Se acha que os seus filhos estão a precisar de um banho de cultura, este hotel é o seu aliado perfeito. Aqui respira-se arte e cultura em cada quarto. Cada um dos 47 quartos presta uma homenagem a personalidades vanguardistas, do mundo das artes plásticas, da literatura, da ciência, da música, da arquitetura e do design. Cada quarto tem uma decoração própria, inspirada no imaginário de cada um. Consegue adivinhar qual o nome deste quarto?
O hotel
O hotel passa despercebido na rua da Restauração, mas o lobby conseguiu cativar toda a minha atenção: o que é que é aquele tapete enorme ao fundo da entrada com a bandeira portuguesa? Não sei quem teve a ideia peregrina, mas segundo nos explicaram, o tapete começou por estar onde todos os tapetes costumam estar: no chão. Só que mal abriu portas, as críticas não tardaram e a indignação falou mais alto porque os hóspedes iriam inevitavelmente espezinhar e limpar os pés a um dos símbolos nacionais.
Para grandes males, grandes remédios: em vez estar no chão, o tapete com a nossa bandeira está exposto, meio enrolado, como se fosse uma peça de arte. Medo. Demasiado kitsch para o meu gosto, peço desculpa. Enquanto eu não tirava os olhos da nossa bandeira felpuda discretamente enrolada a um canto, o meu querido Marido Mistério fazia o check in. Fomos impecavelmente recebidos por um rececionista e um bagageiro que pareciam saídos diretamente de uma boys band portuguesa dos anos 90.
Um dos supostos elementos dos D’Arrasar fez-nos uma visita guiada pelo bar e pelo restaurante com visível orgulho. Não é para menos. A sala das flores é o local mais instagramável do hotel. É gira e original e só precisa de apontar a câmara para conseguir uma fotografia cheia de cor. Perdoem-me a sinceridade, eu sei que o efeito não seria o mesmo, mas eu preferia ver flores verdadeiras naquelas paredes e naquele teto. É uma questão de gosto: eu e as flores falsas temos uma embirração pessoal antiga.
Já o bar e o restaurante “Digby” são mais o meu género. Com uma decoração moderna e discreta, têm uma varanda que é a cereja no topo do bolo, com uma vista incrível para o Douro. Aliás, o Torel Avantgarde tem uma das melhores vistas do Porto. O terraço do restaurante e a zona da piscina são absolutamente deslumbrantes.
Os quartos
Depois de nos mostrar as áreas comuns do hotel, o nosso amigo dos D’Arrasar fez questão de nos levar de elevador até ao nosso quarto. Pelo caminho, explicou-nos o conceito do hotel e contou-nos que cada quarto tinha o nome de um artista famoso, como Almeida Garrett, Mondrian ou Andy Warhol.
Já no corredor, confidenciou-nos, a rebentar de orgulho, que o nosso quarto era o de uma cientista famosa. Não era bem uma mulher da ciência, era mais uma mulher da moda: Mary Quant, mas também ela uma inventora, já que criou a peça de roupa mais popular de sempre: a minissaia.
Voltando ao nosso quarto, era, tal como os restantes, muito giro, original e, sobretudo, muito confortável. Tinha uma imagem da estilista a guardar-nos o sono e era decorado em tons de azul e castanho. A casa de banho está muitíssimo bem enquadrada no quarto que tinha vários recantos com objetos decorativos alusivos à inventora da minissaia. Tudo aqui é bom e confortável: desde as almofadas aos édredons, passando pelas toalhas de banho imaculadas.
Arrumámos as malas rapidamente e voltámos para o bar porque, para variar, já nos estava a dar uma certa fome.
Quando nos sentámos no bar, dois empregados discutiam ao balcão, indignados com uma situação que não presenciámos:
– Se ela levou o prato, qual é a cena, meu?
Não percebi qual foi a “cena dela”, porque uma simpática jovem funcionária tentava disfarçar a discussão dos colegas com um enorme sorriso, servindo-nos um welcome drink, cortesia da casa. Optámos por dois copos de vinho branco e pedimos uma tábua de queijos.
Enquanto esperávamos pela tábua de queijos, ofereceram-nos ainda uma taça de frutos secos, alegadamente de amendoins. Mas quando a dita taça chegou, encontrar um amendoim revelou-se uma missão quase impossível no meio daquela mistura de milho frito e favas que se compra a granel na Makro. Não consigo perceber. Há coisas que não entendo: como é que hotéis de 5 estrelas servem milho frito e favas como aperitivo? Alguém me consegue explicar tamanha atrocidade? Mas, para compensar, a tábua de queijos era muitíssimo bem servida.
Saímos para jantar fora. Tínhamos mesa marcada no ótimo Ikeda (leia a crítica do meu querido Marido Mistério aqui) e quando regressámos ainda voltei ao terraço, para espreitar a vista durante a noite. É igualmente deslumbrante: sem dúvida o melhor do hotel. Deitámo-nos cedo, porque, no dia seguinte, iriamos continuar com a nossa missão: explorar os melhores brunches do Porto.
O pequeno-almoço
Servido naquela varanda com uma vista de sonho, confesso que não tirei os olhos do rio Douro. O buffet ocupava o balcão e a mesa central do bar e era muito bom: tinha uma imensa variedade de pães e croissants, uma tábua repleta de queijos, fiambre, presunto, frutos secos, iogurtes, leites, café, chá, granola, sumos, ovos, saladas, fruta fresca, carnes frias, bolos, enfim, tudo o que se espera de um hotel de 5 estrelas. Mas o melhor do pequeno-almoço (eu sei que me estou a repetir mas não me canso de dizer) é, sem dúvida, a vista para o Douro.
O hotel tem ainda um spa: o Balsamea, mas infelizmente não tivemos tempo para experimentar, porque tínhamos muitos brunches para provar.
O Torel Avantgarde é muitíssimo bem localizado, a poucos passos do centro da cidade, e a dez minutos a pé do local onde vai ser o BrunchVilla Porto.
Ups, já estou a falar demais…
O bom – o quarto
O ótimo – a vista para o Douro
O mau – o tapete com a bandeira nacional em exposição no hall de entrada e a taça de aperitivos com favas e milho frito
Uma ótima viagem até ao Porto,
Ela
fotos: d.r.
Nota: Todas as despesas das visitas efetuadas pelo Casal Mistério a restaurantes, bares e hotéis são 100% suportadas pelo próprio Casal Mistério. Só assim é possível fazer uma crítica absolutamente isenta e imparcial.