Conhece o restaurante Ramona, no Brasil? Não conhece? Pois, devia conhecer. E não digo isto por o Ramona se autointitular, de uma forma ligeiramente nova-rica, um “restaurante sofisticado” ou de “cozinha fina”. Nem por ter o nome da música que estava a tocar quando o Titanic se afundou. Não senhor. Digo isto porque, na semana passada, o Ramona alterou a sua ementa.
Pronto, o Homem perdeu a cabeça!
Calma, não se precipite já na ofensa gratuita. Ouça a história até ao fim.
O Ramona (adoro o nome) alterou a ementa para aumentar os preços cobrados aos homens.
Só aos homens?
Exactamente. Na segunda-feira da semana passada, a ementa foi distribuída com uma pequena nota ao lado de cada preço: “+30% para homens”. É claro que os machões arregaçaram a manga cava e revoltaram-se contra a discriminação sexual. Uns protestaram, outros disseram que era uma injustiça, a maioria mandou chamar o gerente. E o gerente veio à mesa explicar a mudança: “No Brasil, as mulheres recebem em média 30% a menos para desempenhar as mesmas funções que os homens. Isso, sim, é injustiça”.
A iniciativa fazia parte de uma campanha idealizada pela agência de publicidade Agnelo Comunicação para sensibilizar a população para a discriminação salarial que existe em relação às mulheres no Brasil. E tornou-se um sucesso com este vídeo viral.
Só para descansar as mentes mais inquietas: no final, foi cobrado o mesmo preço a toda a gente. A minha querida Mulher Mistério está aqui a protestar que faltava uma iniciativa destas na cantina do seu trabalho. Mas, como somos mistério, é melhor não dizer mais nada…
Um ordenado mais justo para si onde quer que esteja,
Ele
Esse mito persiste… Comparando trabalhos iguais, a diferença salarial é de 7%. E deve-se ao facto de os homens terem mais propensão para negociar salários.
Depois, se as mulheres recebem menos 30%, porque é que as empresas não contratam apenas mulheres?
Uma ideia genial!!! Brilhante!! Que sirva para despertar consciências!!!
Não tenho números para apresentar, por isso se são 7% ou 30% ou outro número no Brasil não sei.
Mas acredito que as mulheres negociem menos os salários do que os homens, daí uma diferença só por isso. Normalmente os empregos indicam M/F, logo não há distinção.
Quando se analisa a questão da diferença de salários temos de perceber se estamos a comparar a mesma exacta função ou se incluímos todas as funções. Se for o primeiro caso, é injusto. Se for o segundo caso, é comum os homens receberem mais porque exercem funções que têm ordenados superiores. Enquanto que existem muitos empregos “de mulher” que são baixos. E isso baixa muito a média para o lado das mulheres.
E quantos homens também ganham menos do que os seus colegas do lado por terem negociado pior? Isso é praticamente impossível de registar em estatísticas, logo fica ocultado do conhecimento público.
E para finalizar, se um homem ganhasse 100 e a mulher 70 (30% menos), então o aumento que a mulher teria de receber para atingir os 100 do homem seria de 43% (30/70).
Fórmula:
~100.0 = (70 * (1+ (100-30)/70)).
Isto nem sempre como pintam enfim lá vem as feministas defender que tem de ser igual tem de ser igual para todos mas quando se trata de trabalhar a mesma coisa que os homens por exemplo quando e pesado lá chamam algum homem que esteja a beira para fazer o serviço MAA ao final só mes lá querem receber igual . enfim
esquecem-se sempre de dizer que as mulheres, no momento do pagamento, se penduram sempre no homem.
Mesmo que ganhassem menos 30% no trabalho (falso), vão buscar ao homem – muitas vezes, muito mais.
A ideia está genial. É marketing puro a funcionar para a igualdade de género. Pena é ver os comentários à ideia. Pena é ver que se continue a achar que quando é preciso um trabalho pesado chame-se o homem. Pena é ver que continuamos a relegar para a mulher uma tarefa e para o homem outra. Cada um desempenha o que pode. Conheço homens menos capazes de trocar um pneu que algumas mulheres. Como conheço homens mais capazes de cuidar de crianças do que muitas mulheres.
A igualdade é sermos capazes de reconhecer que todas as pessoas têm os seus limites e as suas bondades e que não sejam discriminadas por nenhuma delas. É, de facto, sermos pagas por fazermos o mesmo trabalho (e não diferenciado). É também, os homens poderem gozar de iguais direitos de parentalidade, por exemplo.
É sermos capazes de respeitarmos o próximo, independentemente do seu género, sem o diminuir.
É pena, ver alguns destes comentários, na verdade entristece-me que em Portugal ainda se pense assim…