rio maravilha, o restaurante mais surpreendente de lisboa

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    O estilo Mike Tyson de Diogo Noronha pode não ser a imagem tradicional de um chef em Portugal, mas convém que não se deixe distrair pelos braços cheios de tatuagens do responsável do Rio Maravilha. O novíssimo espaço, que abriu há poucas semanas no LXFactory, em Lisboa, consegue juntar no mesmo local um restaurante fantástico, um bar animado e uma vista deslumbrante.

     

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    O ambiente

    Primeiro, vamos à vista. O gastrobar fica no quarto andar de um dos edifícios do LXFactory e é rodeado por uma gigantesca janela com vista para o rio Tejo, a ponte 25 de Abril e o Cristo Rei ao fundo. 

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    Agora, vamos à explicação. Gastrobar é uma nova tendência que chegou a Lisboa com o Mini Bar de José Avillez e que agora se alarga com o Rio Maravilha. No fundo, é um restaurante onde se ouve música e se bebe um cocktail. Ou um bar onde se petisca qualquer coisa e se janta bem. A ideia é juntar no mesmo espaço os dois conceitos. E se o Mini Bar, de Avillez, consegue ter a comida mais adequada a este conceito, o Rio Maravilha, de Diogo Noronha, tem um dos ambientes mais divertidos e animados de Lisboa.

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    O espaço tem uma zona mais de bar: uma sala enorme com o balcão onde são preparados os cocktails e umas mesas iluminadas com imagens de vídeo projectadas sobre os tampos. E outra mais ao estilo de restaurante: mesas e cadeiras tradicionais mas com uma decoração que está algures entre o kitsch e o divertido, com tabuleiros de jogos da Majora desenhados nas mesas e flores e morangos estampados nas costas das cadeiras. Em ambas as áreas pode jantar ou simplesmente beber um copo.

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    Todo o espaço é completamente surpreendente: na casa-de-banho, por exemplo, o lavatório tem projectada uma imagem em vídeo de umas mãos com água a escorrer para cima de umas pétalas de flores. Há vídeos por todo o lado e um DJ a pôr música. Ir ao Rio Maravilha é um programa que está entre o jantar fora e a saída à noite. Por isso, aqui fica o aviso: se procura um restaurante tranquilo e com pouco barulho, o melhor é correr para a saída de emergência deste texto.

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    A ementa

    Apesar da idade avançada de metade da nossa Prole Mistério, tivemos o bom senso de vir ao Rio Maravilha com um casal da nossa geração, evitando assim essa modernice “Ai, tão jovens que nós somos que até saímos à noite com os nossos filhos”. 

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    Os cocktails

    Mal chegámos, sentaram-nos nuns confortáveis sofás vintage, na sala do bar, enquanto esperávamos pela mesa. E foi a desculpa de que precisávamos para provar os famosos cocktails do restaurante. Eu experimentei o rum sour (€8), feito com ananás braseado, mel, alecrim e paprika. Além de não ser muito doce, tinha um forte sabor a braseado, o que lhe dá um toque absolutamente surpreendente. Ela preferiu uma margarita com framboesas e Peta Zetas (€8), o que a deixou divertidíssima enquanto estalava, feliz e contente, os rebuçados na boca (está a perceber porque é que não é preciso trazer as crianças?).

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    A acompanhar, pedimos o tira gosto (€2,75), uma mistura de aperitivos muito picantes – amendoins, milho frito e aqueles palitos fininhos indianos – que acaba por ser forte de mais para quem só quer uma coisa mais pacífica para acompanhar as bebidas.

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    As entradas

    O conceito do restaurante é a partilha dos pratos por toda a gente, mas, para grande tristeza do empregado, Ela optou por não dividir nada. A única excepção foram os crocantes de polenta e queijo (€4,90) que, no fundo, são bolinhas de croquete feitas de polenta, o que torna a massa bastante mais leve do que com o tradicional pão ralado. Além disso, vinham muito crocantes por fora e muitíssimo cremosos por dentro – é uma óptima opção para começar a noite.

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    A seguir, pedimos os divinais ovos BT (€9,80). Para os leigos em siglas gastronómicas como eu, convém explicar que BT quer dizer Baixa Temperatura. Estes ovos são cozinhados lentamente de forma a ficarem com a clara branca mas muito mole e a gema completamente líquida. Vêm acompanhados por um delicioso creme de queijo com umas bolinhas de marmelada cremosa e uma fabulosa farofa de parmesão com pancetta ibérica. A surpresa da farofa de parmesão crocante é absolutamente espectacular e a mistura da marmelada com o creme de queijo tem tanto de tradicional (os sabores antigos) como de revolucionário (as texturas inesperadas). Tudo isto ganha uma dimensão extraterrestre quando a gema do ovo rebenta e se mistura com o creme de queijo. É claramente o melhor prato que provámos e vai fazer-me voltar em velocidade 100 metros barreiras só para comer isto de novo.

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    Os pratos principais

    Enquanto o empregado continuava a insistir que o conceito era partilhar e não valia a pena pedir uma entrada e um prato principal por pessoa, Ela assumia o controlo da situação e não só pedia uma entrada e um prato para cada um, como ainda insistia nos croquetes de polenta para dividir por todos. E mais as sobremesas.

    Como prato principal, eu escolhi umas saborosas codornizes marinadas e fritas com beringelas na brasa (€12,90) e uvas, que estavam boas e bem cozinhadas. Ela optou pelo lingueirão (€12), fresco e carnudo que se distinguia do habitual pelo delicioso tempero com alho francês e molho nivernaise (feito à base de gema de ovo).

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    As sobremesas

    Mais uma etapa, mais uma divisão. Ela ficou encantada com a sua mousse de chocolate (€7,80) feita com 70% de cacau e que vinha acompanhada com um crumble de alfarroba, um sorbet de cacau e um pó de chá verde. Era bom, mas era parecido com muitas outras sobremesas que já comi na vida.

    Agora, a maçã assada (€7,10) é qualquer coisa de absolutamente novo. O que lhe trazem para a mesa é apenas o recheio da maçã, cremoso e delicioso, por baixo de um bolo de amêndoa e acompanhado por um gelado de baunilha de Madagáscar. Mais uma vez, a sobremesa consegue juntar de forma irrepreensível os sabores mais tradicionais com a apresentação e a textura mais surpreendentes. 

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    O serviço

    Já tinha ouvido várias críticas à confusão e à demora do serviço, mas connosco correu tudo lindamente. À entrada, vieram perguntar-nos logo se queríamos ficar a acabar o cocktail no bar ou se preferíamos passar para a mesa e, ao longo do jantar, o serviço foi rápido e simpático, sendo que o restaurante estava cheio. 

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    As crianças

    Não tem menu infantil e não é um restaurante para miúdos. 

     

    O bom

    O ambiente, as projecções de vídeo e a animação

    O mau

    As cadeiras floridas

    O óptimo

    O ovo a baixa temperatura e a maçã assada

     

    Um óptimo jantar para si onde quer que o Mike Tyson esteja,

    Ele

     

    fotos: lx factory; rio maravilha; casal mistério

     

    Nota: Todas as despesas das visitas efetuadas pelo Casal Mistério a restaurantes, bares e hotéis são 100% suportadas pelo próprio Casal Mistério. Só assim é possível fazer uma crítica absolutamente isenta e imparcial.

    3 comentários em “rio maravilha, o restaurante mais surpreendente de lisboa

    1. …e se no fim ainda tiver dinheiro, pode sempre parar numa roulote e comer uma bifana. É que as doses caras e pequenas não aconchegam este meu corpinho “Danone”.

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