Faça chuva ou faça sol, Lisboa é sempre a nossa cidade. As ruas de charme, os becos escondidos, os lençóis coloridos pendurados nas janelas, as ruelas minúsculas onde não passam duas pessoas ao lado uma da outra… Lisboa tem um encanto difícil de bater. É por isso que nunca nos cansamos de passear pela nossa cidade, conhecer sítios novos e descobrir os eventos que animam a capital. Vale a pena tirar um fim-de-semana para andar por Lisboa como um verdadeiro turista.
Por isso, não hesitámos quando a SEAT nos desafiou a fazer uma série de roteiros ao volante dos vários modelos da marca: temos de começar por Lisboa. O único problema foi quando pensámos um bocadinho melhor no assunto: “Ai Jesus, que vou espatifar o carro dos senhores”. Eu estou sempre a bater com o meu em todo o lado, imaginem a responsabilidade! Ficou decidido, para bem da Humanidade, que Ele guiava e eu escrevia. Um acordo claramente injusto para o meu lado, já que, enquanto ele guiava um SEAT Arona por Lisboa, eu tirava notas e trabalhava pelos dois. Há uns, como o Salvador Sobral, que amam pelo dois. No meu caso, trabalho pelos dois.
Mas a verdade é que nos divertimos muito a fazer este roteiro, porque o SEAT Arona é ótimo para andar na cidade: cabe em todo o lado, é prático, é giro e para tudo: carrega o telemóvel quando o pousamos, sem cabos nem carregadores. E acredita que o carro nos avisa que nos esquecemos do telemóvel lá dentro? Melhor invenção de sempre a seguir à roda. Eu fiquei fascinada com o carregador automático sem fios porque a minha bateria costuma desaparecer na proporção inversa à velocidade que engordo. Ele, que todos os dias se esquece de alguma coisa em casa, ficou fã do alerta anti-esquecimentos…
Bom, aqui ficam as nossas sugestões do que não pode mesmo perder em Lisboa se quiser fugir aos roteiros tradicionais: o que fazer, o que comer, onde dormir, o que ver, enfim, tudo o que precisa de saber sobre a capital que está na moda (e ainda bem!).
Dia 1 – Belém e Santos
Quando estamos em viagem, preferimos sempre tomar um brunch, para não perdermos tempo a almoçar. No primeiro dia, pode começar por experimentar os incríveis croissants do La Boulangerie (1), na Lapa. Com um ambiente vintage e um serviço simpático, pode optar por um pequeno-almoço ou um brunch. Mas o que está a dar que falar é o ótimo Fauna&Flora (2), em Santos. Desde as panquecas às bowls, difícil vai ser escolher.
Se lhe apetecer um ambiente mais cosmopolita e moderno, pode sempre experimentar a “namorada” do Nicolau: a Amélia (3), em Campo de Ourique. Garanto-lhe que não se vai arrepender. Tudo aqui é bom, saudável e tentador. Antes de começar a fazer turismo, leve um carregamento de palmiers ou de croissants da pastelaria O Careca (4), no Restelo, ou então, passe pela padaria Gleba (5), onde o pão é do outro mundo.
Ah, tem sempre os pastéis de Belém que são um clássico mas, depois de ingerir tantas calorias, terá mesmo de passear a pé pela zona ribeirinha, onde pode espreitar (ou não) os monumentos mais emblemáticos: Torre de Belém, Mosteiro dos Jerónimos e Monumento dos Descobrimentos.
Se quiser almoçar por aqui, sugerimos três hipóteses: o Este Oeste (6), no CCB – ideal para grupos grandes ou para ir com crianças e onde pode escolher entre boas pizzas e ótimo sushi –, a Vela Latina (7) – que foi remodelado recentemente e que tem, além de comida portuguesa, um espaço só de comida peruana – ou o SUD Lisboa (8) – com uma vista deslumbrante para o rio –, estes dois últimos mais caros e sofisticados.
A seguir, não deixe de espreitar o MAAT (9). O edifício é fascinante tanto por dentro como por fora, onde pode passear pela cobertura. Veja aqui as exposições que estão previstas para os próximos dias.
Duas sugestões para lanchar que isto de ver exposições abre o apetite: beba um café no ótimo Hello, Kristof (10) ou prove os deliciosos gelados artesanais na Davvero (11), em Santos ou em Belém – a loja do Cais do Sodré já fechou.
Enquanto saboreia os gelados, vá espreitando alguns espetaculares exemplares de Arte Urbana que existem espalhados pela cidade, tanto em Belém como em Alcântara. Se estiver com atenção, não lhe vão passar despercebidas as incríveis obras de Vhils (12) e de Bordalo II (13).
Vhils é conhecido por esculpir caras de pessoas em fachadas, enquanto Bordalo II cria arte a partir de lixo. São os dois incríveis e vale a pena estar atento, porque, graças a eles e a muitos outros, Lisboa é hoje uma espécie de galeria a céu aberto. Aliás, só aqui nesta zona, tem pelo menos dois espetaculares murais de Alexandre Farto, aka Vhils: na Avenida da Índia e no LX Factory.
Se for até Santos, deixe-se encantar pelas lojas de design, que crescem no bairro como cogumelos. Nós adoramos a Noto (14), com maravilhosas peças de decoração, que fica perto de mais uma magnífica obra de Bordalo II.
Para jantar, pode sempre ficar ali pelo LX Factory, onde o Rio Maravilha (15) nunca desilude ou voltar até Campo de Ourique, e experimentar a criatividade do chef Vítor Sobral na Peixaria da Esquina (16).
Dia 2 – Cais do Sodré, Baixa e Alfama
Como diria a minha querida mãezinha, aqui “mon coeur balance”. O Nicolau (17), na Baixa, é um dos nossos sítios preferidos para tomar um brunch. O Delidelux (18), perto de Santa Apolónia, também nunca desilude, e o novíssimo Dear Breakfast (19), entre Santos e o Cais do Sodré, é uma ótima surpresa. Todos eles têm ovos, panquecas, sumos e tostas de abacate, entre mil e uma opções.
Comece por passear pela magnífica e imponente Praça do Comércio. Nós deixámos o SEAT Arona no parque da Praça do Município e decidimos subir até ao Arco da Rua Augusta. Fomos com os mais novos (porque os mais velhos já começam a ser independentes) que levaram uma lição de História do meu querido Marido Mistério enquanto declamava, pior, entoava Os Lusíadas. Vale a pena subir para ver a Baixa de cima. Além disso, também é uma ótima bússola para perceber o percurso que vai fazer até Alfama.
Passe pela Sé e pelo Castelo de São Jorge, dois clássicos de Lisboa, e não deixe de beber um café no Café da Garagem (20) com uma vista deslumbrante para a Senhora do Monte e uns candeeiros retro que lhe arrancam um sorriso. Além da decoração vintage com portas a fazer de mesas e as cadeiras estrategicamente posicionadas para a enorme janela sobre Lisboa, pode beber chá, café ou deliciar-se com umas boas bruschettas.
Depois, perca-se pelas ruas de Alfama. Também por aqui vai descobrir uma obra diferente de Vhils: a cara de Amália, a melhor fadista de todos os tempos, esculpida na calçada portuguesa, numa praça, entre a rua de São Tomé e a calçada do Menino de Deus.
Ainda em Alfama, vá beber um copo ao terraço do Memmo Alfama Hotel (21) ou então aproveite para almoçar aqui. Tem pratos deliciosos e leves e uma vista fantástica sobre o Tejo e a cidade.
Se for sábado, não deixe de ir espreitar a Feira da Ladra (22), onde encontra peças vintage, antiguidades e artigos em segunda mão. Já agora, tem mesmo ali ao lado o imponente Panteão Nacional, onde já não pode almoçar ou jantar, mas pode (pasme-se) prestar homenagem aos heróis da nossa História. E não se esqueça de guardar espaço no telemóvel para fotografar a vista deslumbrante do Miradouro da Nossa Senhora do Monte (23). Vale mesmo a pena a subida.
À noite, volte para a zona da Baixa para um programa divertido: a Escape Hunt Experience (24). Os nossos filhos mais velhos estão viciados nesta aventura carregada de enigmas. É um jogo em que tem de decifrar várias pistas e dilemas para conseguir sair o mais depressa possível de uma sala fechada. É uma ideia muito gira para fazer com um grupo de amigos ou em família.
E já agora fique por esta zona a jantar. Duas sugestões de que nós gostamos muito: o Prado (25), um restaurante com pratos deliciosos e originais, com tudo ou quase tudo biológico, e com uma decoração espetacular; ou o Leopold (26), no Palácio Belmonte, com uma cozinha de autor, minimalista, mas também biológica. É absolutamente surpreendente.
Dia 3 – Chiado, Bairro Alto e Príncipe Real
Comece este dia com um delicioso pequeno-almoço ou brunch na Tartine (27). O ambiente é giro e acolhedor e os croissants açucarados e caramelizados são uma perdição. O Kaffeehaus (28) é uma opção original, sobretudo para quem gosta de se sentir no coração de Viena. Além de pratos típicos austríacos, tem também opções vegetarianas. Mas irresistíveis, irresistíveis são os pastéis de nata da Manteigaria (29), no Largo Camões, um sério concorrente dos de Belém.
O meu querido Marido Mistério prefere os da Manteigaria. Eu, infelizmente, não sou esquisita. Por aqui, já se sabe, tem compras e mais compras para se perder. Desça a Rua Garrett até aos Armazéns do Chiado e faça uma pausa para uma bebida no Topo Chiado (30), cuja vista sobre Lisboa é absolutamente incrível. Depois suba até ao Príncipe Real, um dos meus bairros preferidos de Lisboa, não sem antes tirar mil e uma fotografias à ainda mais incrível vista do Miradouro de São Pedro de Alcântara (31).
Se for a um sábado, aproveite para fazer compras no Mercado Biológico do Príncipe Real (32) mesmo no jardim. Entre as 9 de manhã e as 3 da tarde, agricultores vendem fruta e legumes frescos, azeites e compotas caseiras e pão artesanal. Além da Embaixada, que tem várias concept stores, há três lojas que me atraem como íman: The Feating Room (33), Ali-Jo (34) e Mini By Luna (35). São lindas de morrer.
E já almoçávamos, não? Aqui, no Príncipe Real, tem inúmeras opções: a Cevicheria do chef Kiko (36), com ceviches, risottos de quinoa e outras especialidades peruanas, o Miss Jappa (37), com bom sushi, a ZeroZero (38), com pizzas, queijos e vários presuntos italianos, o Prego da Peixaria (39), com um ótimo prego de atum, ou o novíssimo Jamie’s Italian (40), o primeiro restaurante de Jamie Oliver em Portugal. Difícil é escolher.
Se gosta de experimentar diferentes aromas e tipos de café, vá até à Copenhagen Coffee Lab (41), na Praça das Flores, a primeira de uma série de lojas que, entretanto, foram abrindo em Lisboa dedicadas ao café artesanal, onde pode escolher por entre uma infinita variedade de cafés, ou optar por chás ou chocolate quente. Também pode lanchar aqui ou tomar o pequeno-almoço. Não se esqueça de passar pela geladaria Nannarella (42), já perto da Rua de São Bento, para provar os mais espetaculares e cremosos gelados artesanais do bairro.
Volte para a zona da Escola Politécnica para passear pelo Jardim Botânico, que acabou de reabrir, e espreite o Museu de História Natural. Vale a pena descer a rua do Século até ao Convento dos Cardaes, do século XVII, cujo estilo barroco e os notáveis azulejos holandeses e portugueses deslumbram qualquer visitante.
Tudo isto já me está a dar imensa fome e, por aqui, também não faltam sítios incríveis para jantar. Nós somos fãs da Taberna da Rua das Flores (43), onde não pode deixar de provar o divinal picadinho de carapau com camarões krill por cima e que agora tem um irmão mais novo e também mais luxuoso: é a Taberna Fina (44), no novo hotel Le Consulat, e serve alta cozinha internacional, mas sem perder a alma portuguesa. Já mais perto do Largo do Rato, tem o Yakuza (45), o ótimo japonês do chef Olivier, ou, se preferir, desça até ao surpreendente JNcQUOI (46), na Avenida da Liberdade, para um programa mais sofisticado, onde vale a pena provar os petiscos ao balcão.
E bares? Aqui? É a perdição… Desde o Gin Lovers (47), na Embaixada, ao animado Pub Lisboeta (48), a passar pelo The Bar (49) e a acabar no Park (50), na Calçada do Combro, que tal como o nome indica fica no topo de um parque de estacionamento, a escolha é imensa. E cheia de fantásticos gins muitíssimo bem preparados.
Onde Dormir:
Estes espetaculares apartamentos, localizados na Baixa, abriram há dois anos e são uma ótima opção em termos de preço/qualidade. Com valores que variam entre os €150 e os €210, dependendo se pretender um ou dois quartos, têm uma decoração clean que mistura peças de design com antiguidades. Consegue conjugar, por exemplo, colchas feitas à mão no Alentejo com as icónicas colunas de som Marshall.
Deixam-lhe todas as manhãs o pequeno-almoço à porta, dentro de um saco, com sumo de laranja natural, pão e bolos frescos, para acompanhar o iogurte, o leite, a manteiga e o doce que tem no frigorífico. Ah, pequeno e enorme detalhe: tem a sorte de ter o restaurante Prado lá em baixo.
Este projeto, do arquiteto Manuel Aires Mateus, respira minimalismo e design por todos os cantos. Situado perto de Alfama, no Campo de Santa Clara, este edifício do século XVIII foi transformado numa incrível guesthouse de luxo com apenas 6 quartos, com preços a partir de €300 por noite. Do mesmo grupo das espetaculares Casas na Areia e Casa no Tempo, este projeto é sobretudo uma experiência sensorial.
A calma e tranquilidade do interior contrastam com a azáfama das ruas de Alfama. As suites são espaçosas e lindas de morrer. As casas de banho são autênticas obras de arte e alguns dos quartos têm uma vista deslumbrante sobre o Tejo. Santa Clara 1728 não é um hotel qualquer. É uma casa (boa) para receber os amigos.
Este boutique hotel tem uma localização privilegiada. Situado na Rua da Emenda, a cinco minutos a pé do Chiado, este hotel de charme parece uma casa de família. Com um jardim e uma pequena piscina, é acolhedor e sofisticado.
Tem 12 quartos de diferentes dimensões, muitíssimo bem decorados, com preços a partir de €99. Apesar de parecer uma casa de família, não aceita menores de 16 anos.
Situado em pleno coração do Chiado, no Largo Camões, este novíssimo hotel de luxo junta três ingredientes imbatíveis: gastronomia, cultura e arte. No primeiro andar, além de um ótimo pequeno-almoço, tem também uma galeria de arte para apreciar os trabalhos de artistas contemporâneos e emergentes, portugueses e internacionais. No segundo e terceiro andares, tem 12 suites e apartamentos incríveis, com dimensões entre os 36 m2 e os 145 m2, sendo que todos os quartos são eles próprios pequenas galerias de arte privadas.
A cereja no topo do bolo? O restaurante do hotel é a Taberna Fina, a mais recente experiência gourmet de luxo do chef André Magalhães, da fantástica Taberna da Rua das Flores. Os preços são mais caros, porque são no mínimo €94 por pessoa, por noite, a uma segunda-feira por exemplo, num quarto duplo, ou seja, paga cerca de €200 por noite, para duas pessoas, nos dias mais baratos.
Dormir num palácio do século XV não é para qualquer um, mas é possível em Lisboa, mesmo ao lado do Castelo de São Jorge. O Palácio Belmonte é um local encantado com suites tão espaçosas quanto caras, muito caras mesmo. Aqui não tem receção, lobby, elevadores ou televisões, mas tem simplicidade, luxo e bom gosto.
O Palácio Belmonte foi comprado por Frédéric Coustols, um empresário francês, em 1994, por 26 milhões de euros. Ele e a mulher, uma artista portuguesa, restauraram o emblemático edifício e transformaram-no num hotel de sonho, com um jardim secreto, uma piscina e uma vista deslumbrante sobre Lisboa. É de facto uma experiência única. Um pequeno gigante detalhe: os preços das suites variam entre os 500 e os 3000 euros por noite.
Bom passeio,
Ela
fotos: casal mistério e d.r.
Este roteiro foi feito com o apoio da SEAT