Pronto, está tudo estragado. Entrei no terreno mais pantanoso, no tema mais sensível, no assunto mais melindroso. Já sinto essa nuca a arrepiar de indignação perante este ultraje de ousar escolher a melhor imperial do país. Mas vamos lá admitir, a cerveja de pressão da Lebrinha, em Serpa, está mesmo noutro nível. Tanto de frescura como de gás. Porque, em relação ao sabor, podemos fazer uma escolha de forma menos subjectiva. Se formos avaliar as “loiras” nacionais, acabamos remetidos a pouco mais do que Sagres e Super Bock. E, nesse aspecto, a Cervejaria Lebrinha confirma: serve imperiais Sagres.
Além de ser mais amarga, a Sagres consegue ser ligeiramente mais encorpada do que a Super Bock. E, em suma, é isso que se quer numa imperial, num dia de calor: uma cerveja, fresca, seca e carregada de um gás suave. Desculpem-me os fãs da Super Bock, mas para mim aqui não há dúvidas.
Voltando à cervejaria Lebrinha, no centro de Serpa, aqui a cerveja vem directamente da fonte. Armazenada em barris grandes, segue por um tubo grosso até à boca da imperial. Isso já faz muita diferença. Mas há mais. Segundo os proprietários, a cervejaria tem mais de mil copos onde são servidas as imperiais. Depois de usados, os copos são guardados num armário para secarem totalmente. E são servidos por ordem: primeiro, os que foram usados há mais tempo; depois os mais recentes. Passam dias sem os copos serem usados. Esse será um dos segredos de uma boa imperial. De acordo com vários especialistas na arte de tirar (e de beber) imperiais, quanto mais seco o copo, melhor a imperial.
A espuma e o gás
Não sei se será por isso, mas a verdade é que a cerveja da Lebrinha vem para a mesa viva e efervescente como se fosse o cérebro de Donald Trump antes de decidir se sobe ou desce as taxas alfandegárias. Além disso, é muitíssimo fresca. Até ao final, consegue manter o gás na perfeição. Eu sei que não sou homem de demorar muito a beber uma imperial, por isso não sou exemplo para ninguém. Mas a minha querida e comedida Mulher Mistério é bem mais tranquila. E mesmo no caso Dela, a Imperial ainda parecia um Alka-Selzer quando estava a dois dedos do fim.
Finalmente a espuma. Suave, macia e uniforme, não tem vestígios de crateras nem desaparece num instante. Demorei uns precisos quatro minutos e 38 segundos a beber a minha imperial (eu avisei que não era homem de demorar muito) e, ao fim de 3 minutos e 45 segundos, ainda tinha um fio de espuma no topo.
Para acompanhar esta maravilha, tem bons caracóis, uma deliciosa salada de polvo bem tenrinho, uma saborosa salada de ovas com as ovas suculentas e rosadas e um divinal queijo de Serpa cortado às fatias. Não deixe também de pedir o fabuloso queijo fresco de cabra, também de Serpa. Mas o melhor de tudo são as febras trinchadas. Grelhadas e servidas com um fabuloso molho de manteiga por cima, vêm cortadas em pedaços e são perfeitas para acompanhar a imperial com uma fatia de pão alentejano. Se quiser ver alguns dos petiscos da Lebrinha, carregue na Galeria aqui em baixo.

Tudo isto ajuda a criar o ambiente para elegermos a melhor imperial do país.
Uma óptima imperial para si onde quer que esteja,
Ele