Tenho de confessar que o São Lourenço do Barrocal foi daqueles casos de amor à primeira vista. Quando abriu, há três anos, fizemos questão de dar aqui a notícia em primeira mão. Fiquei logo deslumbrada com as fotografias. Tudo é elegante, minimalista e simples. Mas bom. Muito bom. Desde os lençóis de algodão egípcio aos detalhes da decoração. Aqui impera a qualidade e o bom gosto. E a ausência de pretensão, tão rara nos dias que correm.
Infelizmente só agora conseguimos ir lá passar um fim de semana, incógnitos, como sempre. Confesso que estava com algum receio, porque tinha as expetativas demasiado altas, mas conseguiu não desiludir, antes, pelo contrário, superou as minhas já elevadas expetativas.
O hotel
Chegámos à noite, depois de uma almoçarada que se prolongou para uma jantarada na mítica Adega Velha em Mourão. E posso garantir-vos que foi uma entrada em grande, sobretudo para quem queria passar despercebido. Vinha eu a guiar, seguindo as luzes do hotel, qual farol a iluminar a escuridão, e quando dei por mim estava a estacionar o carro quase em cima da piscina. Confundi um relvado incólume com o parque de estacionamento. A idade é terrível. Eu sei que sou distraída, mas, pelo sim pelo não, quando chegar ao hotel, sobretudo à noite, abra bem os olhos porque a entrada não é nada óbvia.
Lá encontrámos a receção situada na rua principal do monte e fomos impecavelmente bem recebidos por dois funcionários. Enquanto o meu querido Marido Mistério tratava do check in, eu fiquei lá fora a olhar, maravilhada, para a imponência e para a simplicidade daquele monte.
Propriedade da mesma família há mais de 200 anos, foi com José António Uva, que pertence à oitava geração, que a herdade com 780 hectares renasceu para se transformar num projeto ambicioso. E não estou a falar da vinha, do olival, do laranjal ou da horta biológica, estou a falar de um hotel com mais de 40 quartos, suites e casas. E José António Uva conseguiu um feito: que os hóspedes e as pessoas de fora se sentissem em casa… na sua própria casa.
A rua principal alberga a receção, o spa, o restaurante e os quartos do monte. Foi precisamente aqui que ficámos, num dos quartos do monte.
Os quartos
Quando abrimos a porta, descobrimos um corredor amplo com armários do lado direito e a casa de banho do lado esquerdo. Em frente, uma porta que dava acesso ao quarto propriamente dito. Os quartos são todos enormes e confortáveis. Antigas casas das famílias dos trabalhadores da herdade, mantém a sua independência e o acesso direto ao exterior.
Os quartos são duplos mas a verdade é que cabe uma multidão ali dentro. Cada quarto tem cerca de 50 a 60 metros quadrados, uma cama gigante, uma secretária enorme e uma poltrona de leitura. Atirei-me logo para cima da cama feita com lençóis de algodão egípcio e édredons quentes e leves. E as almofadas de penas e plumas? A experiência foi tal que o meu querido Marido Mistério saiu dali direto para comprar umas iguais.
A casa de banho também é enorme e tem o chão aquecido, o que no inverno é bem simpático. Tem duche e banheira independentes e dois lavatórios. As amenities são ótimas, com a assinatura de Susanne Kaufman. Tem secador, claro, e uma balança (sinceramente dispensava, quero distância desse objeto horroroso).
Os armários da entrada têm ainda um cofre digital, mini bar e a secretária no quarto uma máquina Nespresso, garrafas de água e umas deliciosas fatias de bolo caseiro. Os quartos dão acesso a um terraço privativo com cerca de 30 metros quadrados. Tudo isto nos chamados Quartos do Monte.
O hotel tem ainda os Quartos da Adega, os Quartos do Pátio, as Casas (com um, dois ou três quartos, ideais para famílias) e as Suítes. A decoração é basicamente a mesma em todos: simples, minimalista e elegante. O que mais me encantou aqui foi total ausência de pretensão. Em tudo. Em cada detalhe. No Barrocal, respira-se a máxima “quando o menos é mais” em todo o seu esplendor.
O pequeno-almoço
Está incluído no preço do quarto. É servido em buffet no restaurante que se situa também na rua principal do monte.
E aquela mesa de madeira é toda uma tentação, recheada de produtos e ingredientes locais: tem o fatídico e delicioso pão alentejano e vários tipos de pães e croissants, mel a escorrer de uma espécie de colmeia caseira, doces e compotas também caseiras, queijos típicos da região, fiambre, presuntos e fumados, iogurtes, cereais, bolos caseiros, sumos naturais e ovos a pedido. Comi uns ovos mexidos incríveis, cozinhados mesmo no ponto certo.
Aliás, o restaurante, além de lindo, é ótimo. Com a filosofia Farm to Table, dá aos pratos típicos da região um toque contemporâneo. Desde a perdiz de escabeche e os míticos peixinhos da horta ao carpaccio de novilho e a uma ótima tábua de queijos e enchidos para começar, aos tradicionais cação frito, polvo panado, lombo de javali e as irresistíveis bochechas de porco preto, tudo isto, e muito mais, acompanhado com os legumes da horta biológica do Barrocal. E não se esqueça de se desgraçar no fim com sobremesas irresistíveis como o pudim de castanha com uma bola de gelado de chocolate.
As atividades
São inúmeras. Primeiro, se gostar de passear, tem mil e um recantos para explorar porque a herdade é gigante. Desde a vinha, ao olival, aos jardins, a horta biológica, aos menires, tem muito para descobrir. Nós optámos por passear de bicicleta.
Tem várias à sua disposição junto à receção e estão incluídas na estadia. E, claro, não resistimos a fazer uma massagem no SPA que é deliciosamente minimalista e confortável ao mesmo tempo.
Tem uma sala de relaxamento, saunas secas, sala de hidroterapia com banheira de cedro e um estúdio. As salas de massagem são, tal como os quartos, enormes. A massagem foi ótima (mas a verdade é que não sou esquisita, basta estar deitada durante uma hora de olhos fechados que já fico feliz e relaxada), e fiquei viciada no chá e nos frutos secos que nos serviram no fim, já na sala de relaxamento.
Enquanto relaxa no SPA, pode deixar os seus filhos na sala de brinquedos ou a participarem numa divertida caça ao tesouro.
No verão tem a piscina exterior, claro, e o Alqueva mesmo ali ao lado com inúmeras atividades. Além disso, a herdade organiza piqueniques e passeios a cavalo, aulas de equitação, visitas guiadas à adega com prova de vinhos, passeios de balão, workshops de olaria, entre outras. Tudo isto sujeito a reserva e com um custo adicional.
Resumindo: o Barrocal poderia ser a minha casa de férias de sonho, porque adorei: tem muita pinta, é muito bom… mas… sim, infelizmente, há sempre um mas: é demasiado caro. Nós fomos já no fim do inverno, dormimos uma noite e pagámos cerca de €250. Por esta altura, já só consegue quartos duplos durante a semana, a partir de €352. Ao fim de semana, os preços chegam a ser estratosféricos. Uma noite num quarto duplo, num fim de semana em junho, ultrapassa os €500. Como diria Mark Twain, é manifestamente exagerado.
O bom
O pequeno-almoço
O ótimo
Os quartos
O mau
O preço (infelizmente não é nada barato)
Uma ótima semana,
Ela
fotos: são lourenço do barrocal
Nota: Todas as despesas das visitas efetuadas pelo Casal Mistério a restaurantes, bares e hotéis são 100% suportadas pelo próprio Casal Mistério. Só assim é possível fazer uma crítica absolutamente isenta e imparcial.
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São Lourenço do Barrocal
7200-177 Monsaraz, Portugal
+351 266 247 140
Também lá estive faz em Julho 2 anos e adorei tudo! Mas tal como vocês para mim o preço por noite é excessivo..
Os preços há dois anos já eram caros mas ainda comportáveis. Ainda consegui passar lá dois fins-de-semana. Hoje em dia já não daria 🙁