Este é daqueles roteiros que já fazemos praticamente de olhos fechados. É a nossa zona preferida do Algarve, onde passamos férias todos os anos. Tem melhor tempo, a água do mar parece uma piscina de água salgada quente e conseguimos encontrar quilómetros de praia deserta até mesmo em agosto.
E já que íamos a “trabalho” para fazermos no nosso segundo roteiro com a SEAT, fizemos questão de passar um fim-de-semana a dois, sem crianças, agora, fora de época, para explorar as últimas novidades. E qual é a maior atração desta região (além do medronho e da alfarroba que seriam as duas primeiras coisas que viriam à cabeça do meu querido Marido Mistério)? As praias, claro. As opções são várias e todas ótimas.
As Praias
A ilha de Tavira, por exemplo, tem 11 km de comprimento e só quatro praias (o que quer dizer que há muita areia deserta e não concessionada). Em qualquer uma delas pode optar por andar alguns metros para o lado e ter um gigantesco pedaço de areia só para si. O acesso é feito através de barcos que partem de Tavira ou do cais das Quatro Águas. Também pode ir a pé atravessando uma ponte que se situa junto da aldeia de Pedras D’el Rei, onde pode apanhar o mítico comboio até à praia.
Quando sair do comboio vai encontrar mesmo em frente a Praia do Barril, que é concessionada e tem vários apoios de praia com muita gente em agosto. Para a direita, depois de andar bastante a pé, tem a Praia do Homem Nu (não será difícil adivinhar porque é que tem este nome, não é verdade?). É uma praia deserta, selvagem sem qualquer equipamento de apoio, ideal para quem gosta de naturismo. Há ainda a Praia da Ilha de Tavira, mas como tem um parque de campismo mesmo ao lado e vários restaurantes, seria a nossa última escolha no verão. A Praia da Terra Estreita é bem mais tranquila e agradável.
Além da Ilha de Tavira, tem a ilha de Cabanas com cerca de 6 km de comprimento cujo acesso é feito a partir de Cabanas. O cais para apanhar o barco é mesmo em frente ao restaurante Noélia. E, claro, tem ainda uma das nossas preferidas: a Praia da Fábrica ou de Cacela Velha, que se situa a sul da aldeia histórica de Cacela Velha. É linda de morrer. Durante os meses de verão, no Sítio da Fábrica, uma pequena aldeia piscatória próxima de Cacela Velha, alguns pescadores fazem travessias regulares da ria para a Praia da Fábrica, que foi considerada pela versão espanhola da revista Condé Nast Traveler uma das 15 melhores do mundo.
Uma outra praia que vale a pena espreitar e que tem a vantagem de não precisar de barco para lá chegar é a Praia Verde. Tem também um enorme areal, a água do mar é quente e normalmente calma e, se não gosta de confusões, basta andar algumas dezenas de metros que consegue ter um bom bocado da praia só para si. Uma dica: procure o vendedor das Bolas de Berlim e não deixe de provar as de alfarroba. O meu querido Marido Mistério ficou de tal maneira obcecado pelas ditas cujas que não descansou enquanto não descobriu a fábrica das famosas bolas, onde as pode comprar quentinhas, acabadinhas de fazer. Leia aqui tudo o que precisa de saber sobre a fábrica das bolas de alfarroba.
E como percorremos estas praias todas num só fim-de-semana, deve estar a perguntar-se… De comboio? De avião? Claro que não! Fomos ao volante do Novo SEAT Ibiza que a SEAT nos cedeu para fazermos este roteiro. Confortável, com carregador de telemóvel sem fios (que maravilha!), com o melhor sistema de navegação que já experimentámos, uma câmara traseira que o meu querido Marido Mistério amou para o ajudar a estacionar e ainda… com um som incrível graças às fantásticas colunas Beats pelas quais os nossos Mini-Misteriosos ficaram a suspirar.
Mas como eles não vieram connosco, foram horas de viagem ao som dos ABBA e dos Roupa Nova para desespero do meu querido Marido Mistério. Ele bem que refilou, mas as regras já estavam estipuladas: ele guiava, eu controlava a música. Resultado: vim eu a guiar na viagem de regresso para Lisboa.
Onde dormir
Pensão Agrícola
Ponto prévio: adoro o nome. Não pode ser mais simples e honesto e ao mesmo tempo irónico, porque de pensão (pelo menos daquelas que nós imaginamos) tem muito pouco. Mas para compensar, de agrícola tem muito: pomares de laranjeiras, figueiras, amendoeiras, medronheiros e alfarrobeiras cercam uma pequena quinta rural e acolhedora, cujo guardião, o burro Ernesto, está disponível para passeios pela herdade.
Localizada entre Tavira e Cacela Velha, a Pensão Agrícola esconde-se dentro de um Algarve ainda rústico e com alma, longe das massas e dos prédios que destroem a paisagem. Tem seis quartos (sim, leu bem, só seis!) com pátios privativos: três no edifício original (IN) e três nos módulos exteriores (OUT). A decoração é incrivelmente simples e rústica, em tons de branco e cores neutras.
A madeira (pintada em tons claros) está em todo o lado neste hotel rural que inclui um tanque, que é aquecido no inverno. Todos os quartos têm ar condicionado, amenities Nova Saboaria, cofre e minibar, estação para iPhone/iPod com Bluetooth e pavimento aquecido na casa-de-banho. E alguns têm sala de leitura com mezzanine, pátio exterior privativo ou terraço na açoteia.
Preços a partir de €150 por noite na época baixa. Espreite aqui.
Fazenda Nova
Imagine uma casa de campo de luxo com 15 suítes em pleno coração rural de Tavira. Aqui encontra o Algarve autêntico, campestre, mas sofisticado. Está no campo, mas a 15 minutos da praia. Situada numa propriedade com dez hectares de terreno que inclui pomar, horta e jardim de ervas, a antiga casa dos proprietários da fazenda foi toda renovada, combinando um estilo moderno com a arquitetura tradicional portuguesa.
As suítes são confortáveis e espaçosas, as casas-de-banho são ótimas e o pequeno-almoço é servido num encantador terraço. A Fazenda Nova tem ainda uma simpática piscina de água salgada e uma original praia de areia num recanto do jardim com enormes camas com dossel e convidativos almofadões.
Tem ainda duas salas de estar com lareira, um bar e alguns recantos onde pode jogar jogos de tabuleiro. Se é um revivalista, vai adorar a sala de música na mezzanine com uma impressionante coleção de vinis e dois gira-discos à sua disposição, com auscultadores, claro, para não perturbar o sossego dos restantes hóspedes. Tudo aqui convida ao descanso, ao relaxamento e até à meditação. A tranquilidade dos jardins contagia-nos e só apetece pegar num livro ou adormecer. Já o meu querido Marido Mistério sentiu-se impelido a beber um gin tónico naquele cenário bucólico. O que é que uma pessoa há de fazer?
Preços a partir de cerca de €200 por noite na época baixa. Confira aqui.
Companhia das Culturas
Abriu as portas em 2008 como um pequeno hotel rural com 7 quartos, agora já tem 9 quartos e 4 apartamentos, um hamam, uma sala para ioga e uma sala para refeições. A Companhia das Culturas é hoje um ecoturismo sustentável e orgânico rodeado por 40 hectares de pinheiro manso, cortiça e alfarroba, damasco e figo, azeite e laranjeiras e ainda uma horta biológica. O paraíso para quem gosta de campo e não vive sem mar.
Situado a 1,5 km da Praia Verde, a 4 km da vila histórica de Castro Marim e a 6 km da Reserva Natural da Ria Formosa, este turismo rural nasceu da vontade dos proprietários de reabilitar e recuperar as ruínas de uma antiga casa agrícola: a sala de refeições, por exemplo, era a casa da cortiça e do mel. A sala de estar/biblioteca foi em tempos um lagar de azeite e a sala de ioga era o armazém onde estava guardada a debulhadora. Os quartos já albergaram os caseiros e os próprios animais da quinta.
Os 9 quartos (2 suites, 4 duplos, 3 twins) e os 4 apartamentos com kitchenette mantêm a arquitetura rural com traços contemporâneos. Também os interiores mantêm a simplicidade e a ruralidade da região com uma decoração minimalista. Tudo aqui é simples, tudo aqui é elegante. A ideia é esquecer a sua rotina e desligar do mundo lá fora: sem televisão nem música ambiente, resta-lhe descansar e passear no meio da Natureza. Mesmo assim, para os que não conseguem desligar totalmente, não se assustem: há WiFi.
Preços a partir de €100 por noite na época baixa. Veja aqui todas as épocas.
Farmhouse of the Palms
Este monte, rebaptizado Farmhouse of the Palms, tem cerca de 200 anos e está bem resguardado no interior do Algarve, longe das confusões do turismo em massa. Depois de uma enorme obra de recuperação, nasceu um fantástico B&B com 5 quartos diferentes, cada um com um terraço privativo. Três dos quartos são duplos, nos outros dois cabem até quatro pessoas.
Além de um jardim encantador e de uma original piscina com mosaicos pretos, pode relaxar nas redes, nos terraços, nas espreguiçadeiras e nas chaises longues, espalhadas pelas áreas comuns.
Situada no topo do Cerro do Botelho, perto de São Brás de Alportel, aqui pode respirar o ar incrivelmente puro da serra enquanto decide em que praia é que vai mergulhar, se vai passear a pé ou de bicicleta ou (porque não?) jogar uma partida de golf. O ideal é ir de carro até lá, para depois poder ir a Tavira, Faro ou Loulé, e explorar a região à vontade.
Preços a partir de €110 para duas pessoas na época baixa. Espreite aqui os preços para o resto do ano.
Casa Modesta
Vânia e Carlos Fernandes quiseram recuperar a alma da casa dos avós Carminda e Joaquim (um “lobo do mar” ali de Olhão, mais conhecido por “Campeão”), onde cresceram e brincaram durante a infância. E foi a melhor decisão da vida deles porque da casa principal e de um antigo espaço de arrumos nasceu um hotel cheio de charme e bom gosto.
Para isso, os dois irmãos fizeram questão de manter a arquitetura típica da região, com os clássicos terraços, mais conhecidos como açoteias, de inspiração árabe, onde antigamente se secava a fruta e o peixe.
A Casa Modesta tem 9 quartos com pátios e terraços privados, com vista para a Ria Formosa. A decoração rústica e minimalista conjuga as madeiras claras com as paredes brancas. Aqui não há televisão, mas para compensar tem um pequeno-almoço incrível feito com produtos frescos da região servido à beira da piscina.
No site, os irmãos explicam que abrem a porta aos seus hóspedes com a mesma alegria com que corriam para os braços dos seus avós nesta mesma casa quando eram crianças. E só esta memória já me fez engolir uma lágrima de emoção. Que ternura!
Preços desde €180 por noite na época baixa.
Onde comer
Casa da Igreja – Cacela Velha
Este restaurante em frente à igreja de Cacela Velha é pura e simplesmente delicioso. Só tem mesas cá fora e, no verão tem de ir cedo, senão apanha uma fila interminável para arranjar mesa. O ideal é ir direto da praia, guarde o banho para mais tarde! É ótimo e barato. Come as melhores ostras do país (segundo o meu querido Marido Mistério), apanhadas ali mesmo na Ria Formosa. Também costuma ter umas boas amêijoas, gambas e outros petiscos. Aqui só consegue petiscar, mas garanto-lhe que não sai com fome. Sai de barriga cheia e com um sorriso na cara. Espreite a nossa experiência aqui.
Ainda em Cacela Velha, se não lhe apetecer petiscar tem o Casa Velha, onde pode comer um bom peixe, marisco e, sim, também tem as famosas ostras da ilha Formosa.
Noélia e Jerónimo – Cabanas de Tavira
É na nossa modesta opinião o melhor restaurante da região, senão do país. É imbatível. A criatividade e o talento da chef Noélia não nos cansam de surpreender: desde tártaros e ceviches de ostras, a muxama de atum com torradinhas de salmorejo, sardinhas marinadas com maracujá, cavalas alimadas, salmonetes fritos do tamanho de jaquinzinhos, um arroz de carabineiros do outro mundo, tal com o arroz de limão com corvina e a canja de amêijoas, enfim, vale a pena todo o tempo de espera se não tiver a sorte de apanhar mesa às oito da noite. Nós já fomos fora da época a Cabanas só para jantar aqui.
À Terra – Vila Monte Farm House e Praia Verde
Já falámos aqui no blog dos dois hotéis do grupo Discovery Hotel Management na região: o Vila Monte Farm House, em Olhão, e o Praia Verde Boutique Hotel, na Praia Verde. Além de serem muito giros, têm em comum o conceito de restaurante de cozinha caseira, deliciosa, saudável e rústica.
Chama-se À Terra e usa ingredientes frescos e locais na sua base como azeite, flor de sal, figos, alfarrobas, entre muitos outros. Aqui pode provar deliciosas pizzas feitas num forno a lenha, saladas frescas, arroz com legumes locais e ervas do jardim de aromáticas, gratinados, tártaros, xerém do Algarve, entre muitas outras delícias.
O Ideal – Cabanas de Tavira
Para o meu querido Marido Mistério, irmos a Cabanas de Tavira e não comermos a Sopa do Mar no pão, do restaurante O Ideal, é maior sacrilégio do que ir aos Santos e não comer sardinhas. É claro que também não é fácil arranjar mesa em julho e agosto, mas a vantagem do Algarve, e sobretudo esta zona, é que o tempo é agradável em qualquer altura do ano. Espreite aqui a nossa experiência.
Mas há mais. O Fialho, em Luz de Tavira, é uma marisqueira onde claramente não vai pelo ambiente ou pela decoração, mas para comer um ótimo peixe, marisco da costa (ostras, conquilhas, amêijoas, navalhas, etc.) e um delicioso arroz de lingueirão. Também tem o clássico Capelo, em Santa Luzia, que serve pratos típicos portugueses, peixe fresco e ótimo marisco apanhado ali em frente. O Capelo situa-se na marginal de Santa Luzia com uma vista privilegiada para a ria.
No Costa, onde apanha o barco para a Fábrica, tem ótimas ostras e muito bom peixe, mesmo em cima do mar. O Sem Espinhas, com uma fantástica esplanada em cima da praia do Cabeço, tem um serviço de uma simpatia única e um peixe divinal. No Zé Maria, no centro de Tavira, pode comer um bom peixe (ou carne) no churrasco.
Já que está tão perto de Espanha, não deixe de ir ao LPA, em Ayamonte, um restaurante que serve tapas de fusão verdadeiramente surpreendentes. Leia aqui a nossa experiência.
De regresso, passe pela Praia Verde e vá beber um copo ao Guarita Terrace, o bar com uma das melhores vistas da região. O pôr-do-sol aqui é imperdível!
Leia ainda:
Boas férias,
Ela
fotos: casal mistério e d.r.
Este roteiro foi feito com o apoio da SEAT
Quando vi a primeira foto parecia-me uma praia na Austrália 🙂 Whitehaven Beach. Realmente o nosso Portugal tem praias maravilhosas. Parabéns pelo artigo
Esta nova tendência, em estoirar com o que de melhor temos, apenas por causa de: ego, publicidade e vontade de aparecer.
Não se faz.
Ao menos, quando escrevem estas coisas, aproveitem para dar conselhos. Quais? Digam às pessoas para levar um saco para trazer lixo, digam às pessoas para cuidar do espaço, para respeitar as pessoas, animais e costumes.
No final de contas, V.exas são iguais às bimbas que tentam escrever, por essa internet fora.
Assim rebentam com o meu (e vosso) paraíso de Férias. 😒😡
É uma triste história que se repete e lamento que criadores de conteúdos não compreendam que, aquilo que os apaixonou nos locais que visitaram foi precisamente o facto de ainda terem algo de aventura , original e selvagem. Esta vontade de partilhar tem um grande senão, daqui a dias o nosso e vosso segredo e paraíso perdidos será o grande antro de civilização, logística e estruturas pré fabricadas. Sugestão… guardem os vossos segredos bem guardados e usufruam deles. a vida não é um molho de fotos nas redes sociais.