Entrar num restaurante, abrir a ementa e ver 14 gins à minha disposição é o mesmo que… o mesmo que… o mesmo que… o mesmo que… é mas é melhor não dizer mais nada para não acabar com o Casal Mistério num golpe descontrolado no teclado.
O pior é quando pousamos a ementa, olhamos para o relógio e… ainda são 13h. Beber um gin tónico logo à saideira da manhã? Não podia ser pior.
Ou podia. Eram 13h de um dia de semana. Agora é que atingimos o clímax do azar.
Ou não. Eram 13h de um dia de semana, em que tinha uma reunião com uma figura insuportável marcada para as 14h30. É melhor parar a tempo com esta onda negativista antes que vocês me abandonem aqui sozinho à frente do computador.
O que eu queria dizer é que há dias de azar. E ter uma carta com 14 gins tónicos a fazerem um sorriso à Jennifer Aniston na minha direcção num dia destes é uma cena à Mr. Bean.
O ambiente
O Le Chat é uma mistura de bar e restaurante, de esplanada e zona coberta, de vista fantástica e vista mazita. Mas, como dizia o esquartejador, vamos por partes.
Primeiro, o bar/restaurante. De dia, o Le Chat serve brunches, saladas, petiscos, pregos e dois ou três pratos principais ao som de música jazz. É um espaço agradável, familiar, com uma luz fantástica e mesmo ao lado do Museu Nacional de Arte Antiga. À noite, entra a personalidade Mr. Hyde. O simpático restaurante para a família transforma-se num fantástico bar para as noitadas, com DJs a porem música até às 3h da manhã (às sextas e sábados).
Depois, a esplanada. Nestas semanas insuportáveis em que, na segunda-feira, há peixes a descerem a avenida da Liberdade e, na terça, está um dia sol para se andar a mostrar o bícepe, de t-shirt na rua, o Le Chat é o restaurante ideal. Do lado de fora, tem uma esplanada simpática, decorada em tons de branco e com um único defeito: as mesas já começam a ter a tinta um pouco descascada. Do lado de dentro, o espaço é enorme e quase todo em vidro, o que permite ver o verde do jardim de um lado e a vista para o rio do outro.
E é isso que nos traz à terceira parte. Se levantar a cabeça e olhar em frente, a vista para o rio é óptima e até vê a ponte 25 de Abril ao longe. O problema é se baixa a cabeça. E, nesse caso, depara com o terminal de contentores a roubar-lhe metade da vista. De qualquer forma, aqui está no meio de Lisboa. É difícil conseguir uma vista em que só se veja azul e verde.
A ementa
Estou numa fase da minha vida em que, se me derem umas boas chips de batata doce, dão-me tudo. E aqui as chips são fantásticas: fininhas, estaladiças e com o equilíbrio perfeito entre o salgado do sal e o doce da batata. Pode pedir as chips sozinhas, como entrada (€2,50) ou a acompanharem qualquer um dos pregos no pão.
Eu, stressado com a reunião com o proto-concorrente do Biggest Loser, não tive tempo para entradas nem petiscos. Por isso, fui directo para o prego de atum num bolo do caco caseiro, com uma cebolada à algarvia e uma fantástica maionese de wasabi (€9,00). A maionese de wasabi liga muitíssimo bem com a cebolada e com o atum. No entanto, há uma crítica a fazer: o atum não vinha simplesmente braseado por fora e cru por dentro, como eu o tinha pedido. Veio um pouco passado demais para o meu gosto.
Na finalíssima com o prego de atum do novo LovIt, em Cascais, o Le Chat ganha na maionese de wasabi, mas perde no bolo do caco e no ponto do atum.
A acompanhar, infelizmente, pedi uma coca-cola enquanto salivava para a carta de gins.
Se tiver mais tempo, além do gin, pode também provar alguns petiscos que me deixaram curioso, como a cavala curada com picadinho de abacaxi e salsa mix (€4,00), a tempura de camarão com maionese de wasabi (€5,00) ou a codorniz com puré de maçã e amêndoa (€6,00).
O serviço
Primeiro ponto a favor: deixam os clientes escolherem a mesa. E isso já é alguma coisa nos dias que correm. Depois, demorou um pouco a chegar a ementa (quase cinco minutos), mas a partir daqui correu tudo lindamente. O empregado (ou gerente?) era atencioso e muitíssimo bem educado. E o prato veio num instante. Como estava a almoçar sozinho, ia preparado com uma revista debaixo do braço. Mas quase não consegui pegar-lhe.
As crianças
Fica garantido que voltarei com a equipa de futsal. Apesar de o Le Chat não ter um menu infantil, durante o dia é um sítio perfeito para os miúdos, com a esplanada e o jardim mesmo ali ao lado. Com um bocadinho de sorte, ainda os convenço a ir ao Museu de Arte Antiga. Mal não lhes fazia.
O bom
A esplanada e o espaço interior
O mau
O prego passado demais
O óptimo
As chips de batata doce
Um abraço para as esplanadas de Inverno onde quer que elas estejam,
Ele
fotos: le chat
Pois eu acho que deveria ter bebido o gin se a reunião ia ser assim tão execrável…
A Rainha Mãe não bebia gin ao almoço ou pequeno almoço? Ou estou a ser má-lingua? E o Churchill também tinha os seus pequenos (grandes desvarios) portanto se eles faziam, então qualquer comum mortal também pode!!!
Em Lisboa, não vos falta nada.
Adorei isto:”na segunda-feira, há peixes a descerem a avenida da Liberdade e, na terça, está um dia sol para se andar a mostrar o bícepe, de t-shirt na rua”,
è topo de gama…este também conheço…https://dcabanas.blogspot.pt/20 14/05/este-espaco-dentro-de-um-cubo-de-v idro.html