota: Todas as despesas das visitas efetuadas pelo Casal Mistério a restaurantes, bares e hotéis são 100% suportadas pelo próprio Casal Mistério. Só assim é possível fazer uma crítica absolutamente isenta e imparcial. 
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    Quinta da Comporta

    Rua Alto de Pina, 2, Carvalhal, 7570-779

    +351 265 112 390

    https://www.quintadacomporta.com/home

     

    2 comentários em “quinta da comporta, o novo hotel de luxo que abriu com o telhado por acabar e… sem gin tónico

    1. Fui lá jantar em Agosto e foi a pior experiência gastronómica da minha vida. O hotel está lindo sim, mas não é mais que isso. Até novas opiniões, não volto e desaconselho.

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