Não sei o que é que andei a fazer nos últimos 12 meses. Bom, saber até sei, mas isso agora não é o mais importante. O mais importante é o que andei a fazer esta semana, num dia específico que não posso estar aqui a detalhar para não me espalhar no meu mistério. O que andei a fazer foi a experimentar uma hamburgueria que abriu em Lisboa no final do ano passado e que, por qualquer razão que a razão desconhece, eu ainda não conhecia.
Basicamente , foram 12 meses de desperdício hamburgológico, quando, na verdade, eu podia ter estado a ingerir, durante este tempo todo, milhares de calorias de prazer. Foi tempo perdido, mas foi um tempo perdido que eu tenciono recuperar rapidamente.
O ambiente
Antes de mergulharmos de chapão na maravilhosa comida, vamos fazer um voo de reconhecimento sobre o ambiente. E vale a pena perder algum tempo aqui porque o ambiente é diferente do habitual. Em primeiro lugar, este é um restaurante descontraído. E quando digo descontraído, digo des-con-tra-í-do. Do mais bué-fixe-bacano possível (eu sei que estas expressões já não se usam desde o tempo em que o Vasco Granja tinha o monopólio dos desenhos animados em Portugal, mas confesso que tenho uma certa vergonha de dizer as expressões, tipo, de hoje em dia).
O B’ Perfect fica no meio de um triângulo formado por duas escolas (a Filipa de Lencastre e o Colégio do Largo) e uma universidade (o Instituto Superior Técnico), por isso o ambiente é juvenil (o Ministério da Solidariedade, Emprego e Segurança Social também fica ali perto, mas isso é mais do domínio da infantilidade patológica…). E a organização do espaço está pensada para isso. Algumas mesas têm bancos às cores, outras têm cadeiras. Há uma parede de pedra e uma balança antiga num canto. E pode acontecer ver dois casais que não se conhecem sentados a dividir a mesma mesa de quatro. É o conceito de restaurante em estilo comuna.
Isto, às vezes, pode ser bom. Quando chegámos, não havia mesa disponível, por isso sugeriram que nos sentássemos num canto vazio de uma mesa de seis. Para quem queria desesperadamente experimentar este restaurante, foi uma sugestão maravilhosa – mesmo que tivesse passado o almoço a ouvir os desgostos amorosos da miúda do lado.
Antes, já tinha feito o meu pedido. Mal entrei no B’ Perfect, passei por um balcão onde fica a cozinha e a caixa registadora. Ainda de pé, fiz o meu pedido e paguei. Depois, levei as bebidas para o lugar. E esperei um pouco. No meu caso, os hambúrgueres demoraram menos de 10 minutos a sair – o empregado levou-os à mesa.
A ementa
E é assim que chegamos à parte mais importante deste texto: os hambúrgueres. Primeiro, a carne: são 150 gramas de carne de vaca, bem temperada, saborosa, razoavelmente alta e servida no ponto certo – marcada por fora e rosada por dentro.
Depois o pão: confesso que começo a ficar um pouco maçado com o excesso de bolo do caco. Hoje em dia, tudo tem bolo do caco: hambúrgueres com bolo do caco, pregos com bolo do caco, sanduíches com bolo do caco, tostas de bolo do caco, torradas de bolo do caco… Calma, madeirenses, isto parece a anexação da Europa. Eu adoro bolo do caco. Mas também adoro pão – bom pão. E aqui há um óptimo pão. São umas bolas grandes, com a forma de um brioche, mas que não sabem a brioche. São muito leves, mas também muito pouco doces. E têm uma vantagem acrescida: vêm para a mesa ligeiramente torradas, o que lhes dá um toque especial.
A seguir, os recheios: o B’ Skinny (€6,50) traz mozzarella fresca, agridoce de manjericão e hortelã, rúcula e tomate; o B’ Stronger (€6,50) vem com cogumelos frescos, queijo gouda, cebola caramelizada, alface e tomate; o B’ Smart (€7) é um hambúrguer com 150 gramas de carne de aves, molho tártaro, piso de manjericão e hortelã, rúcula e tomate; o B’ Toque (€7) é um hambúrger de vaca – apesar do nome que engana – e vem com manteiga de alho, dois ovos de codorniz, alface e tomate. Eu optei pelo B’ Perfect (€7,50) numa tentativa frustrada de auto-elogio e comi uns bons cogumelos frescos (grandes e saborosos), uns pimentos bem grelhados, queijo gouda, rúcula e tomate.
Apesar do pão, os hambúrgueres são servidos no prato com umas boas batatas fritas às rodelas (talvez um pouco acastanhadas de mais), estaladiças e temperadas com ervas aromáticas e dois óptimos molhos à parte: uma maionese de alho e coentros e uma mostarda antiga fantástica.
Por mais 50 cêntimos pode optar por ter o seu hambúrguer B’ Different, o que equivale a dizer ter um ovo de codorniz estrelado extra, uma das óptimas opções do B’ Perfect Burgers. Não preciso de dizer que foi isso que pedi, pois não?
As sobremesas
Como estava em dia de trabalho non-stop, não tive tempo para provar as sobremesas. Mas fiquei a babar, especialmente pelo B’ Brownie (€3) e pela Delícia (€2,50).
O serviço
Se este é um restaurante em que metade da clientela ainda está na escola, também é um restaurante em que metade dos empregados acabou de sair da escola. Toda a gente aqui é nova, muito nova. E a idade pós-escolar tem várias vantagens: além de bem dispostos e ultra disponíveis, raramente dizem que alguma coisa não é possível. No nosso caso, apesar de não haver mesa, desenrascaram uma alternativa. E foram rápidos, mais rápidos do que as próprias sombras.
As crianças
Há uma opção B’ Student que é basicamente um hambúrguer com cheddar, cebola caramelizada, alface e tomate (€5,50) e há outros argumentos para vir aqui com a família: além de um enorme jardim ao lado (no Verão, há esplanada), ao fim-de-semana o restaurante transforma-se num sítio perfeito para as famílias que vivem ao pé da Praça de Londres.
Agora só me falta lá voltar para experimentar mais um óptimo hambúrguer com um delicioso ovo de codorniz a cavalo. Que grande invenção!
O bom
Os hambúrgueres
O mau
Outra vez os bancos sem encosto (isto persegue-me)
O óptimo
Os ovos de codorniz estrelados
Um abraço para todas as codornizes onde quer que elas estejam,
Ele
fotos: b’ perfect burgers
Lá vai a minha dieta a vida……. 😰
Eu conheço o B’Perfect desde o princípio, porque um dos donos é filho de uma grande amiga.
Como tal, fico muito feliz com esta óptima crítica, com a qual estou inteiramente de acordo.
Só há pouco tempo conheci o vosso blogue, mas tornei-me imediatamente leitora diária.