roteiro de nova iorque: onde dormir, onde comer e o que fazer (parte 2)

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    Depois de um dia em que brincámos aos ricos no Upper East Side, Quinta Avenida e Central Park e de outro de turismo puro e duro, em que obviamente optámos pelo metro e pelo uber porque era impossível ter feito tudo num só dia a pé (leia aqui a primeira parte do roteiro), decidimos mostrar às crianças a espetacular diversidade de Nova Iorque. Fomos ver in loco o verdadeiro significado de Melting Pot para eles perceberem porque é que a famosa Big Apple é sobretudo uma cidade do mundo e multicultural.

     

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    Dia 3

    O nosso terceiro dia começou logo em pé de guerra. A Família Mistério dividiu-se. Ele tinha dito antes de viagem que uma das poucas exigências que tinha era experimentar aquelas que foram eleitas as melhores panquecas de Nova Iorque. Desde que falámos aqui do fenómeno que estou convencida que ele só quis ir a Nova Iorque para ir até ao Clinton’s Baking Company. Só que as famosas panquecas não eram propriamente perto do nosso hotel. Nós estávamos em Midtown e as tão cobiçadas panquecas no distante Lower East Side. E pareceu-nos ainda mais distante de barriga vazia.

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    Claro que a ala feminina da família, liderada por mim obviamente, tentou liderar uma revolução, com frases como “panquecas há muitas”, mas votada ao fracasso desde o início. Quando ele mete uma coisa na cabeça ninguém o para. Resumindo, lá apanhámos o metro e andámos sei lá eu quantos quilómetros para finalmente vislumbrarmos as ditas panquecas. É claro que, quando chegámos, o restaurante estava cheio. Nós tínhamos ligado na véspera, mas não aceitam reservas para o pequeno-almoço. Tínhamos duas hipóteses: ou esperávamos ou levávamos as panquecas estilo take away.

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    Como é óbvio, o tempo em viagem é precioso e optámos por levar as panquecas para comer pelo caminho. O sucesso das panquecas é tal que tiveram de criar um balcão take away. Resultado: tente imaginar uma família numerosa a andar pelo Lower East Side ao mesmo tempo que tenta comer panquecas com garfo e faca! Acabou por ser um filme cómico. E, já agora, as panquecas são de facto deliciosas, fofinhas mas demasiado calóricas até para mim, e o bairro, francamente, não compensa o esforço.

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    Não é propriamente uma zona em que apeteça passear. Agora se tiver uma família madrugadora, pode tentar a sua sorte e tentar conseguir uma mesa. A partir daí, com duas panquecas gigantes no bucho, o meu querido Marido Mistério ficou feliz e deixou-me voltar a tomar as rédeas da nossa viagem. E foi assim que levei a nossa querida equipa de futsal por uma viagem pelo resto do mundo sem sair de Nova Iorque.

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    Passámos por Little Italy, onde as cores da bandeira italiana marcam território a cada esquina e onde as pizzarias proliferam como cogumelos. Os miúdos olhavam em volta e não acreditavam no que viam e ouviam: nas ruas, só se ouve falar italiano e o cheiro a pizza abriu-lhes logo o apetite, apesar das gigantescas panquecas (sim, as melhores de Nova Iorque) ainda estarem algures a caminho do estômago.

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    Descemos até Chinatown e aí, tenho de admitir, foi a queda de um mito. Claro que continua um bairro incrível, parece que acabámos de entrar no submundo de Pequim. Os caracteres chineses, as pessoas na rua, as montras, os cheiros, as lojas com produtos hortícolas chineses, o mandarim, tudo continua igual. Só que a primeira vez que fui a Chinatown tinha 20 anos e a minha memória associou para sempre o nome de Canal Street a qualquer coisa muito próximo do paraíso das pechinchas.

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    Nessa altura, as ruas estavam repletas de bancas com os locais a venderem, sem qualquer pudor, imitações perfeitas de tudo e mais alguma coisa (relógios, carteiras, sacos, porta-moedas, lenços, enfim, de marcas como Cartier, Louis Vuitton, etc.) a dez dólares. Eu sabia que a polícia tinha acabado com aquela loucura, mas podia ter deixado uma ou outra banca, não é? Não se faz.

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    A verdade é que o negócio continua só que bem mais discreto. É claro que me tiraram a pinta em dois segundos e fui logo abordada por um bando de chineses, organizados, distribuídos numa espécie de rede a perguntarem-me discretamente se estava interessada em “bags” ou “watches”. Claro que estava interessada. O problema é que tinha de ir com o chinês para dentro do carro dele ou para uma garagem algures no meio de Chinatown. Perante o olhar horrorizado dos nossos filhos e do ar aterrorizado do meu querido Marido Mistério, lá agradeci e disse que não. A verdade é que os preços também já não valem assim tanto a pena. Se ainda fossem a dez dólares, tinha trazido a garagem inteira.

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    Quando dei por mim, tinha os nossos filhos a puxarem-me com medo de perder a mãe algures num beco em Chinatown. Percebi que já tinham sentido o espírito do bairro e, antes de partirmos, ainda parámos num café de esquina, muito giro com uma decoração vintage e uma mini-mercearia, chamado The Butcher’s Daughter.

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    Não se deixe enganar pelo nome: tem um menu vegan e vegetariano e também serve brunches. Mas só bebemos um café aqui porque ainda queríamos ir para West ou Greenwich Village, ou como dizem os locais, simplesmente “Village”, o reduto dos artistas e uma das zonas mais boémias da cidade.

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    Foi precisamente em Greenwich Village que almoçámos no ótimo Rosemary’s que é basicamente uma trattoria e uma enoteca. E foi o costume: pizzas para os miúdos e vinho para nós. Depois do almoço, andámos a explorar o bairro, um dos preferidos do meu querido Marido Mistério em Nova Iorque, e ali ficámos a passear e a fazer compras até à hora do jantar.

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    Nesse dia, tínhamos marcado um restaurante mais sofisticado ali perto porque celebrávamos uma data especial e, por isso, optámos por ficar a aproveitar o encanto e a arquitetura deste bairro que a dado momento nos parece transportar para Londres.

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    Falta revelar o nome do restaurante que escolhemos para jantar em Greenwich Village. Chama-se Waverly Inn e é um restaurante típico americano, muito tradicional e deliciosamente conservador. Tem um teto baixo, jardins interiores e exteriores e lareiras nas salas. O serviço é clássico e os empregados conhecem quase todos os clientes. É bom, mas as crianças acharam demasiado sofisticado para o gosto delas.

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    Dia 4

    E ao quarto dia… fomos ao Metropolitan. É claro que não vimos um vigésimo do que deveríamos, mas é impossível. O Metropolitan Museum of Art ou o MET, para os íntimos, é descomunal, as exposições e os eventos são tantos que o ideal é ir ao site, comprar os bilhetes com antecedência e chegar lá já com um objetivo definido. O objetivo dos nossos queridos Filhos Mistério era tirar umas selfies na gigante escadaria e partir para outras paragens, mas o meu querido Marido Mistério lá se impôs e tivemos o nosso pequeno banho cultural, que não durou mais do que duas horas.

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    Ainda tentei sugerir irmos ao MoMa, o The Museum of Modern Art, mas levei tantos beliscões dos meus filhos que desisti logo da ideia. A ala feminina da família só pensava em compras e eu tinha-lhes prometido que íamos passar aquela tarde no Soho e que elas iam adorar. Por isso, já estavam com o GPS mental delas apontado para ali. Mas antes ainda percorremos o famoso High Line.

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    E o que é o High Line? Basicamente é um parque, com jardins e recantos, suspenso sobre as ruas de Nova Iorque que nasceu sobre as linhas e um viaduto de um antigo caminho de ferro. A ideia é gira, é um passeio engraçado e é uma forma original de percorrer a cidade, espreitando para dentro dos prédios que rodeiam este caminho com 2,33 km e que liga as ruas 11 à 34, começando no Lower West Side, passando pelo Meatpacking District e por Chelsea. O caminho faz-se num instante, enquanto se distrai a ver a paisagem urbana, as atuações dos artistas de rua, com o Empire State Building sempre a espreitar e a pedir mais uma selfie.

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    À tarde, fomos para um dos meus bairros preferidos de Nova Iorque: o Soho. Adoro o ambiente, as ruas, os prédios, as pessoas, as cores dos prédios, os lofts, as escadas exteriores dos prédios, e as lojas, claro.

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    Perdemo-nos nas compras por aqui, sobretudo na Broome Street, até à hora do jantar. Ele já estava doido, farto de acartar com sacos, por isso, foi mais cedo para o restaurante que marcámos para esse dia, ali perto, no número 430 da Lafayette Street: o Indochine. Como o próprio nome indica, o menu é asiático, a decoração é tropical e a comida é deliciosa. Vale mesmo a pena.

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    Dia 5

    Ao quinto dia, decidimos conhecer Brooklyn, o bairro que cada vez mais nova-iorquinos estão a escolher para viver. E é fácil de perceber porquê. Com uma vista única sobre Manhattan, é um bairro, sobretudo ali na zona à beira-rio, com qualidade de vida, em que se respira ar puro, coisa que rareia do outro lado da ponte.

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    Apanhámos o metro até à Ponte Brooklyn e fizemos a ponte a pé, ideia peregrina do tirano do meu marido. Confesso que comecei a bufar e acabei rendida.

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    Não custa nada, o percurso é rápido e a vista é deslumbrante, então se tiver a sorte de apanhar um dia de sol como nós, vai ver que vale a pena. Também pode ir de bicicleta se quiser. Há imensos postos para alugar bicicletas espalhados pela cidade.

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    Depois de atravessarmos a ponte, chegámos ao pitoresco bairro de Brooklyn Heights, onde nos deliciámos com um espetacular brunch no familiar Café Iris. Comemos tanto e tão bem que só de pensar já estou cheia de fome: tostas de abacate com ovos escalfados na perfeição, panquecas deliciosas, sumos naturais, lattes, enfim, um verdadeiro banquete, tudo isto servido numa ambiente romântico e cosy.

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    Seguimos depois para o bairro de Cobble Hill, para mais umas compras. As miúdas experimentaram cinquenta peças de roupa na Urban Outfitters perante o olhar desesperado do meu querido e santo Marido Mistério.

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    Só voltou a sorrir quando apanhámos um uber até ao novo bairro da moda de Brooklyn, Williamsburg, para bebermos um gin tónico no bar do último andar do Hotel Whyte. A vista para Manhattan aqui é incrível e o gin tónico também era bastante agradável. O hotel é espetacular.

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    Não deixe também de espreitar o Kinfolk, em Williamsburg, um café que é também uma concept store, um restaurante e um bar. Ah, e se é fã de feiras vintage, não perca o Smorgasburg Market. Durante o inverno, está na Industry City, em Brooklyn, mas no verão, muda-se para Manhattan. Antes de irmos para o nosso hotel, ainda fomos jantar a mais uma bela surpresa: ao italiano Marta, situado no interior do The Redbury Hotel, que tem umas pizzas absolutamente viciantes e um ambiente demasiado trendy e espetacular para ser verdade.

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    E assim termino este roteiro (que parecia não ter fim) já com uma pequena lágrima a cair pela cara de saudades desta semana incrível que lá passámos e onde esperamos regressar muito rapidamente! Espero que as nossas sugestões lhe sejam úteis.

     

    Uma ótima viagem,

    Ela

      

    Onde dormir:

    Hudson Hotel – Central Park

    The Redbury Hotel – Midtown

    Nomad Hotel – Midtown

    Arlo Soho Hotel – Soho

    Row NYC – Times Square

    Wythe Hotel – Williamsburg, Brooklyn

    Onde comer: 

    Sant Ambroeus – Upper East Side

    The Loeb Boathouse – Central Park

    Catch New York – Meatpacking District

    Clinton’s Baking Company – East Village

    The Butcher’s Daughter – Chinatown

    Rosemary’s – Greenwich Village

    Waverly Inn – Greenwich Village

    Indochine – Soho

    Iris Café – Brooklyn Heights, Brooklyn

    Kinfolk – Williamsburg, Brooklyn

    Marta – Midtown

     

    3 comentários em “roteiro de nova iorque: onde dormir, onde comer e o que fazer (parte 2)

    1. Não acredito que não visitaram o chelsea market!! Tantas coisas boas, e de diferentes países para se comer, um lugar lindissimo para se visitar em família. Fica a sugestão para a próxima ida à mais bela cidade do mundo!

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