roteiro: 12 lugares que tem mesmo de visitar em berlim

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    Levámos a família toda a conhecer Berlim e viemos encantados. É uma cidade cheia de vida, cheia de história, onde se respira arte e cultura. Ponto prévio: a melhor forma de conhecer a capital alemã é de bicicleta. Além de conseguir ver tudo, as estradas são planas e os alemães super civilizados. A sensação que tivemos foi que davam prioridade máxima aos ciclistas. Acho que até as ambulâncias paravam para nos dar passagem, provavelmente com medo que fossemos os próximos passageiros. Mas os miúdos adoraram o programa das bicicletas e nós mais ainda porque poupámos em ubers e táxis. Estivemos quatro dias em Berlim e aqui fica a nossa lista do que mais gostámos: doze coisas que tem mesmo de fazer quando for à capital alemã.

     

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    1. Brunch no Father Carpenter e no T2

    Nós optámos por dormir em Mitte, um bairro cheio de vida, de lojas e restaurantes, mesmo no centro de Berlim. E quando fazemos estas viagens em família, preferimos tomar um bom brunch, passar o dia inteiro a conhecer a cidade e terminamos com um bom jantar. Foi o que aconteceu em Berlim. No primeiro dia, fomos ao Father Carpenter, situado num daqueles típicos pátios que se vai descobrindo em Mitte. Com uma decoração simples e rústica, serve pequenos-almoços ao estilo australiano, com um café sustentável criado pelos próprios, a marca Fjord, e delícias como uma ótima tosta de abacate e ovo escalfado, um pão de banana vegan com noz, uns fresquíssimos sumos de laranja naturais e um ovo quente com pão. Tem várias opções vegan, incluindo uma french toast que já não coube no meu estômago.

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    Não muito longe dali, situado no agitado Hackescher Markt, descobrimos no dia seguinte o T2, com uma decoração mais moderna, com peças vintage, mas com uma ementa deliciosa e mais variada: além dos clássicos ovos mexidos, tosta de abacate, ovos Benedict, e o típico English Breakfast, também tem opções vegan e vegetarianas como salada de quinoa, pudim de chia e smoothies verdes. Ao almoço tem pratos asiáticos como Pho, Baos e Poke Bowls.

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    2. Passear pelas ruas e pelos pátios de Mitte

    A seguir ao brunch, fomos descobrir as ruas de Mitte, mesmo ali ao lado do Hackescher Markt. Além de vários cafés e restaurantes, os nossos filhos adoraram as lojas de rua e o labirinto de pátios que existem nesta zona. A criatividade e a arte estão em cada beco, em cada parede e em cada túnel por onde passávamos e descobríamos um novo pátio cheio de vida e grafittis. A Street Art Alley foi o ex líbris: um beco muito instagramável que tem acesso através de um túnel do lado direito do enigmático Café Cinema. O que vimos naquele dia pode já não lá estar hoje porque novas obras de arte são pintadas quase todas as semanas, por famosos artistas de rua como El Bocho, Miss Van, Stinkfish e Otto Schade. Todos eles já deixaram o seu carimbo nas paredes deste beco e do pátio.

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    3. Visitar a Ilha dos Museus

    É literalmente uma ilha no meio de Berlim, cercada pelas águas do rio Spree. A Ilha dos Museus inclui cinco museus e é uma longa viagem desde o Antigo Egito, à Grécia Antiga e ao Império Romano, da Civilização Bizantina à Berlim Medieval. É um verdadeiro paraíso para quem gosta de história, arte e cultura. Claro que os nossos filhos reviraram os olhos e preferiram passear pela ilha de bicicleta e admirar a arquitetura imponente dos edifícios históricos dos museus. A verdade é que Mitte, além de ser o centro geográfico de Berlim, foi o berço da capital no século XIII. E o que mais me fascinou nesta zona foi o contraste entre os edifícios históricos, os prédios modernos e o bairro de que mais gostei na capital alemã: o bairro medieval de Nikolaiviertel.

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    4. Descobrir Nikolaiviertel

    É o bairro mais antigo de Berlim e, claro, que também fica em Mitte. É impressionante, parece que entramos numa cápsula do tempo e, de repente, estamos num pequeno bairro medieval, com ruas revestidas de pedra, a fazer lembrar a nossa calçada portuguesa, casas coloridas cheias de charme e impecavelmente mantidas, a típica igreja ao centro que data de 1200 (hoje é um museu), tudo isto nas margens do rio Spree.

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    A verdade é que só a base e as caves da igreja é que são originais. Toda esta área foi destruída durante a Segunda Guerra Mundial, mas foi fielmente restaurada. A única coisa que nos traz de volta ao século XXI é a presença constante da famosa Torre de TV, lá no alto, mesmo ali ao lado.

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    5. Subir à Torre da TV

    É hoje, tal como a Porta de Brandemburgo, um dos principais cartões de visita de Berlim. A famosa Berliner Fernsehturm (Torre de Televisão) situada em plena Alexanderplatz pode ser vista de qualquer ponto da cidade. Com um total de 363 metros de altura, é o edifício mais alto da Alemanha. Com uma vista absolutamente deslumbrante de 360 graus sobre a cidade, conseguimos ver até 42 km de distância. Confesso que só quando subimos lá acima é que me orientei de vez. Finalmente percebi onde ficava o quê, conseguimos distinguir perfeitamente a antiga Berlim Oriental da Ocidental e, como apanhámos um dia lindo, conseguimos ver para lá da Porta de Brandemburgo.

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    Nós optámos por tomar o pequeno-almoço no restaurante rotativo da torre. Se, por um lado, evita filas e multidões e consegue ver bem Berlim com toda a calma sem sair da sua cadeira, por outro, o pequeno-almoço é francamente mau. Não compensa. Para a próxima, vamos ao fim da tarde e tomamos um copo de vinho em vez do pequeno-almoço. Fica a dica.

     

    6. Visitar o Museu do Memorial dos Judeus

    O meu querido Marido Mistério é um apaixonado por História, sobretudo pela do século XX. E obrigou-nos a percorrer Berlim à procura de sinais da existência de Hitler. Não descansou enquanto não encontrou o bunker onde o Führer se matou na Gertrud-Kolmar-Strasse. Depois de muito pedalar, lá encontrámos o sítio onde em tempos se situava o refúgio de Adolf Hitler, hoje um parque de estacionamento com uma placa discreta, onde se explica que o exército soviético destruiu tudo. A placa faz questão de justificar que nada existe ali para evitar peregrinações e ajuntamentos de neonazis no local. Eu até entendo, mas a verdade é que a sensação que dá é que os alemães querem mesmo apagar esta página negra da sua história. É compreensível. Por isso, esqueça o Führer e atravesse a rua para homenagear as vítimas dele.

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    Mesmo ali ao lado encontra o impressionante Museu do Memorial dos Judeus. Vale mesmo a pena uma visita. Também conhecido por Memorial do Holocausto, é uma homenagem aos milhões de judeus assassinados durante o Nazismo. São cerca de 2700 blocos de cimento, criteriosamente posicionados de forma a evocar uma sensação claustrofóbica e de insegurança quando vagueamos entre eles. Por baixo, o museu tem um acervo impressionante de cartas e memórias dos judeus perseguidos pelo regime de Hitler. É muito difícil conter as lágrimas. Ao longo de toda a visita, o silêncio foi demolidor, e o museu estava cheio.

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    7. Tirar uma selfie à frente da Porta de Brandemburgo 

    A 600 metros do Memorial, encontra a famosa Porta de Brandemburgo, hoje símbolo de Berlim reunificada. Ir à capital alemã e não tirar uma fotografia à frente deste monumento, com 26 metros de altura e 65,5 metros de comprimento, é como ir a Roma e não ver o Papa (ok, já fui a Roma e não vi o Papa, confesso o meu crime). A Porta de Brandemburgo é um dos locais mais icónicos da cidade. Construído no século XVIII, sobreviveu a todas as guerras. Durante a Guerra Fria, tornou-se o símbolo da divisão da cidade entre o Este e o Oeste. Quando o muro caiu, passou a simbolizar a Alemanha reunificada.

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    Da Porta de Brandemburgo consegue ver a impressionante cúpula de vidro do Reichstag, o parlamento alemão, que se situa a uns escassos 500 metros. Pode visitar o edifício histórico que data do século XIX e a cúpula criada pelo famoso arquiteto Norman Foster, depois da reunificação da Alemanha. Uma dica: marque a sua visita com antecedência, nós deixámos para a última hora e já não conseguimos visitar.

     

    8. Passear pelo Tiergarten

    Nova Iorque tem o Central Park, Londres tem o Hyde Park, nós temos o Jardim da Estrela (e Monsanto, vá!) e Berlim tem o Tiergarten. Claramente o pulmão da cidade, é ótimo para passear, andar de bicicleta, fazer um piquenique na relva ou simplesmente descansar depois de um dia intenso de turismo ou de compras. O Tiergarten fica literalmente ao lado da Porta de Brandemburgo e muito perto da Potsdamer Platz. São cerca de 210 hectares de jardim, bosques e lagos onde se pode cruzar com ciclistas, corredores, skaters, turistas, enfim.

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    Nós percorremos o jardim de bicicleta e não resistimos a parar no Café am Neuen See. Situado em cima de um lago, tem uma esplanada e um beer garden irresistíveis. É um spot híper romântico, se for numa viagem a dois. Além disso, pode experimentar especialidades da comida alemã, como pretzels, entre outros petiscos. E, claro, tem espaço de sobra para as crianças brincarem.

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    9. Beber um copo no Monkey Bar

    Vale a pena ir até Berlim Ocidental para ver a diferença que ainda se sente sobretudo na arquitetura dos edifícios. São claramente mais modernos, mas nem por isso com mais charme. Vemos mais arranha-céus, prédios a fazer lembrar uma cidade cosmopolita do século XXI com megastores de vários andares, e menos turistas. Nós atravessámos o Tiergarten de bicicleta, percorremos ruas que parecem autênticas autoestradas, passámos o Jardim Zoológico e parámos na Breitscheidplatz, cujo cartão de visita é a Kaiser Wilhelm Memorial Church, que foi destruída durante os raids de 1943 e cuja reconstrução manteve o aspeto de ruína para que as consequências devastadoras da destruição da guerra nunca sejam esquecidas.

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    Antes de voltar para a Berlim Leste, não deixe de subir ao 10º andar do Hotel 25hours Bikini Berlin para ir beber um copo ao terraço do Monkey Bar. Além de ter um ótimo ambiente e de servir cocktails deliciosos, tem uma vista deslumbrante para a “casa” dos macacos do Jardim Zoológico e, claro, sobre a cidade.

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    10. Percorrer o Muro de Berlim

    Ponto de paragem obrigatório na capital alemã, o antigo Muro de Berlim é hoje a maior galeria de arte a céu aberto do mundo. A East Side Gallery é a mais longa secção do muro que ainda perdura, desde a sua queda a 9 de novembro de 1989. Logo em 1990, mais de 100 artistas de mais de 20 países diferentes decoraram o muro com as suas obras de arte: são 1,3 km de história e de arte urbana ao longo do rio Spree, sendo que a mais famosa é o “Beijo Fraternal” entre o ex-líder russo Leonid Brezhnev e o antigo chanceler da Alemanha de Leste Erich Honecker.

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    Berlim foi uma cidade dividida durante quase 30 anos, e por toda a cidade encontra memórias desses tempos como o famoso Checkpoint Charlie, o mais conhecido local de passagem entre o sector americano e soviético, e o Berlin Wall Memorial, na Bernauer Strasse, que é hoje um museu ao ar livre e que presta homenagem às vítimas do muro.

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    11. Jantar no Barra

    O Barra nasceu em dezembro de 2018 e tornou-se logo um dos restaurantes preferidos dos berlinenses. Com uma decoração urbana, sóbria, elegante e minimalista, é um dos restaurantes trendy da capital alemã. A cozinha é moderna, recorrendo a ingredientes frescos, locais e de boa qualidade, sendo que a ideia é partilhar pratos. O menu varia com a sazonalidade dos ingredientes, mas pode sempre contar com ostras, saladas surpreendentes, pratos de peixe e carne ou massas, mas com um twist tão delicioso como original.

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    Com uma cozinha aberta, tem várias hipóteses: pode sentar-se no bar com vista para a cozinha, nas mesas individuais ou numa mesa comunitária numa sala mais reservada. Mas não se esqueça de reservar com antecedência, porque não é fácil arranjar mesa.

     

    12. Beber um copo no Bar Klunkerkranich

    É um rooftop com uma vista espetacular sobre a cidade. Localizado no topo de um parque de estacionamento na Neukölln Arcaden, o Klunkerkranich é um local de culto para os mais boémios. Com um espaço gigante, tem vários recantos com pequenas casotas de madeira onde são organizados os mais diversos eventos culturais como concertos, espetáculos de DJs, leituras, cinema ao ar livre, entre outras inúmeras atividades.

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    Tanto encontra recantos que parecem jardins, com bancos de madeira, como zonas com areia a fazer lembrar a praia. Além das óbvias bebidas e cocktails, também tem um restaurante que serve refeições, desde pequenos-almoços a massas e pizzas. Detalhe importante: não aceitam reservas, por isso, o ideal é ir cedo.

    Agora é só fazer as malas porque por mim já voltava. Fiquei com a Boros Collection atravessada, porque estava fechada nos dias em que lá estivemos. É uma exposição de arte contemporânea da coleção privada do casal Christian e Karen Boros que está patente num antigo bunker. Já tenho pretexto para voltar!

     

    Boa viagem para mim,

    Ela

     

    fotos: casal mistério e d.r.

     

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